Para conhecimento:
a loucura… do outro lado do Atlântico! Ou terá sido deste?
J. d’E.
A
LOUCURA IMPERIAL NA ROMA ANTIGA
O Núcleo de Estudos e Referências sobre a
Antiguidade e o Medievo (NERO-UNIRIO) convida para a Mesa Redonda A Loucura Imperial na Roma Antiga, a ser
realizada na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), com a
participação de docentes da Escola
de História e do PPGH-UNIRIO e do Prof. Dr. Aloys Winterling (Humboldt
Universität-Berlin).
Data: 2 de abril de 2012
Horário: 14 horas
Local: Auditório Paulo Freire
Av. Pasteur,
458 – térreo
Urca – Rio
de Janeiro.
Confere-se certificado.
Resumos:
Optimus princeps:
o modelo ciceroniano do governante ideal
Prof.a Dr.a Claudia Beltrão da Rosa (História – UNIRIO)
Marco Túlio Cícero, no século I a.C., contribuiu para a criação de uma tradição
teórica conservadora e androcêntrica, fornecendo um modelo do governante ideal,
o optimus princeps, um ser cujas virtudes se
expressam na ação pública. Este
modelo retórico reúne virtudes teóricas e práticas, e é exposto a partir de
oposições (elogio x censura; virtudes x vícios), calcadas na moralidade
conservadora tardo-republicana. Ao optimus
princeps, um ser “esplêndido e viril”, Cícero opõe o “infame e
efeminado”. Neste modelo, que terá grande sucesso nos séculos futuros, a
excelência moral do governante traz em si uma preocupação
com o tema da virilidade que beira à obsessão.
O músico Nero e os limites do poder
Prof.a Dr.a Juliana Bastos Marques (História – UNIRIO)
A má fama de Nero como tirano, incendiário e matricida se consolidou na tradição historiográfica, acentuando-se ainda mais
através dos autores cristãos. Porém, as fontes que narram seu principado -
Tácito, Suetônio e Díon Cássio - deixam claro que a oposição
da elite e das províncias, que resultou em sua queda em 68 d. C., tinham uma
razão que hoje nos parece bem mais prosaica: o lado artístico do imperador.
Ator e condutor de carros de corrida, Nero também passou a se impor progressivamente
como músico profissional, competindo em vários festivais. Enquanto os
provinciais e as fontes posteriores condenavam essa postura, vindos de um
ambiente conservador longe de Roma, Nero teve um considerável apoio entre o
povo e as elites tradicionais da capital. Assim, a transformação progressiva do imperador em citaredo
profissional pode ser interpretada não como um ato de loucura, mas como uma
forma de afirmação de poder, ainda
que sua estratégia tenha falhado por fim.
Imperial Madness in Imperial Rome
Prof. Dr. Aloys Winterling (Humboldt Universität- Berlin)
Imperial Madness in Imperial Rome é
o tema que o autor explorou em sua biografia de Calígula, publicada na
Alemanha, em 2003, e que agora ganhou uma tradução
para o inglês. Sua tese é de que o retrato de certos imperadores júlio-claudianos como loucos é uma construção tardia que, além de não encontrar
correspondência com o conceito antigo de loucura, obscurece o fato de que
imperadores como Calígula foram
assim retratados pois estabeleceram uma relação
diferente com o Senado, ao romperem o ideal augustano de comunicação com este corpo, pautado na ideia de que princeps e senado se complementavam no
governo do império. Calígula teria quebrado esse protocolo com a tentativa de
afirmação de um poder monárquico
absoluto.