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Re: [Archport] Greve Geral.

To :   Archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   Re: [Archport] Greve Geral.
From :   Ana Duarte <asduarte79@gmail.com>
Date :   Mon, 26 Mar 2012 23:08:04 +0100


Se calhar o sindicato serve precisamente para focar assuntos como as dificuldades das empresas e dos seus trabalhadores... daqueles que lutam dia a dia, não?

Quando a arqueologia deixar de ser uma trincheira e as pessoas passarem a trabalharem para uma causa comum, talvez as coisas resultem. Sinceramente não acredito... num mundo tão pequeno e com tantos conflitos e intrigas como a Arqueologia, as pessoas continuam a não deixar em segundo plano os seus  interesses pessoais, esquecendo-se que mais do que nunca deviam juntar-se para manter esta classe unida.


Ana Duarte

No dia 26 de Março de 2012 22:51, Ana Sofia <aanasofia@aeiou.pt> escreveu:

Os que fazem greve são sempres os mesmos.

Gostava de ver os dirigentes sindicais a gerirem durante 6 meses uma empresa daquelas que tem dificuldades, como algumas empresas de arqueologia. E depois gostaria de os ouvir falar. Porque nós que lutamos aqui no dia-a-dia, não podemos fazer greve, pois ninguém nos dá dinheiro?

 Este sindicato não têm qualquer domínio dos problemas que existem e não sabem o que nos faz falta.

Cumprimentos,
Ana Sofia


Citando aanacatarinaa@sapo.pt:

Cara Ana Mesquita,

É necessário que a sociedade portuguesa se decida de uma vez por todas a não permitir mais corrupção, fuga aos impostos, certos compadrios, "ditaduras" sindicais, como foi durante 26 anos a do Carvalho da Silva, "ditaduras"  dos nossos autarcas, do nosso governo regional da madeira ou até do nosso líder do Bloco de Esquerda (13 anos).

 A retirada dos 4 feriados ajuda a economia e estimula o crescimento.

 

Quanto à  indústria produtiva para se safar tem que se renovar, reinventar, modernizar, etc...

 

Hoje em dia procurar trabalho não é tarefa fácil. É, sem dúvida, uma tarefa cada vez mais difícil, cansativa, desanimadora que implica muita persistência e dinamismo por parte dos candidatos. Procurar trabalho é uma verdadeira etapa de desafios, batalhas e conquistas em que é  o próprio protagonista que determina a sua orientação e não um sindicato? obedece a um plano, à definição de objectivos, bem como à selecção de um conjunto de estratégias para a sua prossecução.

Neste mundo em rede ou conexionista, há uma certa centralidade das competências? ou seja, ?alguém só será justamente grande neste mundo se for maleável, móvel e estiver integrado e bem consciente da evolução das sociedades.

A flexibilidade como a polivalência, são competências enquadradas nos novos padrõesde trabalho e é algo que não se verificava em tempos passados. Por isso, pertencer a um sindicato de Arqueologia é uma perfeita ilusão, pois o Sindicato não vai defender os trabalhadores das empresas de Arqueologia, porque as mesmas são muito pequenas e não estão preparadas para receberem greves gerais estúpidas e inúteis.

 

Quanto ao GTPS, se o mesmo convocar greves repetidamente, as empresas não têm fundo de maneio para sobreviveram durante muito tempo e isso arrastará todos os seus trabalhadores para a ruína. Lembra-te que grande parte das nossas empresas de Arqueologia têm menos de 10 trabalhadores e não conseguirão sobreviver se o GTPS convocar greves sucessivamente.

 

Há maneiras de resolver os problemas sem ser em greves gerais estúpidas. O diálogo é fundamental e é conveniente!

 

Cumprimentos,

Ana Catarina


 

Citando Ana Mesquita <isis.ankh@gmail.com>:

Cara Ana Catarina,

Não respondi antes devido aos trabalhos de preparação e participação na Assembleia Constituinte do Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia.

No entanto, as notícias que enviou vêm precisamente no sentido de esclarecer que não é pela retirada de férias ou pontes que os problemas se resolvem. Se os portugueses já trabalham mais tempo, mais horas diárias, e a produtividade é baixa, então temos que ver onde está o problema.

E o problema está, mais uma vez, na aposta em políticas de retirada de direitos e não de crescimento e estímulo económico. Se fosse pelo tempo de trabalho, Portugal era campeão da produtividade! Mas não é. Não é porque desde há anos se "investe" no abate da indústria produtiva, em vez de se apostar na sua modernização (segundo os relatórios internacionais, esse é um dos maiores problemas da produtividade nacional - o parque industrial obsoleto).

E que produtividade podemos nós exigir à força de chicote e baixos salários? Que motivação têm trabalhadores permanentemente com a corda na garganta devido à precariedade, trabalho não remunerado e progressiva perda de direitos sociais? Faz lembrar aquela letra da música do Fausto, o Comboio Malandro:

"Mas espera só
quando esse comboio malandro descarrilar
e os branco chamar os preto
p´ra empurrar
eu vou... mas não empurro

Nem com o chicote
finjo só que faço força
comboio malandro
você vai ver só o castigo
vai dormir mesmo no meio do caminho!"

Se a escravatura foi abolida enquanto fundamento do sistema económico, foi, não só mas também, pelo défice produtivo. Cada vez mais estudos comprovam que a falta de condições salariais, sociais, etc., contribuem para a desmotivação dos trabalhadores e para a quebra de produtividade. Portanto, seguindo este caminho, só estamos a andar para trás e a agravar os nossos problemas.

A propósito disto tudo, recomendo, caso não tenha tido a oportunidade de ver, a Grande Reportagem de ontem na SIC, que fazia o comparativo da realidade alemã com a portuguesa. Os portugueses a trabalharem mais horas, sem tempo para estar com a família, com menos comodidades e salários incomparavelmente mais baixos, face a um custo de vida mais alto em Portugal (confesso que achei este último aspecto da reportagem algo surpreendente). Dá que pensar.

Cumprimentos,

Ana Mesquita
 

No dia 23 de Março de 2012 20:25, <aanacatarinaa@sapo.pt> escreveu:

Cara Ana Mesquita,

 

Muito obrigado pelo envio de notícias. Mas, eu enviarei notícias actuais sobre a nossa má situação relativamente à pouca produtividade e onde nos mostra que Portugal é o sexto país mais generoso em termos de férias.

 

Portugal é o sexto país da UE com menos produtividade no trabalho

O nível de produtividade em Portugal está abaixo da média dos 27 países da União Europeia, indicam dados hoje revelados pelo Eurostat.

Irlanda, Holanda e Áustria são os três países mais produtivos da UE, dizem os números do Eurostat, retirados de um relatório referente a 2010 sobre a competitividade dos Estados-membros, realizado com o intuito de melhorar o indicador e a competitividade da UE "como um todo".

Estónia, Lituânia, Roménia, Letónia e Bulgária são os países que se situam atrás de Portugal na lista hoje revelada, que mede o valor acrescentado bruto por trabalhador do setor industrial.

Portugal, diz o Eurostat, beneficiaria com o reforço dos esforços nas áreas da investigação e da inovação, feitos tendo por base uma política integrada de fomento do empreendedorismo.

In Diário económico, 14 de Outubro de 2011

 

Portugal entre os países do euro com mais férias

Entre feriados e férias pagas, os portugueses têm, em média, por ano, 35 dias úteis de descanso.

Segundo um estudo da consultora Mercer, os trabalhadores nos países da Europa Ocidental têm, em média, direito, por lei, ao mais elevado número de dias de férias pagas.

Neste capítulo, o Reino Unido e a Polónia são os mais generosos, com os seus trabalhadores a terem, por ano, um mínimo de 28 e 26 dias de férias, respectivamente.

Portugal figura também no topo desta classificação, dado que de acordo com a Lei Laboral os trabalhadores portugueses têm direito a um mínimo de 22 dias de férias pagas. Além disso, se a esses dias se juntar mais 13 dias de feriados, em média, por ano, os trabalhadores portugueses têm 35 dias de descanso.

Isto significa que, de acordo com os dados compilados pela Mercer, Portugal é o sexto país mais generoso da zona euro e o oitavo da Europa Ocidental.

No espaço da moeda única, Portugal é apenas superado, em termos de total de dias úteis de descanso, pela Áustria, Malta, Grécia, Espanha e França. No canto oposto estão os trabalhadores filipinos e tailandeses que, por lei, têm apenas direito a cinco e seis dias de férias, respectivamente.

Em pior situação estão também as pessoas que trabalham a América do Norte: se no Canadá, entre dias de férias pagas e feriados, os trabalhadores têm apenas 19 dias de descanso por ano, nos EUA a Lei não obriga ao pagamento dos dias de férias. Contudo, a Mercer refere que "embora as políticas de férias variem muito, muitas empresas oferecem três semanas de férias após cinco a dez anos de serviço."

Para Tiago Borges, responsável pelo departamento de estudos da Mercer, "com aumentos salariais congelados e muitas vezes abaixo da taxa de inflação, as empresas procuram outras formas de motivar os seus trabalhadores. Flexibilidade no trabalho e um bom equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal ajudam a aumentar o empenho do colaborador quando os instrumentos financeiros habituais não estão disponíveis".

Ao nível do número de feriados a Mercer destaca a Colômbia como sendo o país com maior número de feriados (18) e o México com o menor (sete).

Diário Económico, 13 de Dezembro de 2011

E veja os relatórios do Eurostat desta semana:

http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/product_results/search_results?mo=containsall&ms=productivity&saa=&p_action=SUBMIT&l=us&co=equal&ci=,&po=equal&pi=,&gisco=exclude

 

Cumprimentos,

Ana Catarina


 

Citando Ana Mesquita <isis.ankh@gmail.com>:

«Portugal é o país europeu onde se trabalha mais horas, com e sem vencimento, por dia. Em média, os portugueses trabalham no total cerca de 8 horas e 47 minutos todos os dias, ocupando o terceiro lugar no ?ranking' dos países da OCDE. Para além disso, ainda a nível europeu, os portugueses são os que mais horas diárias trabalham sem vencimento, com cerca de 3 horas e 53 minutos. Um volume de trabalho que representa 53% do PIB nacional e que nos classifica em quarto lugar da tabela da OCDE. São estas algumas das principais conclusões do último estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o ?Society at a Glance'.»

In Económico, 13/04/11

«Numa análise aos dados comparativos, as estatísticas da OCDE e do Eurostat mostram uma realidade bem diferente daquela que Merkel sublinhou. A média da idade de reforma em Portugal é superior à da Alemanha [...] As mesmas estatísticas indicam ainda que são os alemães que têm mais dias de férias por ano: o mínimo legal é de 20 dias úteis, mas a grande parte dos contratos é regulada por acordos colectivos que prevêem entre 25 e 30 dias de férias, chegando mesmo a ultrapassar este marco.»

In Económico, 19/05/11

Com pontes incluídas, somos os que mais trabalhamos em média e temos mais horas sem remuneração. Esse argumento cai por terra. Na actual conjuntura económica, perderemos muito mais com opções políticas que apenas apontam para medidas de contracção da economia, ignorando qualquer medida de crescimento, do que com qualquer greve que se realize. A receita foi aplicada na Grécia e teve os resultados que teve. Se queremos ir pelo mesmo caminho, vamos bem. Se não queremos, há que o demonstrar de algum modo.

As horas que trabalhamos a mais sem receber cobrem quaisquer "prejuízos" de qualquer greve. Ou mesmo de várias.

Cumprimentos,

 

No dia 22 de Março de 2012 20:18, <aanacatarinaa@sapo.pt> escreveu:

Cara Ana Mesquita,

 

Em termos de dias de férias Portugal tem 22 dias por ano, bem menos tem a Noruega (21), Itália (20), a Bélgica (20), a Alemanha (20), o Chipre (20), a Holanda (20) e a Suíça (20 ? curioso que 65, 5 % dos suíços rejeitou o aumento do número de férias no referendo realizado neste mês).

Ver relatório da Mercer : http://www.mercer.com/press-releases/1439520

Quanto a feriados, tirando 4 ficamos com 9 dias, ou seja, o mesmo que a Alemanha, Espanha e Bélgica. Já o Reino Unido tem 8 dias. Mas o problema de Portugal não são os feriados, são sim as pontes que se fazem, levando a uma enorme perda de dinheiro (cerca de 629 milhões de euros por ano.)

Por outro lado, na atual conjuntura económica perdemos mais com esta greve do que aquilo que ganhamos, ou seja, nada.

Não me alongarei mais.

 

Cumprimentos,

Ana Catarina
 

Citando Ana Mesquita <isis.ankh@gmail.com>:

Cara Ana Catarina,

Nem eu disse que essa competência era das centrais. Mas se os trabalhadores e as suas organizações sindicais tivessem ficado caladas, sem dúvidas que essa medida teria sido implementada. Quanto à instituição de novas regras, acho extraordinário que se ignore que também elas estavam previstas... no trabalho, mas também na saúde, educação, habitação, etc.

Mas podemos sempre recorrer à história para nos lembrar como os trabalhadores foram conquistando direitos ao longo dos séculos. Aliás, a mais antiga greve registada, ocorrida no Egipto, comprova precisamente que os trabalhadores têm algo a ganhar com este tipo de medida - ou, pelo menos, a não perder, defendendo os seus direitos.

Curiosamente, todas essas medidas de cortes que referiste ainda dão mais força à necessidade de se dizer não a esta política em curso. A greve é uma das formas, não a única, mas é uma forma válida. Ainda a 11 de Fevereiro, os trabalhadores de Arqueologia estiveram na rua em manifestação. Estão, neste momento, a tentar construir o seu Sindicato para melhor defenderem os seus direitos.

Não me alongarei mais.

Cumprimentos,

Ana Mesquita
 

No dia 21 de Março de 2012 22:12, <aanacatarinaa@sapo.pt> escreveu:

Discordo da tua observação. Aliás, a resolução do aumento da jornada de trabalho diária em meia hora era matéria da competência exclusiva da Assembleia da República e não das estruturas sindicais. Em contrapartida foram instituídas novas regras laborais, como a redução do número de férias, a  eliminação de quatro feriados e a redução do valor pago aos trabalhadores nos feriados e nas horas extraordinárias.

Ana Catarina



Citando Ana Mesquita <isis.ankh@gmail.com>:

Cara Ana Catarina,

Discordo em absoluto dessa afirmação. Aliás, lembremos a Greve Geral anterior, quando a proposta do Governo em aumentar a jornada de trabalho diária em meia hora acabou por cair em virtude - não duvidemos - da força da contestação que se gerou.

Neste momento já há gente com fome e sem dinheiro para ir a tratamentos de saúde - mesmo oncológicos (!) - não me parece que seja isso que assuste quem comanda as opções políticas actuais...

Cumprimentos,

Ana Mesquita

No dia 21 de Março de 2012 21:06, <aanacatarinaa@sapo.pt> escreveu:

A greve geral não vai mudar nada!

Se quiserem ter um impacto maior façam greve geral de fome durante 7 dias.

Com isto chama-se mais a atenção da sociedade civil, para as nossas reivindicações.


Ana Catarina



Citando Manuel Castro Nunes <arteminvenite@gmail.com>:

Claro que os arquólogos não vão todos aderir à Greve Geral.

A arqueologia, como profissão, é uma estrutura vertical estratificada. Reúne arqueólogos patrões e assalariados. Não é de esperar que os patrões façam greve.
A Greve Geral de amanhã foi convocada por uma central sindical. Certo. Mas não passa a ser propriedade sua, nem pode por isso excluir ninguém.
Eu não sou um profissional da arqueologia. Nem sou filiado na CGTP, nem no PCP.
Mas vou estar na rua com os grevistas e outros que lá se ajuntarem.
Não vou estar apenas a reivindicar melhores condições de trabalho para os profissionais arqueólogos. Vou estar como indignado e revoltado contra a obscenidade em que se transformou a minha pátria.
Eu tenho sessenta e um anos. Não sei ainda quem convocou o movimento de Maio de 1968. Mas eu estava lá.
Por isso, pouco me interessa quem convocou a Greve Geral.
Em aditamento ao comentário histórico de Rui Costa Pinto, uma observação: Há um ano atrás, muitos dos que agora se opõem à greve, pretendiam juntar um milhão na Avenida da Liberdade. O que mudou? Apenas a cor do dinheiro.
Abraço! E em frente, Companheiros.
 
--
Manuel de Castro Nunes

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