A PEÇA
DO MÊS O Museu Nacional de
Arqueologia (MNA) possui um acervo de muitos milhares, na verdade centenas de
milhares, de objectos. Provêm eles de intervenções arqueológicas programadas ou
de achados fortuitos, tendo sido incorporados por iniciativa do próprio Museu
ou por depósito ou por doação de investigadores e coleccionadores. Todos os períodos
cronológicos e culturais, e também todos os tipos de peças, desde a mais remota
Pré-História até épocas recentes, neste caso com relevo para as peças
etnográficas, estão representados no MNA. Às colecções portuguesas
acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos e regiões muito diversificadas. O MNA é ainda o museu
português que possui no seu acervo a maior quantidade de peças classificadas
como “tesouros nacionais”. Existe, pois, sempre motivo de descoberta nas colecções do PEÇA DO
MÊS COMENTADA O Conjunto de Oferendas Metálicas da Sepultura da Quinta da Água Branca nºs invº Au A
apresentar por O conjunto de oferendas
metálicas da sepultura da Quinta da Água Branca (Lovelhe, Vila Nova de
Cerveira, Viana de Castelo) constitui parte de um enterramento masculino A adaga ou espada curta,
produzida em cobre arsenical (Cu, As), o diadema fabricado numa fina lâmina de
ouro martelado e decorado com duas bandas de zig-zag limitadas por linhas
paralelas executadas em repoussé,
os dois anéis em espiral e os dois anéis de aro simples, fabricados a partir de
arames de secção rectangular achatada, caracterizam este espólio de excepção
certamente associado a uma personagem socialmente importante. A individualização do
ritual funerário que constitui um dos eventos marcadores do início da Primeira
Idade do Bronze (Bronze Antigo e Bronze Médio – c. 2250- A escassez relativa de
artefactos metálicos durante toda a Primeira Idade do Bronze, as condições da
sua produção em âmbito doméstico, o consumo limitado e a sua associação
primordial a enterramentos ou a “depósitos marcadores de
território”, tudo se conjuga para que esta primeira metalurgia ibérica
tenha um cariz não-tecnómico e associado primordialmente à produção de bens de
prestígio ao serviço da ostentação de status das respectivas elites nascentes
(Senna-Martinez, 2013). [1] Centro de
Arqueologia (Uniarq) da Universidade de Lisboa. 1600-214 LISBOA. smartinez@fl.ul.pt
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