Re: [Archport] Fwd: Seria assim tão difícil as empresas se juntarem por melhores condições de trabalho?

[Rodrigo Carlos <totallynotsatan4@gmail.com>]

Lamento informá-lo, mas a realidade não é essa.

Um trabalhador que leve uma empresa a tribunal por incumprimento da lei (neste caso os falsos recibos verdes), por norma tem uma rápida resolução em tribunal.

A empresa não só é obrigada a pagar uma compensação como ainda é forçada a pagar todos os subsídios que não deu durante os anos em que o falso trabalhador esteve no seu encargo.

A realidade, porém, é de que nem toda a gente tem capacidade monetária de pagar a um advogado nem a disponibilidade mental para ir “à luta”. É complicado, mas são tantos anos de subjugação que destroem uma pessoa por completo e esta muitas das vezes não tem força para recuperar o que por lei devia ser dela desde o início da sua carreira.

Compreendo a sua frustração e partilho-a, mas a discussão destes tópicos não pode ser só discutida em fóruns, tanto do sindicato ou mesmo aqui. O grande problema e o que verdadeiramente segura a arqueologia em Portugal são os colegas.

Quem trabalha no meio empresarial de certeza que já teve que lidar com isto, são todos revolucionários até o seu posto de trabalho for posto em causa, o que, logicamente, é compreensível, mas que atrasa tudo e atropela-se colegas de modo a manter-se uma posição de ordenado mínimo a contrato.

É difícil existir alguma prevenção por parte do sindicato quando os colegas dentro das empresas não colaboram e muitas das vezes são os primeiros a defender os patrões.  

Quando falo disto, sei do que falo até porque já ando no meio há muitos anos. Ações junto a empresas há e houve algumas, porém os primeiros a impedirem um verdadeiro progresso são os próprios colegas que como já têm as “costas quentes” não lhes interessa muito se as coisas melhoram ou não.

Cumprimentos,

Rodrigo Carlos 

On Fri, Oct 8, 2021 at 11:42 AM jose sampaio <j.a.sampaio.75@gmail.com> wrote:

Não concordo que o sindicato deva atuar apenas em fase tardia de reinvindicação de direitos. Concordo sim, que deve atuar em fase preventiva. Prevenindo mesmo o recurso a tribunais. 

A lei, como existe atualmente, protege mais as empresas de arqueologia, que não são entidades contratantes, mas sim entidades enquadrantes, que os próprios profissionais de arqueologia. 

A grande maioria dos profissionais de arqueologia não têm qualquer contrato, ou então têm um contrato de prestação de serviços. 

Os profissionais de arqueologia que não estão vinculados por contrato de trabalho, não estão abrangidos pela lei do código de trabalho, pelo que em tribunal é mais difícil obter resultados concretos.

É nesse ponto que insisto que o sindicato tem uma grande oportunidade de atuar em diálogo com os profissionais e com as empresas para realmente conseguir que se faça a diferença e a situação finalmente mude. 

Não é apontar o dedo ou atribuir culpas ao sindicato, é sim o desespero para alguém que tem mais de 20 anos de carreira e continua, ainda como em 2000, a não ver nenhuma melhoria na profissão de arqueologia.

Apesar de tudo, vê-se mais discussão pública neste forum que nas ações promovidas pelo STARQ. Para isso basta fazer uma pesquisa rápida pelo site do STARQ. Denúncias, denúncias, informação pertinente aos associados e simpatizantes, exaltação da CGTP, mas ações junto das empresas e tutela para melhorar as condições de vida dos profissionais de arqueologia, um grande 0.

Cumprimentos.

---------- Forwarded message ---------
De: Rodrigo Carlos <totallynotsatan4@gmail.com>
Date: quinta, 7/10/2021 à(s) 11:48
Subject: [Archport] Seria assim tão difícil as empresas se juntarem por melhores condições de trabalho?
To: <archport@ci.uc.pt>

Concordo em parte com o argumento de que “as pessoas se sindicalizam se virem resultados”, porém penso que não seja assim tão simples de resolver.

Se não houver pessoas suficientes para fazerem a diferença dentro do sindicato, logicamente que não vão existir resultados por parte do sindicato.

Não nos podemos esquecer, também, de que as pessoas que trabalham no sindicato não vivem para o sindicato e têm trabalho, têm família e têm outras prioridades para além do mesmo. De qualquer forma, o sindicato ao longo da sua existência tem vindo a conseguir bastantes vitórias, inclusive no que toca na defesa de trabalhadores em tribunal.

Penso que um dos maiores erros do sindicato é a forma de como passa estas informações. Acabam por ficar “escondidas”, logicamente que não de propósito, e não chegam às pessoas, acabando por existirem correntes de desinformação quase por toda a comunidade laboral e até mesmo dentro das próprias universidades. Julgo que está na hora do sindicato trabalhar mais na sua imagem.

Apesar de tudo, o sindicato é uma ótima ferramenta que existe para se atingir um objetivo específico. 

Penso que a mudança da realidade laboral passa por todos e não me parece ser nada construtivo estar aqui a apontar dedos e a tentar descobrir de quem é a culpa, até porque normalmente costuma-se dizer que quem não vota não tem direito a queixar-se. 

Rodrigo Carlos

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