Lista archport

Mensagem

Re: [Archport] inadmissível

Subject :   Re: [Archport] inadmissível
From :   joão pereira <trainzeiro@gmail.com>
Date :   Fri, 15 Oct 2010 10:57:04 +0100

Os contratos orais são para pessoas e entre pessoas.
Claro que as provas de um contrato desse tipo são pouco e eu já fiz referência a isso.
 
Claro que também os tempos de hoje são tempos onde muita coisa é a fingir, muita mentira e aldrabices. conseguir a todo o custo fazer algo a seu favor mesmo esmagando a vida dos trabalham e everiam receber salários devidos e dignos.
 
Por isso sou a favor de um Sindicato e também sou a favor de trabalho devidamente contratado.
 
Posso dizer que tive bastante sorte com as empresas (não de arqueologia) que me contrataram e espero que elas sintam o mesmo em relação a mim e ao meu trabalho.
 
Posso dizer também, que o újnico azar que tive foi exactamente com umaempresa de arqueologia, à qual "ofereci" um trabalho porque percebi que não o faria sózinho e coube-me fazer apenas uma parte. O azar até nem foi na poraria do dinheiro que auferi. Foi mais na completa ausência de um simples agradecimento e também porque me senti vigiado, coisa que me incomoda os ombros e a coluna.
 
Boa sorte para todos, desejando que a luta por direitos de uns e deveres dos outros seja profícua para o Património.

No dia 15 de Outubro de 2010 10:10, Rute Alexandra Palmeirão da Silva <rute.p.silva@gmail.com> escreveu:
João,

Mais ainda, contratos orais? Fala-me da facilidade de comprovar a veracidade de contratos orais. Fale-me de um. E sobretudo fale-me dos resultados.

Naturalmente que não vou falar em nomes, porque para além de não valer de nada fazê-lo aqui, lavar roupa suja não é o meu prato forte, mas veja, quantos colegas vão para longe das suas casas e ficam à mercê desses contratos orais, verificando depois o defraudar das suas expectativas? Quantos vão para fora das suas casas com um miserável "ordenado", do qual pagam segurança social (os que pagam, visto que com todos os descontos não resta muito para se SOBREVIVER) e alimentação? E pagam antecipadamente do seu bolso, pois o dinheiro cai, se cair, ao final do mês? E aqueles que por infelicidade se magoam e têm que regressar, o que recebem? nada, pois como sabe não temos direitos, apenas obrigações.
Então diga-me que liberdade é esta, que apenas funciona num dos sentidos? Como é? temos que cumprir o acordado, e trabalhar por amor à camisola, temos que pagar impostos, casas, alimentação e etc, mas não temos qualquer garantia...muito bem. Este tipo de relação parece-me algo desequilibrada.

Claro que existe uma coisa chamada honra. Para mim vale ouro, mais do que qualquer papel. Não se abandonam colegas ( já nem falo tanto do trabalho), que passam pelo mesmo inferno que nós! mas e quando continuar implica faltar à palavra e responsabilidades com outras pessoas? O que fazer?
Continuamos na mesma...fazer arqueologia é para muitos um passatempo, para algumas empresas de construção, que nos contratam, uma brincadeira, que existe apenas para lhes dificultar o trabalho.
Não! estabeleça-se um preçário, não o têm por exemplo os arquitectos?! façam-se contratos reais, com tudo a que temos direito! Trabalhar não é só obrigações, ou estamos numa sociedade feudal?
Desculpem-me a expressão, mas não há "cú" que aguente isto.

São de louvar os que continuam. Força! mas ao que vejo, nada muda. Parece que a luta tem pouca força.
Não leve a mal as minhas palavras, mas realmente foi com muita tristeza que abandonei a minha paixão, porque é o que sinto pela arqueologia, mas a verdade é que não é compatível com uma vida "normal", cheia de obrigações para cumprir. Não é. Por isso creio que não se devem atirar pedras levianamente a quem, por direito, luta por uma vida melhor, ainda que isso implique mudar de trabalho. Haverá com toda a certeza motivos.
E já que este trabalho funciona em " auto gestão", então parece-me que irá continuar esta selvajaria do cada um por si. Ora, por favor, façam alguma coisa a sério! e façam-no pelos que não conseguiram, como eu, façam-no pelo património! E vamos deixar de olhar para a Arqueologia como uma coisa que "os tolinhos dos martelinhos" fazem por esse país fora, sem regras. Regras, leis, etc, são também aplicáveis a este trabalho, ou então vão viver sempre à margem, e não dentro de uma sociedade dita democrata.

Em 14 de outubro de 2010 09:33, joão pereira <trainzeiro@gmail.com> escreveu:

Cara Rute e Archport,
 
Trabalho na arqueologia a recibos verdes desde 1992 e nunca fiz contrato escrito com ninguém.
No entanto, e para além da responsabilidade pessoal, e mesmo sem contrato escrito, existe outros modelos de contratos nomeadamente o contrato oral, o qual obriga tanto as partes como o contrato escrito desde existam meios de prova e ou testemunhas de tal contrato.
Claro que é mais difícil de controlar um contrato deste tipo Quaisquer das partes poderá muito facilmente provar que tal contrato foi estabelecido, seja por telefone, um simples correio electrónico, seja uma simples acta de reunião ou mesmo uma reunião presencial com várias pessoas para além dos dois contraentes.
 
Agora este paíszeco  pode até sê-lo, mas concordará que quem o promove desse modo são as pessoaszecas que não valem um chavelho e cabe a um de nós ter a coragem de, todos os dias e a cada momento, fazer o possível para que o país não seja uma paiszeco. Concordará, por certo, que nos outros países também existem muitas pessoas que fazem do seu país uma verdadeira porcaria.
 
Saudações arqueológicas e ferroviárias. João Paulo Pereira

No dia 13 de Outubro de 2010 13:27, Rute Alexandra Palmeirão da Silva <rute.p.silva@gmail.com> escreveu:

Boa tarde,

Mas se não existe contrato, então terá toda a legitimidade de escolher o melhor para si, visto que a liberdade deve funcionar nos dois sentidos! Façam-se contratos... Trabalhei 11 anos como arqueóloga e acabei por desistir, já que vida não se compadece com o que se pratica na arqueologia  deste paíseco.

Em 13 de outubro de 2010 09:09, joão pereira <trainzeiro@gmail.com> escreveu:

Se existe contrato ele tem de cumprir. Se desistir desse modo active-se a cláusula de rescisão.  JPereira

No dia 12 de Outubro de 2010 16:36, Andre Mano <andre.s.mano@gmail.com> escreveu:

Caro Luís,

Subscrevo tudo o que escreve à excepção de uma coisa:

"Como pode um arqueólogo dizer-se de arqueólogo, aceitar um trabalho e abandoná-lo a meio, deixando a obra, a empresa que o contratou e toda a equipa com problemas, só porque outra empresa lhe ofereceu mais"

É o risco da contratação a recibos verdes... Não me parece justo exigir lealdade e obrigações típicas de vínculos dependentes a uma classe flagelada pelos recibos verdes (assumindo que era o caso). E além disso, isso é mais uma consequência da "lei do mercado" --> essa lei não pode funcionar só para um lado...

À excepção deste motivo, todos os outros são, de facto, injustificáveis.

cumprimentos a todos

André Mano

2010/10/12 luis nobre <lnobre1980@gmail.com>
Caros arqueólogos
 
Quero alertar para uma situação que verifico, cada vez mais, ocorrer nos trabalhos de arqueologia e que é inadmissível.
Coloca em risco a defesa do património e dá uma péssima imagem dos arqueólogos.
Creio que este ponto deverá ser discutido nas próximas reuniões do Sindicato.
 
Como pode um arqueólogo dizer-se de arqueólogo, aceitar um trabalho e abandoná-lo a meio, deixando a obra, a empresa que o contratou e toda a equipa com problemas, só porque outra empresa lhe ofereceu mais ou simplesmente não quer estar longe da namorado(a). Será que não têm consciência que abandonar um trabalho, que aceitou, que está dependente de uns tantos trabalhadores implica custos para todos e atrasos.
 
Todos gostam muito de apelar à defesa dos nossos direitos e salários justos, o que acho muito bem, mas que penalização poderá existir para estes trabalhadores. Não deveriam eles ter também consciência dos seus deveres.
 
Ainda este Verão tive de assegurar mais de duas frentes de trabalho até que a empresa, para a qual estava a trabalhar, encontrasse um novo arqueólogo, porque um Sr. Dr., da nova geração, se lembrou de se ir embora, sem dar cavaco às tropas e sem sequer ter feito os seus relatórios.
Ainda no ano passado tive de trabalhar ao fim-de-semama para cumprir prazos de entrega, só porque outra alminha fez o mesmo.
E, ainda o mês passado, para cumulo, numas sondagens, uns colegas me pediram para mentir ao dono da empresa, porque tinham ficado em casa durante a manhã a curar a ressaca do dia anterior, numa situação em que os trabalhos já estavam muito atrasados.
 
Ora, por favor, é preciso paciência.
 
Admiram-se do país estar em crise e ainda resmungam por falta de trabalho e bons salários.
Também comecei por baixo, em 2006, a fazer estágios e a receber o salário minimo. E já tinha várias campanhas de escavação como voluntário no corpo. O que é preciso é querer trabalhar!
 
Onde está a maturidade e a ética?
Onde está o gosto pela protecção do património?
 
Cumprimentos
Um arqueólogo que às vezes tem vergonha dos seus pares
L. Nobre
 

_______________________________________________
Archport mailing list
Archport@ci.uc.pt
http://ml.ci.uc.pt/mailman/listinfo/archport



_______________________________________________
Archport mailing list
Archport@ci.uc.pt
http://ml.ci.uc.pt/mailman/listinfo/archport



_______________________________________________
Archport mailing list
Archport@ci.uc.pt
http://ml.ci.uc.pt/mailman/listinfo/archport




--
Rute Alexandra Palmeirão Silva




--
Rute Alexandra Palmeirão Silva


Mensagem anterior por data: [Archport] IGESPAR Newsletter Nº34 Próxima mensagem por data: [Archport] Conferência
Mensagem anterior por assunto: Re: [Archport] inadmissível Próxima mensagem por assunto: Re: [Archport] inadmissível