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Re: [Archport] Um libelo?

To :   Diogo Teixeira Dias <djteixeiradias@gmail.com>
Subject :   Re: [Archport] Um libelo?
From :   Vitor Rafael <vitorarqueologia@gmail.com>
Date :   Sun, 3 Jan 2021 14:27:42 +0000

Por mim, o senhor em questão, ao fazer afirmações tão graves (dentro da sua ignorância, ou não) deverá denunciar os casos que conhece às autoridades competentes, isto para começarmos a separar o trigo do joio.
 
Quanto à ajuda a este senhor, falando por mim, só poucos arqueólogos terão a disponibilidade para se deslocar e o ajudar em presença, isto porque o cidadão em questão desconfia de nós, profissionais de património. Torna-se difícil, também, quando temos encargos e cuidados familiares redobrados, quando temos uma pilha de relatórios e caixas com milhares de materiais a serem analisados (uns mais, outros menos), quando temos um ou outro artigo na forja mas que está difícil de sair, etc.

Tudo isto é muito interessante ao nível teórico, mas primeiro, como eu afirmei anteriormente, deve esse senhor apontar o dedo ou então retratar-se na sua ignorância e precipitação.

Mas é apenas a minha opinião.

Abraço.

Vítor Rafael Sousa



Diogo Teixeira Dias <djteixeiradias@gmail.com> escreveu no dia domingo, 3/01/2021 à(s) 12:17:
Digníssimos,

O que constato do texto é muito simples: um particular interessado, e com opinião, que, segundo o próprio, bateu a várias portas. Essas portas, como não raramente vai acontecendo no nosso meio, fecharam-se. O cidadão, naturalmente, frustrou-se. O que é que faz? Manifesta a sua inquietude, perante uma resignação, aparentemente legítima, através de uma publicação livre, polvilhada de alguma desinformação e bastante revolta. 

Se só os informados e os conformados tivessem voz, este país regredia para os tempos anteriores ao 25 de abril e ao 25 de novembro (os quais, felizmente, não conheci, não vivi e não quero vir a viver...) 

Ninguém é perfeito. Faço um apelo, sobretudo aos colegas mais experientes, que se manifestaram antes de mim, e cujo trabalho admiro imenso: não se ofendam com opiniões.

Não faço ideia de quem seja, mas estou em crer que a melhor aproximação a um apelo (é o que ali vejo nas entrelinhas) de um cidadão interessado, mas em parte desinformado, é primeiro o diálogo e só depois a crítica (confirmando-se ou não os factos).

Atacar pessoas não costuma favorecer a classe, sobretudo quando os atacantes desconhecem todo o contexto (essa palavra-chave da Arqueologia) e os atacados manifestam também desconhecimento acerca do que realmente fazem os arqueólogos e arqueólogas deste país. Não os condeno. 

A julgar por muitos artigos que aí aparecem, pela inação de muitas instituições e pelo sobredimensionamento de muitas questiúnculas, também há muitos arqueólogos que não sabem bem o que andam cá a fazer.

Entenda-se que "muitos", à semelhança da expressão "a que raros investigadores escapam", não significa "todos" mas o "suficiente" para haver preocupação.

Possivelmente, embora a maçã não faça o alqueire, o autor do texto de opinião contactou com maus profissionais de Arqueologia, no sentido deontológico do termo.

Já algum arqueólogo, para além do Jorge Feio, se manifestou para ajudar, e tentar perceber o enredo de tudo isto? Eu aqui estou também...

Aproveito para lançar uma proposta de debate, para este ano de 2021:

"Ordem dos Arqueólogos"

(Já sei que alguém vai dizer que "esse debate já se fez há vinte anos", mas a verdade é que, em vinte anos, nasceu e morreu muita gente)

Estou certo que haverá uma entidade ou associação que o possa promover e acolher.

Cumprimentos a todos e um Bom Ano,

Vitor Rafael <vitorarqueologia@gmail.com> escreveu no dia domingo, 3/01/2021 à(s) 11:19:
Fiquei atónito com o texto desse senhor. Levamos uma vida de sacrifício, muitas vezes financeiro e familiar, em prol do património histórico-arqueológico, levando apenas daí um "salário" que não corresponde satisfatoriamente aos trabalhos e esforços desenvolvidos. Mas continuamos, abnegadamente, a lutar por algo em que acreditamos. 

Com certeza esse senhor, curioso e coleccionador, terá provas daquilo que afirma, para poder falar assim tão à vontade. Porque não denuncia essas situações à Polícia Judiciária e à DGPC? Para grandes afirmações terão de haver grandes evidências, caso contrário será só uma questão de tentar caluniar uma classe académica / profissional por motivos que, por enquanto, nos escapam.

Vejo aqui, à semelhança de outros casos, apenas mais uma tentativa de denegrir a ciência arqueológica e os seus profissionais, mas desta vez não se trata de uma patranha com pirâmides, dinossáurios e fenícios, mas sim uma acusação de corrupção contra uma classe profissional. Espero que, desta vez, não deixem passar isto em branco e venham a responsabilizar judicialmente quem acusa ou quem pratica.

Bom Ano Novo para todos os colegas, com votos de saúde e esperança num futuro melhor.

Vítor Rafael C. Sousa






António Manuel Silva <amspsilva@hotmail.com> escreveu no dia sábado, 2/01/2021 à(s) 17:05:
Prezado prof. Encarnação e prezados membros da lista,

Fui, por natural curiosidade, consultar o texto indicado e, no mínimo, fiquei estarrecido.
Surpreso pelas peças que, aparentemente, circulam no mercado antiquário, se bem entendi, e para além dos diversos considerandos histórico-arqueológicos, não posso deixar sem comentário a expressão:

«o “negócio” [a «garimpagem privada», que não sei bem o que é] depressa alastrou ao setor público onde se desenvolveu uma cultura de pilhagem a que raros investigadores escapam», 

acusação que logo a seguir o autor do texto estende à arqueologia comercial, referindo-se a  

«Sociedades controladas na maioria por agentes do Estado [??!!??], não espanta a garantia de negócios lucrativos: se nada aparece de relevante, a empreitada é a “despachar”; se surgem “peças boas”, sacam-se pela calada da noite e ainda voam mais depressa do que no Egipto, no século XIX»

Como arqueólogo do «setor público» há quase 25 anos, considero a primeira acusação ofensiva (mesmo incluindo-me nos «raros investigadores» excetuados), e no caso da arqueologia comercial - mesmo discordando de muitas das suas práticas - parece-me que a generalização é igualmente abusiva e caluniosa.

Não posso contestar a substância dos «factos», sobre os quais parece bem informado o autor do texto, «médico, empresário e político», como informa o site, mas entendo que a liberdade de expressão de uma crónica não autoriza a que, sem evidência explícita, se enlameie a dignidade de quase toda uma classe profissional. Se o Dr. Cândido Ferreira está, na verdade, de posse de informações tão graves, só tem um caminho: dirigir-se (por esta ordem) à Polícia Judiciária e à DGPC. Depois (admitindo que não o fez até agora), terá certamente mais autoridade para certo tipo de apreciações e comentários.

Bom ano a todos!

António Manuel S. P. Silva

Rua de Ramos 907 - 2º Dtº 4410-247 Canelas VNG | 916 395 239

http://usc-es.academia.edu/AntónioManuelSilva



De: archport-bounces@ci.uc.pt <archport-bounces@ci.uc.pt> em nome de jde@fl.uc.pt <jde@fl.uc.pt>
Enviado: sábado, 2 de janeiro de 2021 16:06
Para: archport <archport@ci.uc.pt>
Cc: duaslinhas <geral@duaslinhas.pt>
Assunto: [Archport] Um libelo?
 

                Olá!

                Publicou ontem Cândido Ribeiro um texto que porventura pode merecer a atenção não apenas dos arqueólogos singulares mas também das entidades que à Arqueologia superintendem. (Esta é, claro, a minha opinião a respeito do que li).

                O texto pode ser lido em: https://duaslinhas.pt/2021/01/sem-vacina-a-vista-assim-vai-a-nossa-arqueologia/

 

                                                               J. d’E.




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DIOGO TEIXEIRA DIAS
Arqueólogo

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