[Museum] Para a História da Conservação e Restauro em Portugal

[António João Cruz <ajccruz@gmail.com>]

No seguimento do meu interesse pela literatura histórica técnico-artística em português, que deu origem à Biblioteca Digital Ciarte (http://biblioteca.ciarte.pt/) surgida há meio ano e que conta já com 74 volumes restaurados digitalmente e com acesso livre, e como derivação ou complemento desse projecto, divulgo agora um pequeno livro, editado com o apoio do Instituto Politécnico de Tomar, que é o primeiro de uma série intitulada “Materiais para a História da Conservação e Restauro em Portugal”:

Luís de Ortigão Burnay, “Sobre o Restauro das Pinturas Antigas”, introdução, edição e notas de António João Cruz, Ciarte – Instituto Politécnico de Tomar, 2022, 78 págs., ISBN 978-989-8840-69-1.

Anexo seguem as páginas iniciais com o índice.

O volume completo está disponível com acesso livre em http://www.ciarte.pt/ed/hcrp1.html e em http://hdl.handle.net/10400.26/41894. 

Reúne três textos de Luís de Ortigão Burnay (1884-1951) sobre o restauro de pinturas: dois são inéditos e o terceiro não é de fácil acesso. Incluiu ainda um capítulo introdutório biobibliográfico sobre o autor dos textos.

Ainda que seja um nome muito pouco conhecido na história da Conservação e Restauro em Portugal, Luís de Ortigão Burnay parece ter tido uma perspectiva reflexiva pouco comum entre os restauradores da época. A este respeito são elucidativas as suas palavras, de 1935, sobre a importância da conservação preventiva: a conservação, ou seja, “o emprego de meios de toda a ordem, nos museus e seus depósitos, que evitem tanto quanto possível a deterioração das peças que se encontram em bom estado e impeçam a destruição das que estão mais ou menos combalidas”, é preferível ao restauro, pois “parece quase absolutamente tempo perdido tratar e restaurar as pinturas para as submeter às circunstâncias atmosféricas em que as salas do museu actualmente se encontram”. 

A série agora iniciada pretende aproveitar textos pouco conhecidos ou pouco divulgados que se encontram no domínio público por os seus autores terem falecido há mais de 70 anos. Os mesmos são ilustrados com imagens que, de uma forma geral, também se encontram no domínio público por serem reproduções de obras de autores naquelas circunstâncias. Noutra perspectiva, a série pretende aproveitar materiais disponíveis na Internet, geralmente de forma dispersa e de difícil detecção ou acesso, ainda que não se limite a essa fonte. Não obstante a ausência de suporte profissional e o contexto individual em que surgem, estas edições pretendem ser cuidadas e acrescentar valor aos materiais utilizados.

O segundo volume da série já está em preparação e já há ideias para outros volumes.

António João Cruz

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