Temas e Debates da UC
Inclusão na Universidade de Coimbra: um percurso com 20
anos
Setembro! Para uns o
fim das férias…, para outros um momento decisivo nas suas vidas, o do
ingresso no Ensino Superior. Após doze anos de
estudo, uma nova etapa se inicia, para uns é uma mudança de estabelecimento e
de nível de ensino, mas, para outros é uma mudança de vida, pela primeira vez
vão viver longe das suas famílias, dos seus amigos, dos seus espaços de
referência, muitos, por razões diferenciadas, vão sentir necessidade de apoio
na sua integração para se sentirem incluídos nesta instituição que os acolhe. Durante uma semana os
jovens estudantes colocados na Universidade de Coimbra aguardavam, muitos
acompanhados pelos seus familiares, pela sua vez para efectuarem a sua
matrícula e ao longo da semana em que escrevo estas palavras, da janela do meu
gabinete vejo e ouço, e de que maneira ouço, os doutores e os caloiros numa
acção de praxe, integradora destes últimos. E é também de inclusão
que a Newsletter da Universidade me sugere que fale, que escreva, de integração
e inclusão dos estudantes com deficiência/ necessidades educativas especiais
(NEEs). Falar de inclusão e
particularmente falar de inclusão de pessoas com deficiência/ necessidades
educativas especiais na Universidade de Coimbra leva-me a falar de um percurso
de 20 anos, iniciado pela capacidade organizativa/reivindicativa dos próprios
estudantes com deficiência, especialmente dos estudantes com deficiência visual
que encontraram, nos então responsáveis da Administração, a sensibilidade
inclusiva que esteve na base da criação do serviço que hoje se designa de Apoio
Técnico-Pedagógico ao Estudante com Deficiência (ATPED) e que se enquadra na
Divisão Técnico-Pedagógica do Departamento Académico. A matriz de criação e
desenvolvimento deste serviço foram as necessidades educativas especiais
decorrentes da deficiência visual, mas ao longo do percurso a situação foi-se
alterando e o apoio foi-se estendendo aos estudantes com deficiência física e
ou sensorial e, progressivamente, a outros estudantes com necessidades
educativas especiais resultantes de doença orgânica incapacitante, de doença do
foro psiquiátrico, de doenças graves limitativas das normais funções associadas
a tratamentos agressivos. As funções deste
serviço estruturam-se em torno da avaliação das NEEs apresentadas pelo
estudante e do respectivo impacto no seu processo de aprendizagem e globalmente
no seu percurso académico, do acompanhamento técnico e personalizado, através
da negociação e implementação de medidas que promovam as condições para a
igualdade de oportunidade de sucesso ao longo do curso, de
produção/disponibilização de materiais didácticos em formato alternativo ao
livro convencional, de dinamização de um centro de documentação destes
formatos, de formação dos estudantes com deficiência visual em novas
tecnologias de informação. O acompanhamento,
inicia-se a partir de uma entrevista de acolhimento e informação em que cada
caso é avaliado e em que são definidas as medidas a implementar. Para garantir
o sucesso deste processo o ATPED desenvolve uma acção de interface com os
órgãos de gestão das Unidades Orgânicas e respectivos serviços, um
acompanhamento sistemático junto dos docentes destes estudantes e uma
monitorização e avaliação das medidas aplicadas. Relativamente à
deficiência visual o ATPED sempre se confrontou com uma forte diversidade:
estudantes com cegueira total, uns com vivência dessa deficiência, outros que
se confrontam ao longo do curso com a perda de visão; estudantes com baixa
visão, uns com amblíopia grave, outros com amblíopia moderada, o que exige a
disponibilização de documentação acessível, e nesse sentido foi criado um
centro de produção de materiais didácticos em formato alternativo ao livro
convencional, em Braille, suporte papel ou digital e com caracteres ampliados. Em parceria com outras
Instituições de Ensino Superior a Divisão Técnico-Pedagógica/ Apoio Técnico-
Pedagógico de Apoio ao Estudante com Deficiência, em cooperação com o Serviço
Integrado das Bibliotecas – SIBUC, dinamizam a Biblioteca Aberta do
Ensino Superior (BAES), uma biblioteca com conteúdos acessíveis on-line,
resultante da articulação de três áreas: produção de informação, acesso à
informação e partilha de informação, à qual os estudantes com deficiência
visual, devidamente autenticados, têm acesso ao texto integral acessível. De modo a corresponder
às necessidades dos estudantes com NEEs o ATPED dispõe de um posto de acesso
para deficientes visuais, cegos e com baixa visão, com softwares específicos
para leitura e escrita em Braille, equipamento para deficientes motores:
teclado inteligente, braço articulado, virador de página, manípulo e simulador
de rato. O desenvolvimento das
tecnologias informáticas, o acesso ao correio electrónico, a bases de dados, a
bibliotecas virtuais, a uma grande e diversificada oferta de software, exige a
capacidade de manusear os computadores, tornando-se a capacidade de com eles
trabalhar imprescindível no processo ensino/aprendizagem. Para as pessoas com
deficiência visual, a utilização dos computadores permite-lhes a realização
autónoma das tarefas que, de outro modo, seriam impossíveis ou pelo menos
difíceis de realizar. Para este público o acesso à informática exige o domínio
de ferramentas específicas - leitor de ecrã, terminais de voz -, pelo que o
ATPED ministra formação, estruturada em módulos gerais – Windows, Word,
Excel...; e em módulos específicos – leitor de ecrã, terminais Braille ou
computadores adaptados. Para corresponder a
esta necessidade é ministrada formação certificada, em aulas individuais, de
modo a garantir a aquisição de conhecimentos informáticos que garantam a
realização autónoma de actividades em contexto escolar, social. São também leccionados
cursos de Braille extensíveis a toda a comunidade universitária. E porque os estudantes
com necessidades educativas especiais são cidadãos com direito de fruir da
produção cultural e científica da Universidade de Coimbra articulamo-nos com
estruturas da Universidade organizando e adaptando actividades de modo a que
qualquer um tenha idênticas possibilidades de as consumir. Revendo-nos no que foi
feito, estamos conscientes do muito que, nesta matéria, temos ainda para fazer,
a formação humanística e a responsabilidade/compromisso social da Universidade
de Coimbra exige-nos, exige de cada um de nós uma abertura e uma aceitação do
diferente, seja qual for a origem dessa diferença. Àqueles que ao lerem
estas palavras entendam necessitar deste apoio, ou conheçam quem dele necessite
procurem o ATPED no edifício S. Jerónimo, no largo D. Dinis, nós estamos à
vossa espera. Ana Cristina Abreu *** Abertura Solene das Aulas transmitida em directo na
página Web da Universidade de Coimbra A Cerimónia de
Abertura Solene das Aulas foi transmitida em directo através da Internet, numa
emissão experimental da UCV, a Televisão Web da Universidade de Coimbra.
“Quer mesmo ser a cara da Universidade?” É o desafio que está a ser
lançado a quem quiser ser pivot da UCV. Estão abertas as inscrições para o casting
que decorrerá a 12 de Outubro. Inscrições: http://www.uc.pt/informacaopara/estudantes/temp/cara_da_ucoimbra Isabel
Maria Paiva dos Reis Assistente
Técnico Universidade de Coimbra • Administração Departamento Académico • Divisão Técnico-Pedagógica Apoio Técnico-Pedagógico a Estudantes Deficientes Tel.: +351 239 857 000 | Ext. 389 Este e-mail pretende ser amigo do
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