Re: [Archport] Greve Geral.
Eu sempre achei que os arqueólogos fossem, dos cientistas sociais, os mais bem apetrechados para perceber, e entender, a conjuntura social em que evoluem e hodiernamente (sobre)vivem.
Afinal, quem escava em terra percebe perfeitamente o que se passa quando se escava uma UE que produz muito pouco material, material esse que quando presente é grosseiro, de produção local, e se aprofunda mais e se atinge uma UE em que sai muito mais material, exógeno, exótico, abundante, de grande qualidade, de luxo, ou de conferidor de status.
A explicação é lógica – naquele local, um acontecimento qualquer (político, social, natural, ou uma combinação de todos os três) levou a um empobrecimento geral, diminuíndo as importações e levando a uma economia de subsistência/sobrevivência, com todo o cortejo que tal geralmente implica: guerra, fome, doença, invasões, migrações em massa. Falar do que se sucedeu aquando da erosão do Império Romano – diminuição drástica de circulação monetária, de importação anfórica, existência de atesourentos, abandono das villae e sua parcelização em túgurios e casebres de habitação, erecção de muralhas, etc. - é um clichet tão por demais evidente que nem vou voltar a bater na mesma tecla.
Tempos como estes, em que a erosão do emprego é constante e em que a miragem do tempo livre e de qualidade - pela reconversão do operário em trabalhador intelectual - numa anunciada Era do Lazer, não passa disso mesmo, de uma miragem, são apenas mais do mesmo.
Inovações tecnológicas como a Via Verde, os instrumento de bilhética - da CP e do Metro de Lisboa, por exemplo, que dispensam bilheteiros e até revisores - os ganhos de eficiência das Lojas do Cidadão, o digital na fotografia, no video, no áudio e na imprensa, a informatização que automatiza e robotiza cadeias inteiras de montagem são a continuação lógica de uma revolução que, se até aqui actuou em prol do bem estar geral da Humanidade, relegou também para o canto escuro da História profissões e actividades tão dignas quanto as de almocreves, carvoeiro, operadores de ascensor e de revelação fotográfica, aduaneiros e linotipista.
Não esquecendo que sempre houve seguidores de Ned Ludd, o que se verifica agora é que toda a empresa e todo o organismo estatal e público persegue com denodo e tenacidade o el dorado da produção plena através da manutenção de um número mínimo e minimalista de empregados, na mira capitalista de maximizar o lucro e de minimizar as despesas (com coisas tão incómodas como salários, contribuições para a segurança social, subsídios de férias, etc.)
O que esse empresariado esquece é que, se todos seguirem o seu exemplo, ninguém empregará quase ninguem.
Não havendo quase ninguém empregado, quase ninguem terá salário (uma coisa tão básica como uma fonte de rendimentos fixa e constante que permita a quem a recebe poder planificar a sua vida para o futuro a curto, médio e longo prazo). Logo, ninguém comprará casa, carro, férias, ou pagará cabeleireiro, táxi, restaurante, gasolina, portagens, ou comprará livros, irá ao cinema ou ao teatro, ou adquirirá um módico de roupas, alimentos e consumíveis essenciais, para além do estritamente necessário.
Claro que, sendo o capital móvel por natureza e não conhecendo ideologia, cor ou nação, duvido muito que a maior parte desse empresariado esteja muito preocupado. É para situações como estas que existem as descapitalizações, os investimentos no estrangeiro e a aposta nos “mercados emergentes” como os do Brasil, Rússia, India e China – eles são muitos milhões mais que nós, têm uma pirâmide etaria comme il faut e estão agora a entrar na era do deslumbramento com o consumismo e o arrivismo socio-económico.
Claro que, para quem fica atrás, a vida será muito mais escura, muito mais pobre e muito mais desesperante e dramática. Daqui a 4000 anos, quando alguém escavar esta nossa UE, pode ser que saia o relatório sobre o que se passou aqui. Talvez um Mcguire qualquer.
“People can embrace concepts of possibility and change. They may come to realize that they can subvert and transform the world that they make in their everyday lives. Such theoretically informed, goal-oriented, and potentially transformative action is praxis.
The whole of the practice of archaeology—that is, all of what archaeologists do—is necessary for praxis, but very few archaeologists engage in praxis. The vast majority of archaeologists practice their craft to gain knowledge of the world. Various archaeologists have sought to critique the world and the place of archaeology in it. Fewer have fully entered into the dialectic of praxis and built an archaeology of political action to transform the world. The test of praxis is collective action. (…)
The pace of fast capitalism is dizzying. Like children on a merry-go-round gone mad, we spin around until we succumb to vertigo and then stagger about. We are disoriented, and we do not know how to do anything except hang on and try to keep up with the pace. Fast capitalism has seeped into every corner of our society, eroding socially derived moral frameworks, values, and political programs. It replaces the humane with the ethos of the market. It reduces all social relations to the cold calculus of cost and benefit and weighs all things in terms of profit.
Praxis begins when we realize that we can do more than just whirl around in fast capitalism. We can make social change, beginning with changes in people. We can step back from the pace and critically examine how our lives fit into the larger processes of fast capitalism. From such critique we, can engage in a praxis that challenges fast capitalism’s penetration of all areas of social and personal life, both in the field of archaeology and in the world we practice it in.
Workers in the United States are increasingly losing control over their work and family lives because of the effects of fast capitalism. The hyper-competitiveness of fast capitalism compels employers to drive down wages and demand total commitment from their workers. This has meant a declining quality of life for many working families as a result of reduced real wages, increased levels of stress, less time spent with friends and families, and an overall dissatisfaction with their lives. Fast capitalism encourages union busting, because the struggle of unions to uphold respect, a living wage, the eight-hour day, and safe working conditions for working families slows capitalism.
On October 3, 1997, United Steelworkers Locals 2102 and 3267 walked out on strike from Oregon Steel’s Colorado Fuel and Iron Company steel mill in Pueblo, Colorado.
They left the mill to contest forced overtime, which was stealing their control over their family lives and blurring the line between work and home. Oregon Steel welcomed a prolonged strike as a way to break the union. That same year, the Archaeology of the 1913–1914 Colorado Coalfield War Project, in collaboration with the United Mine Workers of America, launched full-scale excavations at the sites of the 1913–1914 strike by coal miners against Colorado Fuel and Iron. The steelworkers embraced the labor conflict of eighty years earlier as a symbol of their contemporary strike and made our project part of their struggle.
Unionized labor remembers the history of Ludlow and mobilized this remembrance in the steelworkers’ strike. Through our research, archaeology became part of this memory. The project’s message is simple: working families shed blood to win labor’s contemporary rights to a safe workplace, benefits, reasonable wages, a forty-hour week, and dignity.
Capitalists did not freely give these rights; rather, working people, such as those who died at Ludlow, bought them with their lives. We collaborated with the UMWA and the striking steelworkers to develop our education campaign. Our goal was to help them build solidarity among working families and to educate a broader public in support of labor’s struggle. The realization of this praxis is ongoing, and the effectiveness of our efforts is hard to measure.
Following Ollman, however, we have decided which side we are on in the class struggle of fast capitalism and have joined the fray.”
McGuire, R. (2008) “Archaeology as Political Action”. University of California Press
From:
archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:
archport-bounces@ci.uc.pt] On Behalf Of
aanacatarinaa@sapo.pt
Sent: 26 March 2012 22:10
To: Ana Mesquita; Archport
Subject: Re: [Archport] Greve Geral.
Cara Ana Mesquita,
É necessário que a sociedade portuguesa se decida de uma vez por todas a não permitir mais corrupção, fuga aos impostos, certos compadrios, "ditaduras" sindicais, como foi durante 26 anos a do Carvalho da Silva, "ditaduras" dos nossos autarcas, do nosso governo regional da madeira ou até do nosso líder do Bloco de Esquerda (13 anos).
A retirada dos 4 feriados ajuda a economia e estimula o crescimento.
Quanto à indústria produtiva para se safar tem que se renovar, reinventar, modernizar, etc...
Hoje em dia procurar trabalho não é tarefa fácil. É, sem dúvida, uma tarefa cada vez mais difícil, cansativa, desanimadora que implica muita persistência e dinamismo por parte dos candidatos. Procurar trabalho é uma verdadeira etapa de desafios, batalhas e conquistas em que é o próprio protagonista que determina a sua orientação e não um sindicato… obedece a um plano, à definição de objectivos, bem como à selecção de um conjunto de estratégias para a sua prossecução.
Neste mundo em rede ou conexionista, há uma certa centralidade das competências’ ou seja, “alguém só será justamente grande neste mundo se for maleável, móvel e estiver integrado e bem consciente da evolução das sociedades.
A flexibilidade como a polivalência, são competências enquadradas nos novos padrõesde trabalho e é algo que não se verificava em tempos passados. Por isso, pertencer a um sindicato de Arqueologia é uma perfeita ilusão, pois o Sindicato não vai defender os trabalhadores das empresas de Arqueologia, porque as mesmas são muito pequenas e não estão preparadas para receberem greves gerais estúpidas e inúteis.
Quanto ao GTPS, se o mesmo convocar greves repetidamente, as empresas não têm fundo de maneio para sobreviveram durante muito tempo e isso arrastará todos os seus trabalhadores para a ruína. Lembra-te que grande parte das nossas empresas de Arqueologia têm menos de 10 trabalhadores e não conseguirão sobreviver se o GTPS convocar greves sucessivamente.
Há maneiras de resolver os problemas sem ser em greves gerais estúpidas. O diálogo é fundamental e é conveniente!
Cumprimentos,
*** ******* This message contains information which may be confidential and privileged. Unless you are the addressee (or authorized to receive for the addressee), you may not use, copy or disclose to anyone the message or any information contained in the message. If you have received the message in error, please advise the sender by reply e-mail and delete the message.