Se há ilegalidades, então há que denunciá-las ao sindicato e/ou à ACT. Por vezes parece, mas não vivemos numa república das bananas e queixas fundamentadas dão direito a sanções ou a integrações no quadro.Se por isso legalidades se entende precariedade e baixos salários então é o que há - e é o que vai haver até os explorados se decidirem lutar pelos seus direitos.Para quem é de História, como nós, creio não preciso ser relembrar que os direitos laborais que damos hoje em dia como garantidos só foram conquistados com luta por parte dos assalariados e proletários, quantas vezes à custa de fome, prisão ou da própria vida, numa luta de classes que muito boa gente do sistema anda a ver se ilude evocando questões identitárias que só servem para epatêr les bourgeois.Falem menos e façam mais. Convoquem uma greve, parece-me um muito bom ponto de partida.
Em quinta-feira, 5 de agosto de 2021, Rodrigo Carlos <totallynotsatan4@gmail.com> escreveu:Pois, concordo porém para um arqueólogo que tenha começado não existe grande alternativa, ou é isso ou é nada.O problema é que o não aceitar trabalhar pressupõe, em muitas ocasiões, passar fome. O trabalhador está completamente à mercê das empresas que dominam o mercado. O recusar a trabalhar abaixo da fasquia para determinadas pessoas implica o fazer com que a família passe fome. Esta falta de empatia e compreensão também ajuda a proliferar a precariedade e cria situações de tensão entre pessoas que querem mudar o paradigma e pessoas que precisam desesperadamente de defender o seu lugar, mesmo que este seja trabalhar por migalhas. Esta manipulação só terminará quando a comunidade desenvolver a capacidade de se meter no lugar do outro, de se unir e realizar ações rápidas de modo a que ninguém saia lesado.Relativamente ao ponto B, julgo ser um argumento descabido. Se uma empresa não tem capacidade de existir cumprindo a lei, não deve existir. Não deve alimentar o incumprimento de leis só para nos "safarmos". Todos nós sabemos que o mercado é dominado por empresas que recorrem a ilegalidades constantes e num mercado doente, tudo o que vem a seguir, estará automaticamente doente. O mal nesta situação tem de ser cortado pela raiz.Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com> escreveu em qui., 5/08/2021 às 16:55 :A problema começa logo por alguém permitir que “o arqueólogo recém formado sem qualquer tipo de preparação para encarar obras gigantes” esteja nessas obras sem ser em contexto de estágio profissional.Quanto ao resto só há duas alternativas:A) ou os arqueólogos por conta de outrem se recusam trabalhar abaixo de uma determinada fasquia, ou;B) os arqueólogos por conta de outrem que não queiram assim recusar-se, abrem a sua própria empresa e tornam-se patronato. E começam a oferecer as condições que antes reclamavam.
Em quinta-feira, 5 de agosto de 2021, Rodrigo Carlos <totallynotsatan4@gmail.com> escreveu:A culpa é sempre da vítima, o arqueólogo recém formado sem qualquer tipo de preparação para encarar obras gigantes em que se vê entre a espada e a parede é que tem a culpa.
Existe um abandono sistémico por parte da tutela, dos colegas e das próprias universidades.
Realmente esta realidade de passar a batata quente ao próximo é uma das verdadeiras culpadas disto tudo estar assim.
O arqueólogo que começa a trabalhar é completamente vítima das circunstâncias. Já trabalhei em várias empresas e durante vários anos e até em vários países diferentes, já recebi mais e já recebi menos e defendo plenamente que a verdadeira culpa desta situação são as empresas.
São os donos disto tudo que acham por bem manipular as pessoas quer a nível monetário, quer a nível emocional apoiando-se em esquemas de amizades duradouras que cegam os trabalhadores. No fundo estou só a fazer um favor ao meu amigo da faculdade que também é meu patrão.
Junta-se a agravante dos que acham por bem defender o patronato sempre que se encontram numa posição de “poder”. Como se nos dias de hoje conseguir um contrato a salário mínimo fosse realmente uma grande vitória. Especialmente se for uma pessoa com qualificações legítimas e anos e anos de investimento na área.
O jovem arqueólogo encontra-se assim numa posição de desvantagem no que toca a ver mudança e a lutar pela mesma, vítimas de um sistema que alimenta pessoas que só vêm a sua barriga e que se rodeiam de outras tantas que só não torturam os colegas porque não o podem por lei.
Se existe vontade para mudança também tem de existir vontade para que esta aconteça. Subscrevo ao que foi dito anteriormente: uma greve para quando?
- Carlos
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