Cegos recebem formação para voltar à sociedadeFilipa Moreno
Outubro é o mês sob o lema "Contra as barreiras da diferença", no combate à pobreza e exclusão social. Este é um dos objectivos do Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos, que se dedica à reintegração na sociedade de pessoas com cegueira adquirida. A casa onde funciona o Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos
(CRNSA), em Lisboa, tem três andares e vários lanços de escadas. Mas esse não é
um obstáculo para os utentes do instituto, pessoas que cegaram e procuram o
programa de reabilitação que os prepara para a sua nova realidade. Em muitos casos, a cegueira chega pouco tempo antes da entrada no centro.
Conceição Luís, directora técnica do CRNSA, explica que as pessoas estão
fragilizadas psicologicamente, "fechadas em si mesmas e a achar que a vida
acabou ao perderem a visão". Mas apercebem-se de que não estão sozinhas. Aqui, os invisuais reaprendem a movimentar-se. Mas, por vezes, recusam a
bengala que, como o braille, associam ao estigma da cegueira. Quem perde a visão
tem mais dificuldade na adaptação à nova realidade do que um cego congénito,
"porque tem presente na memória imagens", diz a directora. Aprendem tarefas da vida diária, como cozinhar e lavar a roupa. A informática
é uma das áreas mais importantes. Organizam-se saídas: vão jantar fora, ao
teatro e até ao "Rock in Rio". O objectivo, aponta Conceição Luís, "é
mostrar-lhes que podem continuar a usufruir destas coisas e ter prazer sentindo
o ambiente, mesmo sem o ver". No último ano, algumas áreas do programa fecharam após a reforma dos
responsáveis. O centro enfrenta a falta de técnicos, contando com a "boa vontade
das pessoas que acumulam tarefas". Para as áreas da pintura, escultura e música,
que "permitem exteriorizar os sentimentos negativos", não têm recebido
candidaturas. Os invisuais podem fazer quase tudo, afirma Conceição Luís, mas "a cegueira é
uma das deficiências com maior dificuldade de colocação no mercado de trabalho,
apesar dos apoios que o Estado presta. Assinalar em Outubro a luta contra as
barreiras da diferença constitui por isso, para a directora do CRNSA, uma
oportunidade de alertar as entidades empregadores. "Estas iniciativas são muito
importantes para alertar as consciências de quem pode dar respostas". O CRNSA recebe 50 a 60 pessoas por ano e pode acolher 22 internos durante a semana. É a única entidade a nível nacional que faz reabilitação gratuita. A directora, que se sente como mãe dos utentes, diz que "o mais bonito é vê-los como pessoas novas. É um renascer, reaprender a viver. De outra maneira, mas viver". Fonte: JN |
Mensagem anterior por data: [Atped] Exercício para Combater a Baixa Auto-Estima | Próxima mensagem por data: [Atped] Fw: "CORREIO DO MONDEGO" 3390 Um buddy para cada estudante estrangeiro em Coimbra |
Mensagem anterior por assunto: [Atped] Fw: "Somos UC" - Afirmar uma identidade | Próxima mensagem por assunto: [Atped] Fw: (VER PARA CRER1775) Viseu: invisuais do distrito vão ter centro inovador para treinar tarefas quotidianas |