Caros colegas,
É caso para dizer que a carapuça serviu a alguém.
Um dos problemas mais importantes que se associam às práticas de assédio é precisamente a desvalorização dos testemunhos e, por conseguinte, das próprias vítimas.
Sugiro por isso que leiam os dois artigos publicados por Barbara Voss esta semana. Estão em acesso aberto. Valem tanto pelas reflexões como pela análise de inquéritos feitos nos EUA, no Canadá e em Espanha.
Cumprimentos, Rui Gomes Coelho Sent from my iPhone On 1 Apr 2021, at 10:59, Ricardo Gaidão <gaidao@hotmail.com> wrote:
Cara colega,
outro problema sério que temos em Portugal é o de um certo activismo, cada vez mais a rasar o fanatismo, que quer impingir a ideia que vivemos numa sociedade que nada evoluiu desde 1500.
Pelo contrário, apesar das imperfeições e do caminho que falta trilhar, vivemos numa sociedade que não só reconhece estes problemas, como também criou mecanismos legais e institucionais para lidar com os mesmos. Quando alguém se depara com as situações, apontadas
no mencionado estudo, é a estes que deve recorrer.
Fui educado por uma geração de pessoas que viveu durante o Estado Novo e sempre lutou para acabar com um sistema que tolerava o assédio (de todos os tipos) no local de trabalho, a descriminação por género e orientação sexual em termos contratuais, salariais
e de progressão na carreira. O que aprendi com estas pessoas é que tal luta deve ser realizada dialogando com os intervenientes de forma construtiva. Acima de tudo, deve ter um carácter universal, devendo ser feita por todos, em benefício de todos.
Como acontece em todas as lutas existem reveses e os meios não são infinitos, razão pela qual devemos sempre investir na resolução dos problemas de fundo mais graves e não nos dispersarmos em pseudo-polémicas da moda importadas (ou como agora se diz "culturalmente
apropriadas" ) do mundo anglo-saxónico.
Num país em que todos os anos morrem dezenas de mulheres (e também alguns homens) vítimas de violência doméstica, onde ainda existe descriminação salarial por género, onde alguns patrões abusam dos funcionários emigrantes (recusando documentação e salários),
e tantos outros problemas de igual gravidade, parece-me óbvio que a resolução destes não só é prioritária, como é também obrigatória para que questões apontadas pelo estudo de Stanford (abertamente panfletário e alarmista) deixem de existir.
Quanto à minha triste e problemática " falta de empatia atroz" apontada, lamento, mas não consigo ser empático apenas com os problemas e sofrimento de um grupo humano específico. Reservo a minha empatia para os problemas de fundo e sofrimento que afectam a
humanidade no geral.
Cumprimentos
De: Joana Valdez <joanavaldez@gmail.com>
Enviado: quinta-feira, 1 de abril de 2021 06:43
Para: Ricardo Gaidão <gaidao@hotmail.com>
Cc: Archport <archport@ci.uc.pt>
Assunto: Re: [Archport] RE: In the discipline of archaeology, harassment is occurring at ‘epidemic rates,’ says Stanford scholar
Há efectivamente vários problemas em Arqueologia em termos de condições laborais. Mas o assédio e o bullying são também problemas sérios e que existem também em Portugal. Urge falar sobre estas questões e criar mecanismos para as resolver o
mais possível. Não estão dissociadas das questões que mencionou.
A sua resposta ao e-mail do Rui Gomes Coelho, com uma falta de empatia atroz, foi muito triste e constitui parte do problema.
Cumprimentos
Really!!! Oh my God!!!
Pensei que os problemas epidémicos na Arqueologia (portuguesa) estivessem na precariedade profissional, na falta de segurança nos locais de trabalho, nos salários cada vez mais miseráveis, no desinvestimento contínuo nas instituições tutelares da área.
https://news.stanford.edu/2021/03/30/harassment-archaeology-occurring-epidemic-rates/
Harassment in the workplace can take many forms. It can be physical – such as nonconsensual sexual contact or quid pro quo
coercions – or nonphysical – which includes nonverbal and verbal behavior such as sexually-charged jokes and innuendo, derogatory insults or other bullying comments. Harassment can also be considered discrimination when connected to a target’s identity: gender,
sexual orientation, age, race, ethnicity, national origin, class background, queerness and/or disability.
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