Re: [Archport] REF: Comunicado GTPS - Marcha contra o Desemprego
Já trabalhei no IPA e já fui "dispensado" - leia-se despedido - de lá,
com um mês de notificação, depois de ter largado uma carreira no
ensino pela alegria da precaridade de ser avençado do Estado. Também
eu tinha rendas e alimentação e contas que pagar. Portanto, caro
André, dispense-me do moralismo - been there, done that, way long
back.
E depois, volta a encanitar-me que as pessoas tresleiam o que escrevo.
Eu não disse que era contra as pessoas se maifestarem - aliás, já fui
a muitas, fui até levado à do 1º de Maio de 74.
Em 9 de outubro de 2012 17:10, André Freitas
<andremfreitas@portugalmail.pt> escreveu:
> E em que é que "trabalhos de divulgação ou de beneficiação do património"
> feitos de forma gratuita (como aparentemente sugere, pois o tempo gasto
> nessa marcha não é pago a ninguém) beneficiaria aqueles que são afectados
> "pelo flagelo da precariedade e da instabilidade laboral", pelo "desemprego
> no sector"?
>
> Como raio é que trabalhar de forma voluntária a troco de uma mão cheia de
> nada, iria ajudar "os trabalhadores de Arqueologia, tal como os restantes
> trabalhadores portugueses, se encontram numa situação cada vez mais
> insustentável e privada dos mais elementares direitos".
>
> Eu não compreendo como se pode confundir uma coisa com a outra, mas faço-lhe
> a seguinte sugestão Alexandre:
> Possivelmente, conhece alguns funcionários públicos que irão integrar o
> pacote dos tais milhares a quem não vão renovar o contrato. Possivelmente
> conhece (se não conhecer eu arranjo-lhe o contacto de uns quantos) alguns ou
> muitos trabalhadores da arqueologia, entre técnicos, arqueólogos, etc, que
> atravessam um momento muito complicado, sem trabalho, sem subsidios, sem as
> minimas condições para prosseguir a sua actividade, mas mais importante que
> tudo, que estão a viver à custa de pais, irmãos, amigos, trabalhos
> esporádicos, etc, e não vêm um futuro nada risonho pela frente.
>
> Lanço-lhe um desafio caro Alexandre, eu apelo-lhes a que gastem um dia do
> seu tempo a manifestarem-se!
> Você diz-lhes directamente para que de forma voluntária e gratuitamente
> gastem uma boa parte do seu tempo "em trabalhos de divulgação ou de
> beneficiação do Património". Exactamente o mesmo tipo de trabalhos para que
> eles estão habilitados, para os quais investiram os seus estudos, a partir
> dos quais tencionavam construir uma vida estável, e para os quais já foram
> pagos.
> Depois colocamos aqui as respostas que obtivemos...
>
> Que tal acha da ideia? Isto pode ser chato e mesmo confragedor.
> Fazemos antes assim: imagine que é despedido, tem 25, 30, 35, 40 anos, tem
> uma renda para pagar, ou vive em casa dos pais. Os pais não são ricos, não
> podem ajudar, ou mesmo podendo, isso vai contra a sua dignidade. Tem filhos,
> ou só um cão, um gato, um peixe, o que for. Não tem poupanças nenhumas
> porque nunca recebeu nada de jeito. Não herdou nenhuma fortuna. Não recebe
> nenhum subsidio. Anda já há uns meses à procura de trabalho, um em que lhe
> paguem pelo que faz, não interessa o quê, e não encontra nada. Há uma
> manifestação para chamar a atenção para a situação em que você, e outros
> como você se encontra...
>
> Depois aperece um génio, um iluminado, que afinal tem a solução para todos
> os seus problemas e diz-lhe:
>
> "Vais a uma manifestação? Não tens mais nada que fazer? E que tal se
> continuasses a fazer o que fazias antes, mesmo que não te paguem para isso?"
>
> Não sei o que o caro Alexandre responderia a essa mente brilhante. Aquilo
> que eu diria a esse "génio" não o vou reproduzir aqui, por respeito,
> educação, e sobretudo para não baixar ainda mais o nível a que esta
> mailinglist muitas vezes chega.
> Contudo, acredito que o Alexandre seja capaz de imaginar o conteúdo de tal
> resposta, e digo-lhe já que não era um discurso nem cordial, nem
> construtivo... Faça uso da sua imaginação!
>
> PS: não faço nem pretendo fazer parte de qualquer estrutura sindical.
> Simplesmente revolta-me que alguém sugira que a solução para os problemas
> com que nos deparamos actualmente, seja a simples resignação. As
> manifestações não serão sozinhas a solução, é verdade, mas ajudam a que se
> perceba a dimensão dos problemas, e a que as pessoas se mobilizem. Agora
> trabalhar de borla, não obrigado. Não tenho pais ricos, e não reconheço a
> ninguém o direito de dizer que a arqueologia é apenas para quem tem
> capacidade finaceira para a exercer.
>
>
> André Freitas
> Arqueólogo
>
>
>
>
> Citando Alexandre <no.arame@gmail.com>:
>
> Não teria mais impacto usar-se o tempo gasto nessa marcha em trabalhos de
> divulgação ou de beneficiação do Património?
>
> Enviado do meu HTC
>
>
> ________________________________
>
> De: Grupo pró sindicato Arqueologia <gtsindicato@gmail.com>
> Enviado: quinta-feira, 4 de Outubro de 2012 18:02
> Para: archport@ci.uc.pt
> Assunto: [Archport] Comunicado GTPS - Marcha contra o Desemprego
>
> No seguimento da reunião do GTPS no passado dia 2 de Outubro, vimos por este
> meio divulgar o seguinte comunicado:
>
>
> "Caros Colegas,
>
>
> - Considerando que o sector da Arqueologia é fortemente marcado pelo flagelo
> da precariedade e da instabilidade laboral;
> - Considerando que o desemprego no sector é um fenómeno em amplo
> crescimento, nomeadamente em virtude da paragem de vários projectos e obras
> nacionais, mas também do sub-financiamento das instituições ligadas à
> Arqueologia;
> - Considerando que os trabalhadores de Arqueologia, tal como os restantes
> trabalhadores portugueses, se encontram numa situação cada vez mais
> insustentável e privada dos mais elementares direitos; ... "
>
>
> O comunicado pode ser lido na integra aqui.
>
> --
> Grupo de Trabalho Pró-Sindicato em Arqueologia
> http://www.sindicatodearqueologia.blogspot.com
> http://www.facebook.com/gtpsarqueologia
> gtsindicato@gmail.com
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
> _______________________________________________
> Archport mailing list
> Archport@ci.uc.pt
> http://ml.ci.uc.pt/mailman/listinfo/archport
>