“No Corvo são dezenas de estruturas, que estão à vista, e tudo indica que se tratam de monumentos muito antigos, porque inclusivamente situam-se em áreas onde não houve agricultura”, disse o presidente da Associação Portuguesa de Investigação Arqueológica (APIA), Nuno Ribeiro, em declarações à Lusa.
Os hipogeus em causa, "ainda não estudados pela arqueologia", foram encontrados no Corvo e Terceira, durante um passeio, em agosto de 2010, que o arqueólogo Nuno Ribeiro, efetuou aquelas ilhas.
Segundo o presidente da APIA, "são estruturas escavadas na rocha, que estão à vista, cuja planta de forma uterina denuncia a sua possível utilização como necrópoles".
O presidente da APIA acrescentou que "na Terceira tinham surgido vários vestígios" sobre os monumentos em causa, mas "nunca foram realizados trabalhos arqueológicos".
“Este tipo de monumentos tem paralelos no mundo mediterrânico, e nas culturas Grega e Cartaginesa, entre os séculos IX e o século III a.C., e eram usados como sepulturas”, descreveu o arqueólogo, salientando que as estruturas "eram comuns na época Romana".
Nuno Ribeiro admitiu que os monumentos em causa "possam ter mais de dois mil anos", mas salientou que a datação das estruturas "terá que ser fundamentada e averiguada" através de trabalhos arqueológicos que a APIA conta realizar "ainda este ano, com o apoio das autarquias e do Governo regional".
“Vamos apresentar um projeto até final de março, para averiguar a antiguidade, com vista à realização das investigações científicas, nomeadamente escavações e trabalhos de profundidade”, referiu Nuno Ribeiro, acrescentando que há indicações que apontam para "a existência de hipogeus também na ilha das Flores".
O arqueólogo salientou a importância dos monumentos, observando que a comprovar-se a antiguidade das estruturas "é possível que a ocupação das ilhas tenha sido anterior à presença portuguesa".
"As estruturas indicam que poderão ter construído aqueles monumentos para sepultar alguém, ou seja, que alguém há mais de dois mil anos tenha estado nas ilhas", admitiu.
As descobertas no arquipélago dos Açores foram apresentadas na sexta-feira no Congresso XV SOMA 2011, Arqueologia do Mediterrâneo que se realizou na Universidade de Catania – Sicily, Itália, numa conferência apresentada por arqueólogos da APIA.
@Lusa
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