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Sent by: archport-bounces@ci.uc.pt 22-02-2013 19:02 |
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Marco António Andrade
Ph.D Student
UNIARQ - Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa
Alameda da Universidade, 1600-214 Lisboa
Citando antoniovalera@era-arqueologia.pt:
A questão da não divulgação de trabalho
realizados por empresas é, como deveria de ser conhecimento de todos, uma
situação não universal, embora esteja em crer que generalizada. O que penso
sobre o assunto não preciso de o dizer. Basta olhar ao que, no âmbito da
empresa em que trabalho, tenho realizado (eu e outros que nela trabalham):
publicação regular, edição de publicações, participação em congressos,
organização de congressos, actividades múltiplas de divulgação pública,
recurso permanente a redes sociais, fornecimento de materiais e informação
para realização de provas académicas de mestrado e doutoramento.
Neste contexto, a re-edição de uma Informação Arqueológica online faz para
mim todo o sentido e o seu formato digital não se justifica apenas pela
situação económica geral, mas sim pela potencialidade que tem de chegar
a mais público e de forma mais rápida. Penso que esta solução é bem melhor
e menos problemática que a disponibilização de relatórios, a qual me parece
ser eticamente reprovável se não for bem regulamentada.
Explico.
Um relatório, feito por exigência legal e com prazos estabelecidos, não
pode ser tratado como uma publicação normal. A informção que está
nele contida, e que em muitos casos está a ser trabalhada em âmbito de
trabalhos académicos ou de investigação programada, não deverá ser livremente
utilizada antes de publicada pelos respectivos autores, sob pena de estes
verem a seu trabalho original prejudicado. Será que é legítimo eu utilizar
numa publicação minha os dados de datações, ou informação contextual ou
outra que obtive na consulta de relatórios, e que estão a ser tratados
pelos respectivos autores no âmbito de trabalhos que estão a preparar,
sem autorização expressa dos mesmos? Certamente que não. Ir por aqui é
abrir caminho a situações de grande conflito, como já ocorreram no passado.
Mas sabemos que muita gente e muita instituição escava/escavou e não publica/publicou:
empresas, profissionais liberais, universitários, funcionários da tutela.
Para que o justo não pague pelo pecador e para que o pecador não fique
sem pagar, a disponibilização de relatórios deveria ser bem regulamentada,
com prazos estabelecidos que dessem um tempo aceitável para a efectiva
publicação antes da divulgação sem autorização expressa dos autores. Lembro
que hoje a publicação original é um factor decisivo na avaliação curricular
e que relatórios ainda não dão os pontos que artigos originais em publicações
de referência dão. Trata-se de respeitar os direitos de autoria de quem
quer, efectivamente, ser autor de algo mais que um relatório.
Os relatórios não são publicação e o próprio Regulamento dos Trabalhos
Arqueológicos assim o assume. Por isso o assunto tem que ser tratado com
cuidado e espero que o esteja a ser. Digo eu, que sou dos que publica com
mais regularidade.
António Carlos Valera
Direcção do Núcleo de Investigação Arqueológica - NIA
ERA Arqueologia SA.
Cç. de Santa Catarina, 9C,
1495-705 Cruz Quebrada - Dafundo
antoniovalera@era-arqueologia.pt
www.era-arqueologia.pt
"Henrique Matias"
<henrique_matias@hotmail.com> Sent by: archport-bounces@ci.uc.pt 22-02-2013 15:16 |
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Ex.mos Senhores
Face ao volume de intervenções arqueológicas verificadas em Portugal ao
longo de mais de uma década (nos tempos pós-Alqueva), essencialmente propulsionadas
pelas intervenções de salvaguarda a cargo das Empresas de Arqueologia que
floresceram após esse projecto de grande envergadura, não olvidando os
estudos associados a projectos de investigação académicos suportados por
financiamentos públicos, torna-se pertinente uma síntese periódica das
mesmas, segundo o espírito das extintas Informações Arqueológicas
(publicadas entre 1977 e 1994). Englobam-se estas duas vertentes no mesmo
conjunto, porque se entende por Arqueologia não só como a escavação propriamente
dita, mas também o conhecimento decorrente dos projectos de investigação,
associados ou não a estas intervenções de emergência, e a sua disponibilização
à comunidade científica.
Não avançando com um projecto deste tipo, corre-se o risco de que mesmo
salvaguardando sítios e contextos arqueológicos da sua destruição efectiva,
através do registo (segundo os ditâmes legais), essa informação fique limitada,
ou quase inacessível, à comunidade arqueológica. Pretende-se então que,
face aos meios informáticos universais que existem hoje em dia, a
compilação destas Informações Arqueológicas fossem disponibilizadas
em formato digital e acessíveis online, sendo a DGPC a entidade mais competente
para a sua publicação.
Sabe-se que se encontra em curso o processo de disponibilização online
dos relatórios de escavação, juntamente com a informação disponível na
base de dados Endovelico. No entanto, consideramos que uma disponibilização
imediata da informação compilada, digamos anualmente, a respeito de todos
os trabalhos arqueológicos realizados é complementar com estes veículos
de informação.
Queremos com isto dizer que, na óptica de uma legítima vontade de acesso
a informação coligida, a reactivação das já mencionadas Informações
Arqueológicas se entende como um meio de partilha imediata de informação
entre pares, entendendo-a como um meio essencial para o desenvolvimento
da Arqueologia enquanto Ciência.
Neste contexto, e tendo em conta o âmbito económico-social em que actualmente
nos encontramos, a sua edição online revela-se como a mais apropriada (sendo,
pois e como referido, a DGPC o orgão mais capaz para materizalizar este
intento), sendo os seus custos naturalmente reduzidos. Aproveitamos então
o ensejo para abordar os nossos pares a respeito da pertinência deste projecto,
tendo em conta que informação não divulgada é encarada, cientificamente,
como informação inexistente.
Cordialmente
--
Henrique Matias
Bolseiro de Investigação
UNIARQ - Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa
Alameda da Universidade, 1600-214 Lisboa
tel: +351 969822673
http://www.uniarq.net/henrique-matias-cv.html
http://lisboa.academia.edu/henriquematias
Marco António Andrade
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