“Acerca das coisas que se dão, das coisas que se vendem, e, das que se não devem dar nem vender, mas, guardar”
(M.Godelier, 1996/2000, “O Enigma da Dádiva”, A.Fayard/Ed.70, p.9)
(A.Weiner, 1992, “Inalienable Possessions: the paradox of Keeping-while-Giving”, Berkeley, University of California Press)
Património, Cognição e Evolução Humana
“... O resultado deste trabalho mostrou que no comportamento humano há uma ligação efectiva entre os níveis biológico, social e cultural (simbólico). Uma ligação que não se perde. Que, aquilo que
se designa por “social” e “cultural”, afinal, não é um fenómeno artificial, arbitrário e separado do “natural” (biológico).
E essa prova acrescenta um contributo, e uma consequência ao atual conhecimento.
Vem contradizer muitas das teorias atualmente predominantes. Concretamente, as teorias herdeiras do “Relativismo Cultural” (que tentaram substituir as do “evolucionismo”); as do “Interpretativismo”
(de C.Geertz, continuadas por J.Clifford, Z.Bauman, Ph.Descola, e sucessores, que tentaram abolir o “estruturalismo”); e, as teorias “linguísticas, semióticas e simbólicas” (encarceradas na lógica da linguagem, e baseadas na suposta arbitrariedade da relação
entre significado e significante dentro do signo). Um relativismo cultural e um interpretativismo que contribuíram para o descrédito científico das ciências sociais e humanas. Uma epistemologia que se tornou predominante na maioria das atuais universidades,
e serviu para justificar o comportamento humano e todas as suas acções, sobretudo as lutas políticas e sociais. Bastando a construção de “narrativas”, em nome da liberdade e da apologia da diferença humana, para serem consideradas (pseudo)científicas. Exatamente,
por se presumir que bastaria serem explicadas pelo pretenso arbítrio da relação entre o «nome» e a «coisa nomeada» dentro do signo.”
Pedro Manuel-Cardoso
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