[Archport] Estudos Arqueológicos de Oeiras 18 (2010/2011)

[José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>]

Estudos Arqueológicos de Oeiras 18 (2010/2011)

 

            Encontra-se em distribuição o volume em epígrafe, de 680 (!) páginas, preciosamente encadernado.

            Boa parte dos textos são assinados, isoladamente ou de parceria, pelo editor científico da revista, João Luís Cardoso, a dar conta das intervenções arqueológicas que têm sido realizadas sob sua orientação ou a evocar figuras gradas das Arqueologia peninsular, como Francisco Jordá Cerdá, Joaquim Fontes e Mendes Corrêa (este, a propósito dos concheiros de Muge e do seu Homo Afer Taganus).

            Os vestígios arqueológicos em Leião ocupam lugar de destaque: a ocupação campaniforme, o casal agrícola da I Idade do Ferro e o estabelecimento rural romano tardo-republicano e alto-imperial; assim como um outro casal agrícola, do Bronze Final, de Abrunheiro. E o espaço dedicado a Oeiras termina com a informação pormenorizada acerca dos resultados obtidos numa intervenção realizada nas Ferrarias d’El Rey, um dos locais da Fábrica da Pólvora de Barcarena.

            Há, porém, de seguida, todo um percurso por sítios arqueológicos, nomeadamente da Estremadura, a fim de se chamar a atenção sobre aspectos específicos dos espólios neles encontrados ou de suas especiais características: as lascas da Anta de Pedras da Granja (Sintra); a arqueometria das cerâmicas do Zambujal; o espólio malacológico bem como as fases de ocupação e a cronologia do povoado calcolítico fortificado do Outeiro Redondo (Sesimbra); as necrópoles neolíticas da Gruta da Furninha (Peniche), a cronologia absoluta das ocupações funerárias da Gruta da Casa da Moura (Óbidos); a ocupação calcolítica do castelo de Ourém; a cronologia da 4ª linha fortificada do castro do Zambujal; o povoado calcolítico da Penha Verde (Sintra); as recentes descobertas em Vila Franca de Xira, que se prendem com a presença fenícia no vale do Tejo.

            Neste volume se insere também amplo estudo, da autoria de Martín Almagro-Gorbea, sobre a polémica figura de Lúcio Cornélio Boco, texto que esteve na origem do colóquio realizado em Tróia sobre os Bocchi, cujas actas já vieram a lume: ver CARDOSO (João Luís) & ALMAGRO-GORBEA (Martín) [eds.], LUCIUS CORNELIUS BOCCHUS – Escritor Lusitano da Idade de Prata da Literatura Latina [Colóquio Internacional de Tróia, 6-8 de Outubro de 2010], Academia Portuguesa de História e Real Academia de la Historia, Lisboa – Madrid, 2011.

            Termina o denso volume com o relatório desenvolvido em 2009 e 2010 pelo Centro de Estudos Arqueológicos de Oeiras.

Congratulamo-nos com a edição. Num momento em que entidades do Governo Central parece que ainda estão à procura do caminho, mais uma vez é uma autarquia local que ousadamente mostra como, em prol da Cultura e do Património, ele se deve palmilhar.

 

                                                                                                                                                                                                                                José d’Encarnação

 

 

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Prof. Doutor José d'Encarnação

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