Boa tarde colegas,Foi exatamente com o objetivo de ir tentando resolver essas e outras questões que foi criado o STARQ (Sindicato dos trabalhadores de Arqueologia) cuja página vos remeto (https://starq.info/). Convém, no entanto, salientar que até ao momento existem apenas dois delegados sindicais representados (um da tutela e outro de uma única empresa privada), o que denota uma fraca existência de sindicalizados nas outras empresas... Desinteresse, desconhecimento ou alguma impossibilidade imposta aquando do vínculo de trabalho nessas empresas? Bom, são questões...Cumprimentos,André Manique_______________________________________________On Tue, Aug 3, 2021 at 12:56 PM Catarina Quinteira <c_quinteira@hotmail.com> wrote:_______________________________________________A resposta é simples, e complexa em simultâneo.
Para começar basta que os arqueólogos digam, simplesmente 'não' a condições de trabalho indignas e pagamentos abaixo do tabelado para técnico superior, acrescendo os custos de relatórios, consumíveis, seguros, etc.. tendo sempre em conta que 50% do valor cobrado vai para impostos fixos, nomeadamente Segurança Social e Retenção na Fonte (quando se apresenta um orçamento é importantíssimo fazer-se contas). Quando se é convidado a aceitar uma proposta com orçamento pré-definido pela empresa/entidade contratante e a recibo-verde, é seguir a mesma regra. É só dizer 'não'. São eles que precisam de fazer obra, escavações, EIA's e cumprir o estabelecido na lei quando estas acções estão condicionadas à especialidade de arqueologia.
A complexidade disto tudo começa na regulação. Não existindo regulação do sector/actividade/profissão, cada um faz o que quer e como quer, dando lugar, inclusivamente e frequentemente, a práticas muito questionáveis, quer arqueológicas, quer deontológicas, quer de compatibilidade de funções. Há muito que o digo e reitero, urge a criação de uma ordem profissional que regule, transversalmente a actividade e o sector. Urge, de igual modo, o estabelecimento legal do 'estatuto dos arqueologos'.
Não está já na hora de nos unirmos e avançar com isso?
Catarina Quinteira
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From: archport-bounces@ci.uc.pt <archport-bounces@ci.uc.pt> on behalf of Diogo Teixeira Dias <djteixeiradias@gmail.com>
Sent: Tuesday, August 3, 2021 9:49:05 AM
To: Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Cc: Archeo Red <archeored@gmail.com>; archport@ci.uc.pt <archport@ci.uc.pt>
Subject: Re: [Archport] Não chega já de precariedade na Arqueologia ?Subscrevo o Alexandre Monteiro.
A competitividade no setor pode e deve existir. Mas acima de uma fasquia.Reitero o que já muitos disseram, várias vezes: é preciso uma regulação do setor, que só se consegue através de uma Ordem ou Associação Profissional.
Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com> escreveu no dia terça, 3/08/2021 à(s) 09:26:
Enquanto houver arqueólogos dispostos a trabalhar por tostões, continuarão a receber tostões.
Em terça-feira, 3 de agosto de 2021, Archeo Red <archeored@gmail.com> escreveu:
_______________________________________________Bom dia a todos.
Há muitos anos que sigo esta fantástica mailing list que tanto tem contribuído para a arqueologia portuguesa. Contudo, acho que não se tem abordado devidamente a temática da precariedade laboral na Arqueologia.
Depois da Licenciatura e do Mestrado comecei a trabalhar há cerca de 5 anos numa empresa como "falsos trabalhador independente". Acrescento que sempre trabalhei desde muito jovem de forma a garantir sustento para as minhas despesas pessoais e nunca assisti a nada igual.
Gostaria de saber a opinião de boa parte dos utilizadores desta plataforma em relação à precariedade no sector da arqueologia empresarial / arqueologia em contexto de obra.
Sei que é uma problemática que já dura há anos mas penso que é necessário fazer alguma coisa. Ao longo dos anos tenho vindo a assistir a um vai e vem de arqueólogos que acabam por desistir da profissão pela qual se dedicaram anos a estudar. Acho que estamos todos um bocado fartos disto.
A precariedade laboral que se pratica no mundo da arqueologia tem-se revelado um enorme flagelo. Os recibos verdes não dão qualquer tipo de proteção social. Somos licenciados e mestres sem direito a férias, a subsidio de alimentação, a subsidio de natal, subsidio de desemprego, baixa médica, seguro de acidentes de trabalho, medicina no trabalho. Trabalhamos 8 horas por dia em ambientes perigosos e sem qualquer tipo de salubridade. E no final disto tudo, se tivermos sorte de trabalhar 21 dias por mês, porque toda a gente sabe como é que isto funciona " epá, agora esperas uma semaninha ou duas em casa e depois nós logo te chamamos", temos a felicidade de levar para casa um vencimento abaixo do ordenado mínimo nacional.
Eu pergunto: NÃO CHEGA JÁ??
Não haverá nada que se possa fazer? Os profissionais de arqueologia encontram-se completamente desgastados. E no final de tudo quem paga é o património.
Penso que os donos das empresas tem a obrigação de se sentar à mesa e discutirem esta matéria. É inadmissível continuarmos nestas condições. Tal como uma obra não se faz sem Engenheiros, também não se faz sem arqueólogos (quando necessário). Se esta obrigação está prevista na lei então como é que se explica tal disparidade salarial??Eu não sei se já se aperceberam, mas nós temos a faca e o queijo na mão ou pelo menos podíamos ter.
Eu não sei se isto vai para a frente que Ordens, Greves ou Sindicatos. Sei que este assunto merece a atenção de todos. É inaceitável continuarmos a tapar o sol com a peneira e continuar a assobiar para o lado.
Francisco Franzola
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