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[Archport] Caros Colegas Arqueólogos

To :   <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Caros Colegas Arqueólogos
From :   mov 4 <mov4@live.com.pt>
Date :   Tue, 14 Sep 2010 12:13:14 +0100

Caros colegas

Desde já, os nossos melhores cumprimentos.

 

Ao mencionarmos e defendermos a auto valorização através do visual e da postura é porque muitos arqueólogos se apresentam na prática arqueológica de uma forma que em nada dignifica a classe. Neste sentido darmos apenas um alerta e visto que muitos colegas e nós mesmos nos temos queixado, e caso não se apercebam também nos tem prejudicado no mundo do trabalho.

 

Poderíamos aproveitar o nosso anonimato para apontar o dedo aquela ou aquele que todos nós conhecemos, mas pensamos que não seria justo, porque iria ser abusivo da nossa parte, atendendo a que fomos bem recebidos por este portal de discussão de assuntos e ideias arqueológicas.

 

Nunca foi nossa intenção magoar quem quer que se sentisse atingido na sua dignidade, ética profissional e conduta deontológica, pelo que, daqui enviamos o nosso sincero pedido de desculpas acompanhado de um abraço.

 

No entanto há que passar aos factos que nos levou a escrever o “horrendo parágrafo”.

 

Mais uma vez não queremos apontar nomes (nós conhecemos bem muitas dessa pessoas, acreditem, e sabemos do que estamos a falar) daí usarmos a generalidade como exemplos.

 

No caso do Acompanhamento Arqueológico de Obra:

Quem já não entrou numa obra e começou a sentir-se ridicularizado pelas restantes pessoas (engenheiros, arquitectos, Dono de obra etc) quando dizemos que somos arqueólogos, passamos a citar: “oh amigo você vai para o café como faziam anteriormente os seus/suas colega/s enquanto nós acabamos aqui a obra, mas não se preocupe que se aparecer o ouro nós chamamo-vos”, ou então “os seus/suas anteriores colegas com que trabalhei não chateavam nada apareciam aqui de vez em quando e eram muito simpáticos/as o que eles queriam era fumar umas coisitas”, “você é que é o arqueólogo? O seu anterior colega era um bocado estranho”.

 

Nós já presenciamos em reunião de obra colegas nossos a usarem linguagem nada dignificante para com o contexto profissional tal como: Tá-se, na boa, vazar aí, na maior, cool, manos, fixe, apareceram aí umas cenas, etc. Não temos nada contra o uso deste tipo de linguagem mas de certeza, que neste tom juncoso, nenhum engenheiro ou arquitecto ou outros profissionais licenciados dos quadros superiores usa este tipo de linguagem.

 

Não, antes pelo contrário, podem alguns ser uns labregos de primeira, quer como pessoas, quer profissionalmente, mas, no entanto, valorizam a classe deles através de uma conduta deontológica que, na nossa maneira de ver, também passa pela apresentação visual. O que vos estamos a dizer não é nenhuma novidade, de certeza, pois muitos dos vossos pais se calhar já tiveram este tipo de discurso para convosco.

 

Nunca vamos por em causa a capacidade cognitiva e científica dos colegas que tem um visual mais alternativo, através do uso de acessórios ou tipo de cabelo que é usado, geralmente, por delinquentes, dealers ou outras “personas non gratas” da nossa sociedade mas, não deixamos de pensar que se queremos crescer como classe no mundo profissional da arqueologia em que o grosso do mercado é o mundo das obras temos de ter um pouco de cuidado com a forma exagerada com que nos apresentamos. Não tem de ser de fato e gravata, obviamente, nem com roupa de marca XPTO mas, acreditem, que ser simples e sobrios não é difícil e que muitos dos nossos colegas que tem a mania que dão um ar alternativo de desleixados acabam por ser mais vaidosos que muitos que vão de cabelinho e arranjadinhos trabalhar.

 

Já um aristocrata filosofo da Grécia Antiga dizia para outro, também da aristocracia, que andava sempre com buracos na túnica e que dava um ar de preocupado com os mais desfavorecidos: “vejo a tua hipocrisia através dos buracos da tua túnica”.

De facto cada um sabe de si, mas é triste quando somos ridicularizados. Já recebemos os salários mais baixos das obras, somos odiados pelas entidades contrates que, obrigadas, tem de levar connosco por causa de meia dúzia de calhaus e ainda a juntar à festa sermos conotados como um bando de junkies e extorsionistas das estradas, barragens, prédios e caminhos de Portugal.

 

Para terminar, na nossa opinião, deve-se usar o que a sociedade considera bons exemplos praticados nos outros países e não os menos bons ou seja no caso holandês não sabemos, mas pelo menos em Portugal para se trabalhar num banco como caixa não é obrigatório ser-se licenciado ficando ao critério das normas internas da instituição podendo eles admitirem para os seus cargos temporários ou fixos quem acharem de direito. Na Holanda também existem prostitutas em montras, nos países muçulmanos as mulheres andam de burka e mata-se em nome de Deus, na Índia veneram-se vacas, em Inglaterra toma-se o chá das 5, os grupos tribais indígenas andam semi-nus. Tudo isto são aspectos culturais das sociedades.

Quanto ao Nelson Mandela, merece da nossa parte todo o respeito e consideração até porque a forma como se apresenta, visualmente, é também uma forma de honrar a tribo a que pertence. Faz parte dos costumes do seu meio, e, que nós saibamos, nunca foi visto charrado, pelo menos em actos públicos, ou com os seus trajes sujos de semanas de uso e com cheiro desagradável.

 

P.S. Colega Diogo Oliveira

No mínimo inconsciente, no máximo sem palavras. Não somos da Dryas Arqueologia,lda, nem de qualquer outra empresa. Todas merecem da nossa parte o devido respeito. E não adianta especular acerca da nossa identidade, que por motivos óbvios, nunca iremos revelar. Achamos de bom tom que deva, aqui, neste portal, pedir desculpas por estar acusar sem qualquer tipo de prova ou evidencia. “Corre nas vossas veias sangue velho dos avós e vós amais o que é fácil”, José Régio.

 

Não é pretensão do nosso grupo atacar ninguém individualmente, nem fulanizar discussões.

 

Estamos abertos e receptivos a qualquer divergência com as nossas ideias. No entanto não respondemos a ataques gratuitos e insignificantes.

MOV4

Quatro arqueólogos descontentes, mesmo muito descontentes.


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