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[Archport] Lobbys, feudos e afins .... Arqueologia na FCSH

To :   Archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Lobbys, feudos e afins .... Arqueologia na FCSH
From :   Pedro Carlos <naftastribe@gmail.com>
Date :   Sun, 20 May 2012 21:05:29 +0100

Caros colegas,

 

Sem querer por mais achas na fogueira, tenho achado impressionante o arremesso de pedras que têm dirigido à FCSH, a quem coordena, bem ou mal, o Dep. de Arqueologia, a alunos, professores, em suma a tudo o que mexe.

 

Eu fui aluno dessa casa e fiz muitas críticas à sua organização, metodologias, corpo docente, os famosos “estágios”, etc, etc, etc. É curioso ver que naquela altura quem coordenava o Departamento de Arqueologia é quem se insurge contra quem o coordena hoje. Apesar de achar que têm muita razão em denunciar uma situação ilegal, no que concerne aos Doutoramentos, parece-me estranho que só agora se tenham preocupado com o estado do Departamento de Arqueologia. Será que o rodar de cadeiras deixou mazelas?

 

Por outro lado, e já que falamos do estado de coisas da Arqueologia na FCSH, nunca é demais lembrar o que se passou nesta nobre instituição, nos 4 anos que lá estive, e o que foi feito, ou não, em sua defesa.

 

Eu passei pelo processo de Bolonha no meu 2º para 3º ano e nunca vi nenhum professor do Departamento, com grandes responsabilidades, a defender os alunos que, nesta situação, foram obrigados a frequentar mais um ano com apenas uma ou duas disciplinas, pagando a totalidade das propinas. Foram redigidas cartas, foram feitos alertas, mas nada surtiu efeito. Ou seja, a meio do curso as regras foram alteradas profundamente, sem que isto tenha incomodado suas excelências.

 

Por outro lado, vejo nomes em cartas de “protesto” que sinceramente fazem-me rir. Sem querer citar, pois depressa depreenderão de quem se trata, acho no mínimo brutal que em tão pouco tempo se tenham esquecido do que fizeram com inúmeros alunos e o que não fizeram pela arqueologia na FCSH.

 

Começando pelos estágios que, ditos por uns, eram essenciais para a aprendizagem, mas que mais não eram que trabalho “escravo” a custo de umas refeições e 1m2 de chão para se poder dormir (quando isso). Concordo que estes ditos estágios fazem parte da aprendizagem e são muito importantes, mas então que sejam estágios a sério, como noutras faculdades, e não temporadas estivais de construção civil, onde a aprendizagem, em alguns casos, era relegada para segundo plano, pois o importante era a cubicagem de terra tirada …

 

É com deleite que me lembro de uma escavação onde surgiu um mirab de um monte de pedras sabe-se lá como; de publicações sobre indústrias cujo autor desconhece o seu conteúdo; de aulas de arqueologia onde o professor titular se substituiu por “professores convidados”, não tendo dado uma única aula, pois tirava apontamentos mais fervorosamente que os próprios alunos; de laboratórios a funcionar em regime “laboral” a custo zero (o preço da aprendizagem); do desconhecimento, por parte de alguns, poucos, professores, das próprias matérias que supostamente lecionavam; do teste em alunos / alunas com piercings para ver se determinado objecto seria ou não um adereço da época em estudo; e poderia continuar com muitos mais casos.

 

Acho muito engraçado que quem coordenava este departamento não tenho visto, não tenha sabido, não tenha intervido nestas situações e agora venha para a praça pública arremessar pedras.

 

Aplausos de pé.

 

Peço desculpa aos muitos bons professores que tive nesta casa, arqueólogos e historiadores, por esta crítica generalizada. É como disse, estas situações aplicam-se a alguns “suprassumos” da coisa.

 

Gostava de concluir com uma palavra de apreço ao André, ou neste caso, ao Professor André. Sendo Arqueológo ou não, Historiador ou não, este senhor sabe mais de arqueologia que os dinossauros que o tentam destabilizar, criticando metodologias que apresenta em congressos ou o facto de ser júri dos doutoramentos. Infelizmente não temos muitos investigadores assim…é mesmo uma pena, pois se assim fosse a arqueologia era sem dúvida uma área muito mais profissional…

 

Deixem-se de peixarada e resolvam os problemas em sede própria.

Façam os requerimentos que quiserem, entreguem-nos onde quiserem, mas não venham para a rua dizer que eu fiz, eu isto, eu aquilo …

 

Há que saber lidar com o facto de não sermos eternos. De não sermos “chefes” ou “mandões” para sempre.

 

disse ….

 

 

Pedro Catarino Carlos



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