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Re: [Archport] Mov4 e os "drogados"

Subject :   Re: [Archport] Mov4 e os "drogados"
From :   Pedro Albuquerque <skapedroalbuquerque@gmail.com>
Date :   Tue, 14 Sep 2010 02:00:27 +0100

Car@s Archportian@s,

 

Concordo plenamente com o comentário de Roger neste espaço, penso que é muito acertado.  Gostaria também de lembrar um grande homem, de seu nome Nelson Mandela, que começou a vestir camisas com cores bastante fortes e com flores. Segundo a sua opinião, não seria necessário envergar fato e gravata para ser levado a sério. Há alguma dúvida sobre a grandeza dos actos de um homem que passou tantos anos da sua vida encarcerado, defendendo durante esse tempo direitos iguais para todos, inclusive para os polícias que o agrediam diariamente, física e psicologicamente? Teriam os senhores do mov4 a audácia de afirmar que este homem não deve ser levado a sério porque não se apresenta, em determinadas situações, com as vestimentas convencionais, porque não se veste da mesma forma que o resto do rebanho?

Faltou, creio, mais umas horas de “ponderada reflexão” para escrever um comentário como aquele que tivemos oportunidade de ver no ponto nº 6 dessa intervenção. Julgar alguém pela sua aparência é, de facto, deselegante e de mau tom. Os actos da nossa classe política não dão uma má imagem do nosso país? Esses senhores andam muito bem vestidos, que eu saiba, e alguns chegam a ter acessores de imagem que vêem a combinação entre o nó da gravata e o colarinho da camisa e escolhem, cuidadosamente, as cores a vestir em cada ocasião. Dão boa imagem de si próprios? A valorização da nossa classe profissional deve, isso sim, começar nas nossas mentes, nos nossos actos, naquilo que procuramos construir cada dia.

Mas deixem-me dizer, car@s archportian@s, que é vergonhoso, para qualquer pessoa que observe de fora, ver que muitos membros da classe arqueológica portuguesa têm esta noção de debate. Num espaço como este, com um valor incalculável para a construção da nossa Arqueologia, trocam-se insultos? Escrevem-se palavrões? Onde está o civismo? Onde está a capacidade que todos devemos ter para discutir, trocar opiniões, para construir um grupo profissional que se quer credível e com melhores condições de trabalho? Parece-me difícil que alguma vez consigamos avançar no caminho que pretendemos quando nos entretemos a discutir coisas pequenas e que, sobretudo, não levam a lado nenhum. Antes de escrever, é melhor controlar um pouco os impulsos e evitar estas situações. Claro que compreendo que, diante do monitor, qualquer pessoa se sente “protegida”, mas não se lembra que as suas palavras podem ser lidas por uma grande quantidade de pessoas que estão atentas a esta lista (à espera de uma proposta de trabalho, de uma notícia que interesse para a sua investigação ou para a evolução da situação do grupo profissional e um longo etc.).

Creio, acima de tudo, que devemos pensar numa coisa: não devemos concentrar-nos apenas no que o estado da Arqueologia faz de nós, arqueólog@s, mas antes naquilo que, nós, arqueólogos, fazemos do estado da Arqueologia. O caminho que se segue, se optamos pela via do insulto, da mesquinhez e da pequenez, é apenas um: o do desgaste de uma classe profissional. Esta, mais do que nunca, deve unir-se em torno de um objectivo comum, de uma valorização onde todos nos integramos, independentemente das substâncias que consumimos, das opções religiosas, sexuais, do penteado, dos hábitos de consumo (festivais, cd's, livros científicos, bd e revistas do mundo "VIP"), do que quisermos. Acima de tudo, somos, e seremos sempre, membros de uma classe profissional que não é devidamente valorizada.

Em todo o caso, é sempre importante trocar opiniões, apresentar pontos de vista convergentes e divergentes, por isso foi bom saber que há pessoas que pensam como os membros do mov4 e que partilham as suas opiniões desta forma. Assim podem ter uma boa oportunidade de pensar nelas, de mudá-las ou, numa palavra, de evoluir. É saudável sentir descontentamento, é isso que faz com que olhemos para o horizonte e que melhoremos cada dia... de resto, há outros pontos dessa intervenção que não devem ser desvalorizados, mas vou ficar por aqui...

 
Apresento as minhas mais sinceras desculpas por estar a intervir neste espaço desta forma.
Com os meus melhores cumprimentos
 

 


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