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[Archport] RE: In the discipline of archaeology, harassment is occurring at ‘epidemic rates,’ says Stanford scholar

To :   Rui Gomes Coelho <ruigomescoelho@gmail.com>, Archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] RE: In the discipline of archaeology, harassment is occurring at ‘epidemic rates,’ says Stanford scholar
From :   Ricardo Gaidão <gaidao@hotmail.com>
Date :   Thu, 1 Apr 2021 12:36:17 +0000

Mesmo conhecendo as técnicas baixas utilizadas pelos apóstolos do Politicamente Correcto  não consigo deixar de ficar triste cada vez que as vejo serem utilizadas.

                                   "Caros colegas, É caso para dizer que a carapuça serviu a alguém." (citação)

Lançar acusações infundadas para tentar queimar alguém social e profissionalmente, apesar de ter alguma eficácia, nem sequer é novidade no nosso país!
Bufos da PIDE e Irmãos do Santo Ofício também eram exímios nesta arte. Poderão mesmo ser uma boa fonte de inspiração para enriquecer a imaginativa Cartilha do Politicamente Correcto, tão caro à Direita Norte Americana (e curiosamente também a alguma Esquerda Europeia!).

                                  "Um dos problemas mais importantes que se associam às práticas de assédio é
                                  precisamente a desvalorização dos testemunhos e, por conseguinte, das próprias vítimas." (citação)

Mas alguém desvalorizou as vítimas?! Você ao menos leu o que escrevi? Eu reconheço que infelizmente existem abusos de todo o tipo em contexto laboral no nosso país. E que a luta para acabar com tais práticas é antiga e deve ser sempre contínua. Apenas crítico o carácter identitário, panfletário e alarmista do estudo em questão.

Somente não considero, perante o enquadramento legal já existente, que o sector laboral da Arqueologia tenha especificações diferentes dos restantes. Tenho também sérias dúvidas que em Portugal exista uma "TAXA EPIDÉMICA" de abusos sexuais em contexto laboral em Arqueologia. Vinte anos a trabalhar no ramo e a falar com outros colegas e nunca vi o cenário de horror descrito.

Aparentemente a autora do estudo teve que recuar até aos idos de 1800 para construir este cenário! Será que contabilizou as sevícias sofridas pelo arqueólogo T. E. Lawrence na mão dos turcos ou o cativeiro de Gertrude Bell na mão de árabes misóginos? Seria curioso, visto que nos casos descritos, foram as actividades de espionagem e não as arqueológicas, que motivaram tais abusos.

Isto não significa que esteja a negar a existência de casos (eventualmente alguns até graves), mas tal como escrevi, já existem mecanismos para lidar com tais abusos. Peço desculpa para quem adora viver numa torre de Marfim, mas o assédio (de qualquer tipo) perpetrado contra um pós-doc em Arqueologia, causa o mesmo sofrimento que um assédio da mesma natureza realizado sobre um operário com o 9º ano. Ambos devem ser socialmente expostos e condenados judicialmente de igual modo.



De: archport-bounces@ci.uc.pt <archport-bounces@ci.uc.pt> em nome de Rui Gomes Coelho <ruigomescoelho@gmail.com>
Enviado: quinta-feira, 1 de abril de 2021 11:05
Para: Archport <archport@ci.uc.pt>
Assunto: Re: [Archport] In the discipline of archaeology, harassment is occurring at ‘epidemic rates,’ says Stanford scholar
 
Caros colegas,

É caso para dizer que a carapuça serviu a alguém.

Um dos problemas mais importantes que se associam às práticas de assédio é precisamente a desvalorização dos testemunhos e, por conseguinte, das próprias vítimas. 

Sugiro por isso que leiam os dois artigos publicados por Barbara Voss esta semana. Estão em acesso aberto. Valem tanto pelas reflexões como pela análise de inquéritos feitos nos EUA, no Canadá e em Espanha.

Cumprimentos,
Rui Gomes Coelho

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On 1 Apr 2021, at 10:59, Ricardo Gaidão <gaidao@hotmail.com> wrote:


Cara colega,

outro problema sério que temos em Portugal é o de um certo activismo, cada vez mais a rasar o fanatismo,  que quer impingir a ideia que vivemos numa sociedade que nada evoluiu desde 1500.
Pelo contrário, apesar das imperfeições e do caminho que falta trilhar, vivemos numa sociedade que não só reconhece estes problemas, como também criou mecanismos legais e institucionais para lidar com os mesmos. Quando alguém se depara com as situações, apontadas no mencionado estudo, é a estes que deve recorrer.

Fui educado por uma geração de pessoas que viveu durante o Estado Novo e sempre lutou para acabar com um sistema que tolerava o assédio  (de todos os tipos) no local de trabalho,  a descriminação por género e orientação sexual em termos contratuais, salariais e de progressão na carreira.  O que aprendi com estas pessoas é que tal luta deve ser realizada dialogando com os intervenientes de forma construtiva. Acima de tudo,  deve ter um carácter universal, devendo ser feita por todos, em benefício de todos.

Como acontece em todas as lutas existem reveses e os meios não são infinitos, razão pela qual devemos sempre investir na resolução dos problemas de fundo mais graves e não nos dispersarmos em pseudo-polémicas da moda importadas (ou como agora se diz "culturalmente apropriadas" ) do mundo anglo-saxónico.

Num país em que todos os anos morrem dezenas de mulheres (e também alguns homens) vítimas de violência doméstica, onde ainda existe descriminação salarial por género, onde alguns patrões abusam dos funcionários emigrantes (recusando documentação e salários), e tantos outros problemas de igual gravidade, parece-me óbvio que a resolução destes não só é prioritária, como é também obrigatória para que questões apontadas pelo estudo de Stanford (abertamente panfletário e alarmista) deixem de existir.  

Quanto à minha triste e problemática " falta de empatia atroz" apontada, lamento, mas não consigo ser empático apenas com os problemas e sofrimento de um grupo humano específico. Reservo a minha empatia para os problemas de fundo e sofrimento que afectam a humanidade no geral.

Cumprimentos



De: Joana Valdez <joanavaldez@gmail.com>
Enviado: quinta-feira, 1 de abril de 2021 06:43
Para: Ricardo Gaidão <gaidao@hotmail.com>
Cc: Archport <archport@ci.uc.pt>
Assunto: Re: [Archport] RE: In the discipline of archaeology, harassment is occurring at ‘epidemic rates,’ says Stanford scholar
 
Há efectivamente vários problemas em Arqueologia em termos de condições laborais. Mas o assédio e o bullying são também problemas sérios e que existem também em Portugal. Urge falar sobre estas questões e criar mecanismos para as resolver o mais possível. Não estão dissociadas das questões que mencionou. 

A sua resposta ao e-mail do Rui Gomes Coelho, com uma falta de empatia atroz, foi muito triste e constitui parte do problema. 

Cumprimentos

On Thu, 1 Apr 2021 at 00:21, Ricardo Gaidão <gaidao@hotmail.com> wrote:
Really!!! Oh my God!!!

Pensei que os problemas epidémicos na Arqueologia (portuguesa) estivessem na precariedade profissional, na falta de segurança nos locais de trabalho, nos salários cada vez mais miseráveis, no desinvestimento contínuo nas instituições tutelares da área.



De: archport-bounces@ci.uc.pt <archport-bounces@ci.uc.pt> em nome de Rui Gomes Coelho <ruigomescoelho@gmail.com>
Enviado: quarta-feira, 31 de março de 2021 17:16
Para: Archport <archport@ci.uc.pt>
Assunto: [Archport] In the discipline of archaeology, harassment is occurring at ‘epidemic rates,’ says Stanford scholar
 
https://news.stanford.edu/2021/03/30/harassment-archaeology-occurring-epidemic-rates/

Harassment in the workplace can take many forms. It can be physical – such as nonconsensual sexual contact or quid pro quo coercions – or nonphysical – which includes nonverbal and verbal behavior such as sexually-charged jokes and innuendo, derogatory insults or other bullying comments. Harassment can also be considered discrimination when connected to a target’s identity: gender, sexual orientation, age, race, ethnicity, national origin, class background, queerness and/or disability.

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