Ao
pôr em causa a democracia, dando voz a sentimentos racistas e
xenófobos, negando liberdades, direitos e garantias, questionando a
imparcialidade e a universalidade dos sistemas educativos, científicos e
jurídicos, promovendo uma agenda nacionalista e relativizando, ou até
mesmo reabilitando, as ideias, as políticas e as práticas dos regimes
fascistas que se espalharam na Europa e no mundo entre as duas guerras, o
neofascismo é um fenómeno de singular relevância no plano internacional
e tem sido alvo de um amplo e multidisciplinar debate.
A derrota do
nazi-fascismo na II Guerra Mundial e o fim das últimas ditaduras
fascistas europeias (Portugal, Espanha e Grécia), em 1974-1977, abalaram
as expressões materiais de poder da extrema-direita. No contexto
político euro-americano, generalizou-se também a percepção de que
estavam definitivamente enterradas as expressões políticas de sentido
anti-democrático, anti-liberal e nacionalista. A implosão do bloco
socialista reforçou, em muitos, a certeza de que a democracia liberal
seria o incontestado modelo de organização social, política e económica.
Neste
debate é também da maior importância compreender quais os factores que
contribuíram para a criação deste ambiente favorável ao neofascismo e
que lhe permite influenciar a governação e ter uma representatividade
eleitoral em parte muito significativa da Europa e das Américas. Vários
estudos parecem apontar para a confluência dos efeitos neoliberalismo e
da tabloidização da imprensa, numa primeira fase, e do impacto das redes
sociais, mais recentemente, na formação de uma nova cultura política
tendente à construção e ao reforço social do preconceito. Se o primeiro
pôs em causa as valências e as funções do Estado de Bem Estar, assumindo
práticas abertamente autoritárias naquele que se tem designado como o
“capitalismo de vigilância”, a segunda alimentou um crescente sentimento
de alarme e de ansiedade social. Ambas terão, desse modo, contribuído
para a criação das condições propícias ao reaparecimento, à normalização
e à mediatização do discurso neofascista.
Organizado pelo CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço & Memória, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e pelo IHC – Instituto de História Contemporânea, da Universidade Nova de Lisboa, este Congresso almeja contribuir para o aprofundamento da reflexão e do debate científico aberto, transversal e pluridisciplinar acerca dos diversos aspectos que caracterizam a ascensão e a consagração político-eleitoral dos neofascismos no ocidente, sob as perspectivas da História, da Sociologia, da Filosofia, da Ciência Política, das Ciências da Comunicação, do Direito e dos Estudos Culturais e Literários.
Nesse sentido, convidam-se todos os interessados a submeter propostas de comunicação em torno das seguintes linhas temáticas:
–
“Neofascismo”, “extrema-direita”, “nacional-populismo” e “direitas
radicais”: o que significam e o que valem enquanto conceitos;
– Fascismos e neofascismos na história do pós-Guerra: ideias, experiências, percursos, organizações e poder;
–
Construções da memória: historiografia das direitas radicais,
saudosismo passadista, reescrita histórica e reabilitação das
experiências e das ditaduras fascistas;
– Media, tabloidização, redes sociais, fake news, capitalismo de vigilância;
– O neofascismo e a sua relação com a cultura, o ensino, a arte, a literatura e a ciência;
– Religião e as liberdades individuais: homofobia, anti-feminismo, racismo;
–
Nacional-populismo: continuidade(s) histórica(s), discursos
identitários, racismo, xenofobia, “criminalização” dos migrantes e
neocolonialismo.
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Comissão Organizadora:
Amélia Polónia (CITCEM/UP)
Bruno Madeira (CITCEM/UP)
Carla Ribeiro (CITCEM/UP)
Gaspar Martins Pereira (CITCEM/UP)
Manuel Loff (IHC — NOVA FCSH e FLUP)
Maria da Conceição Meireles Pereira (CITCEM/UP)
Steven Forti (IHC — NOVA FCSH)
Virgílio Borges Pereira (IS/FLUP)
Comissão Científica:
António Costa Pinto (ICS/ISCTE)
Fátima Ferreira (ICS/UM)
Fernando Rosas (IHC — NOVA FCSH)
José Neves (IHC — NOVA FCSH)
Maria Inácia Rezola (IHC — NOVA FCSH)
Miguel Bandeira Jerónimo (CES/UC)
Pedro Bacelar de Vasconcelos (DHCII/UM)
Rui Bebiano (CES/UC)
Vital Moreira (CEDIPRE/UC)
Secretariado:
Diana Felícia e Inês Rebanda (CITCEM/FLUP)
Prazos de inscrição e submissão de comunicações:
Submissão de propostas de comunicação: 30 de Abril de 2021
Avaliação das propostas pelos revisores: 31 de Maio de 2021
Resposta aos proponentes: 30 de Junho de 2021
Inscrição definitiva: 31 de Julho de 2021
22-23 de Outubro de 2021 (Congresso)
Valores de inscrição*:
Membros do CITCEM e do IHC e participantes com comunicação – inscrição obrigatória (até 1 de Setembro de 2021) e gratuita
Outros participantes sem comunicação: até 31 de Julho de 2021 – 30€; entre 1 de Agosto e 1 de Outubro de 2021 – 60€
Estudantes: entre 31 de Julho e 1 de Outubro 2021 – 20€
Assistência gratuita (sem acesso à documentação e aos coffee-breaks)
* Inclui documentação e coffee-breaks
Não se passarão certificados de participação a quem não estiver presente no Congresso.
Possibilidade de assistência e de participação online.
Línguas:
Português, espanhol, inglês e francês
Contactos:
Tel: 226077177 | e-mail: citcem@letras.up.pt
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