Professores
não sabem identificar aluno com necessidades especiais 06.06.2010 - Por Samuel
Silva Estudo da
Universidade do Minho conclui que a Classificação Internacional de
Funcionalidade prejudica alunos e não deveria ser usada nas escolas. O uso da
Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) como forma de avaliar os
alunos com necessidades educativas especiais pode causar mais danos do que
benefícios aos estudantes. O alerta é de Luís Miranda Correia e de Sónia
Lavrador, investigadores do Instituto de Educação da Universidade do Minho, num
estudo sobre a aplicação deste método para avaliar as crianças com necessidades
educativas especiais permanentes. Para Luís Miranda Correia, uma das principais
vozes contra a aplicação da CIF nas escolas, esta "não passa de uma
classificação sem qualquer mérito científico em educação, uma vez que não existe
investigação fidedigna que aconselhe o seu uso". Durante um ano, os
investigadores acompanharam a aplicação da CIF junto de 21 inquiridos: sete
professores do 1.º ciclo, sete da educação especial e sete psicólogos de sete
escolas do distrito de Vila Real. "O uso
da CIF causa mais danos aos alunos do que lhes traz benefícios", afirma
Miranda Correia, depois de analisar os resultados. O autor defende que enquanto
não existir investigação fidedigna que aconselhe o uso deste instrumento, ele
não devia ser usado, considerando que o Ministério da Educação cometeu "um
grave erro" ao aprovar a sua utilização. No
inquérito, foi pedido aos participantes que analisassem um caso de um aluno à
luz da CIF - o caso é o mesmo que a tutela utilizou na formação de professores.
Os resultados foram "díspares", "consubstanciando uma
heterogeneidade de posições que aparentam um comportamento aleatório quanto à
escolha das opções", revela. Os dados "parecem levantar suspeitas
sobre a credibilidade das respostas e sobre a inconsistência e inexperiência no
que respeita aos saberes que levam a um processo eficaz de atendimento dos
alunos", diz o estudo: 66 por cento dos inquiridos entendem que a CIF não
permite determinar a elegibilidade de um aluno para os serviços de educação
especial; 75 por cento afirmam que este método não devia servir de base à
elaboração do programa educativo especial para cada aluno com necessidades
educativas especiais. Mais de
metade dos inquiridos diz não ter recebido formação sobre a utilização da CIF,
apesar de mais de 75 por cento terem utilizado a classificação mais de 11 vezes
nos dois últimos anos lectivos. Entre os agentes educativos que participaram no
estudo, 43 por cento consideram o instrumento eficaz e pouco confuso, embora
para 71 por cento este seja subjectivo. Em Janeiro
de 2008, o ministério alterou a forma como os serviços de educação especial
eram prestados. Esta foi alvo de críticas de professores, especialistas e
associações de pais, especialmente devido à utilização da CIF - criada por Rune
J. Simeonsson e adoptada pela Organização Mundial de Saúde - como base para a
avaliação dos alunos que devem ser incluídos no ensino especial e também como
instrumento para a elaboração dos seus planos educativos. No início
do ano passado, o ministério encomendou uma avaliação externa à aplicação da
CIF - que ainda não está concluída -, convidando Rune J. Simeonsson e Manuela
Sanches Ferreira, da Universidade do Porto, para a coordenar. Contactada,
Manuela Sanches Ferreira não comenta o estudo do Minho. (In Público online) Universidade
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