Lista archport

Mensagem

Re: [Archport] Arqueologia na FCSH

To :   joana gonçalves <joanafrgoncalves@gmail.com>
Subject :   Re: [Archport] Arqueologia na FCSH
From :   Alexandre Monteiro <alexandre.monteiro@gmail.com>
Date :   Wed, 16 May 2012 23:18:02 +0100

eu acho que a aqui a questão não é tanto o porquê de serem estes os
coordenadores. aliás, como bem dizia o luís raposo, são todos pessoas
estimáveis. e, ao contrário do que aleivosamente se alega, julgo que
ninguém tem o que seja a apontar-lhes:

- a professora catarina tente é uma excelente arqueóloga e uma
referência no seu campo de investigação. para além disso, foi minha
professora tanto na licenciatura como no mestrado e só tenho bem a
dizer dela, quer em termos pessoais, de trato com os alunos, quer em
termos pedagógicos; noutra vertente, foi ela a responsável pela minha
associação ao IAP, quando ainda lá estava associada, e foi também ela
um elemento crucial na implementação do nosso projecto da "grândola
subaquática", com o seu entusiasmo e disponibilidade;

- o professor jorge custódio é, a par com o professor camões gouveia,
um dos dois melhores professores que tive até hoje, tanto assim que
escolhi a arqueologia industrial no mestrado como opcional, apesar de
saber que me iria custar 10 vezes mais fazê-la do que a outra qualquer
cadeira. para além disto, é também uma referência incontornável da
arqueologia portuguesa;

quantos aos professores de história nomeados,  o joão paulo oliveira e
costa é um dínamo de energia, um fantástico historiador e a alma do
cham. não o tive como professor, mas conheço-lhe a fama e sei que é
dos melhores.

o andré teixeira, tive-o como professor no mestrado, de arqueologia da
expansão, e também gostei imenso dele: atento, meticuloso, incentiva
os alunos e cria um muito bom ambiente de tertúlia criativa nas aulas.

agora, dito isto, creio que a questão não é pessoal, mas sim
institucional. os coordenadores dispensados (ou demitidos, não percebi
bem qual foi a figura juridica alegada) são duas referências também
elas incontornáveis da arqueologia portuguesa. mais do que
incontornáveis, têm a gravitas que a sua obra produzida e o seu
currículo fenomenalmente extenso lhe confere e que já se encontra
pouco pelos meios da arqueologia portuguesa. e estou à vontade para
dizê-lo porque, quer com o professor mário (que me deu a única
negativa que tive em arqueologia até hoje - acho que citei as pessoas
erradas na frequência) e com a professora rosa varela gomes (com a
qual tive média de 11 no conjunto de todas as 5 ou 6 cadeiras que tive
com ela; média aliás merecida porque eu abomino a cerâmica, a sua
tipologia e o seu estudo ;)) as minhas relações académicas nunca foram
muito famosas.

a questão é, portanto, institucional - quais as razões, presumo que
urgentes e prementes, que levaram a que tenham sido alterados os
coordenadores? porque é que um catedrático de história assume
formalmente a coordenação de um curso de arqueologia? que razões
ponderosas conduziram a tal?

tudo o resto é irrelevante, tal como espero que seja já de somenos o
pormenor de haver historiadores em juris de provas de arqueologia - é
que tudo depende do historiador. afinal, toda  a gente sabe que só
arqueólogos com formação específica é que estão à vontade para
orientar teses versando sobre assuntos específicos. é exactamente por
essa razão que a minha tese de doutoramento na FCSH, sobre um navio de
1816 naufragado na austrália tem um orientador que é arqueólogo,
obrigatoriamente um docente da FCSH com vínculo definitivo à
universidade (declaração de interesses: é a prof. rosa varela gomes) e
um co-orientador, também arqueólogo, especialista em construção naval,
que é o prof. luís filipe castro, da universidade do texas A&M.
obviamente, neste caso, acho que não passaria pela cabeça do prof.
joão paulo oliveira e costa ou do prof. andré teixeira (que nunca
encontraram, escavaram ou publicaram o que quer que fosse sobre
barcos) serem jurados da minha tese. já o contrário seria
perfeitamente natural,e muita alegria me daria, se se tratasse de
outro historiador, o prof. contente domingues.

em todo o caso, e rematando, como bem dizem os meus colegas da FCSH,
há outros locais onde discutir isto. assim sendo, e reparando eu agora
que faço simultaneamente parte dos corpos discente (onde pago para
estudar) e docente (onde dou, mas não vendo, aulas) da FCSH, tomarei a
iniciativa de fazer esta pergunta de forma institucional ao director
do departamento, com conhecimento para quem de direito.

aconselho os alunos preocupados a fazer o mesmo e a deixar de fazer da
archport um campo de agit-prop sem sentido para os restantes membros.

cordialmente,

-- 
Alexandre Monteiro
Instituto de Arqueologia e Paleociências (UNL/UAlg)
Av. Berna 26C
1069-061 Lisboa
Portugal
+351 91 669 21 89
almonteiro@fcsh.unl.pt
www.iap.fcsh.unl.pt




Em 16 de maio de 2012 19:26, joana gonçalves
<joanafrgoncalves@gmail.com> escreveu:
>
> Caros colegas,
>
> Recém chegada à Capital dirijo-me, no limiar do milénio passado (1999), com
> satisfação imensurável, à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, para o 1º
> dia de aulas na Licenciatura que há anos ansiava vir a frequentar, História
> – Variante de Arqueologia, porque infelizmente ainda não era uma
> Licenciatura autónoma.
>
> Aí chegada deparo-me com o comunicado de que iria ocorrer nessa manhã uma
> reunião geral de Curso (História e História – Variante de Arqueologia).
>
> Julgando, na minha, ainda, inocência, que se trataria de um qualquer
> pró-forma de recepção aos novos alunos tal não foi o meu espanto, e temor,
> com o decorrer da dita reunião.
>
> No repleto de alunos Anf. 002 esperavam-nos variados docentes do
> Departamento de História (os quais ainda não conhecia) e a Coordenadora do
> Departamento, Doutora Maria Helena Trindade Lopes.
>
> Infelizmente as boas-vindas que nos esperavam não eram de felicitações e
> desejos de sucessos para os anos vindouros mas sim a notícia de que ainda
> não existiam certezas quanto à continuidade da Licenciatura em Arqueologia
> na FCSH. E, nesse sentido, para voltarmos daí a uma semana para sabermos se
> a Arqueologia continuava a existir ou se teríamos, em última análise, de ser
> transferidos para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa!!!
>
> Quase 14 anos volvidos sobre este, aparentemente, inusitado acontecimento,
> muitas conquistas foram alcançadas, a bem da Arqueologia e dos alunos desta
> instituição.
>
> Graças à união que se verificou, então e sempre que se anteviam momentos de
> crise, dos alunos de Arqueologia e à incessante luta da Prof. Doutora Rosa
> Varela Gomes pelos interesses da Arqueologia e dos alunos, conseguiu-se que,
> não só a Licenciatura em História – Variante de Arqueologia se mantivesse na
> FCSH como, num futuro próximo, esta se viesse a tornar uma licenciatura
> autónoma como de pleno direito a Arqueologia se advoga.
>
> Igualmente, introduzindo disciplinas mais variadas e, algumas, pioneiras no
> ensino universitário nacional (como Arqueologia Náutica e Subaquática e
> Arqueologia Industrial), sendo leccionadas por Professores especialistas nas
> áreas em apreço, conseguiu que a Licenciatura em Arqueologia na FCSH fosse
> tida em elevada consideração, tanto a nível nacional como internacional. A
> título de exemplo, com a defesa nesta instituição do primeiro Doutoramento
> em Arqueologia Moderna do País.
>
> É com enorme pesar que agora se constata, um retrocesso de tamanha
> envergadura. A Arqueologia volta a ser coordenada por Historiadores.
>
> Não é meu intuito avaliar as competências, enquanto Historiadores, dos agora
> coordenadores do 1º ciclo e 2º ciclo em Arqueologia, da FCSH, o que
> questiono é a sua habilitação para coordenarem uma Ciência que não é a
> deles.
>
> Com os melhores cumprimentos,
> Joana Gonçalves
> Arqueóloga, licenciada e actual mestranda na FCSH
>
> _______________________________________________
> Archport mailing list
> Archport@ci.uc.pt
> http://ml.ci.uc.pt/mailman/listinfo/archport
>

Mensagem anterior por data: [Archport] Arqueologia FCSH Próxima mensagem por data: [Archport] Candidaturas (1ª fase) até 20 de Julho - Mestrado em Arqueologia Pré-Histórica e Arte Rupestre (IPT/UTAD)/ Applications (1st phase) until 20th July - Master in Prehistoric Archaeology and Rock Art (IPT/UTAD)
Mensagem anterior por assunto: [Archport] Arqueologia na FCSH Próxima mensagem por assunto: [Archport] Arqueologia na FCSH