As três perguntas mais frequentes que me têm feito ao
Museu do Ser-Humano são as seguintes:
1. “Mas esse Museu é de quê? É de arte, de ciência, de filosofia, (etc.)?”;
2. “Fala muito em ‘objetos’ do Museu do Ser-humano como se fossem diferentes dos outros. O que quer dizer com isso?”.
3. “Porque afirma que esse Museu é o museu de todos os outros museus?”.
As respostas que têm sido dadas são as seguintes:
1. O
Museu do Ser-Humano é um ‘museu do ser-humano’... O ser-humano não é ‘o que dizem que nós somos’? Logo, é um museu dessa ‘coisa concreta’ (aquela que as ciências naturais designam atualmente por ‘H. sapiens”). Acerca da qual
ainda ninguém chegou a uma ‘certeza absoluta’, ou a uma ‘verdade definitiva’. Isto é, é um
Museu que inclui todos os heterónimos em que o ser-humano foi capaz de se transformar durante a sua história. Portanto, em termos concretos,
o Museu do Ser-Humano é, simultaneamente, um museu de axiologia, cosmologia, ciência, epistemologia, ética, estética, metafísica, ontologia, política, teologia. Pois, até ao momento, foram esses
dez heterónimos que captam todo o fazer-humano em termos de uma objetividade científica, ou de um discernimento hermenêutico. E o mais que ainda
há-de vir, que desconhecemos, e não temos, agora, palavras capazes de o pronunciar.
2. Para o
Museu do Ser-Humano todos os ‘objetos’ são feitos de ‘partes’ (numa escala que vai do infinitamente pequeno até ao infinitamente grande, nos ternos da “Classificação Internacional dos Pesos e Medidas” atualmente em vigor). Portanto,
todo e qualquer ‘objeto’ é um agregado de partes, logo, um ‘algoritmo’. Era necessário que soubéssemos qual é a parte mais pequena (e a maior) de todas, para chegarmos à conclusão de ‘o que é um objeto’. Mas esse momento ainda não chegou em termos
da atual ciência, e da atual capacidade perceptiva-cognitiva do Ser-humano. Nem sequer sabemos quais as leis da física, da química, ou da lógica social que são a resposta definitiva para o modo como essas partes do ‘objeto’ estão ligadas. Quando tocamos
numa pedra, numa estátua, ou noutro qualquer ‘objeto’, apenas partilhamos esse sentimento de concretude dado pela emoção sensorial, pois, quando perguntamos ‘o que é’, verificamos que essa unanimidade sensorial se transforma numa infinita multiplicidade de
interpretações. Portanto, para o Museu do Ser-Humano, o ‘objeto’ é sempre uma coisa tão concreta-física como conceptual-teórica. Razão pela qual o
Museu do Ser-Humano considera que todo e qualquer ‘objeto’ pode assumir
sete estados ou fases, cada uma das quais aparentando ser um objeto diferente. Mas que na verdade são um processo contínuo sem descontinuidades, nem de oposição entre bit/it, material/imaterial, tangível/intangível, etc. (tal como a matéria, também
é um processo contínuo entre os estados gasoso, líquido, plasma e sólido). Este ‘processo heptadimensional do objeto’ é o ‘objeto’ que o
Museu do Ser-Humano incorpora no seu acervo como sendo o ‘objeto’. Concretamente
(in Pedro Manuel-Cardoso, 2022, “Património, Cognição, e Evolução humana”, pp.13-15):
3. A afirmação de que o
Museu do Ser-Humano é ‘o museu de todos os outros’ deriva do facto de todos os outros serem feitos (idealizados e concretizados) pelo Ser-humano. Logo, é o comportamento humano que perpetra todos os outros museus. Assim sendo, se o
Museu do Ser-Humano for capaz de formular o ‘modelo’ de funcionamento e de explicação desse comportamento humano, tornar-se-á em ‘aquele museu que subjaz a todos os outros’. E, consequentemente, obviamente, esse ‘modelo’ será a
Exposição Permanente do Museu do Ser-Humano. De facto, o Museu do Ser-Humano foi capaz de formular esse ‘modelo do comportamento humano’. Mas esse ‘modelo’ é um ‘objeto’, que está sujeito à mesma mudança do que todos os outros, derivada
de não ser uma verdade absoluta ou uma certeza definitiva. Apenas é, a possibilidade de uma das possibilidades, uma probabilidade no seio de todas as probabilidades. Foi essa razão que motivou a apresentação pública e a objectivação formal do
Museu do Ser-Humano, a de ter a sua atual Exposição Permanente.
Concretamente:
Um dia, quem quiser objetivar o
Museu do Ser-Humano (ou vários ao mesmo tempo) num qualquer lugar térreo (ou em vários simultaneamente), podê-lo-á fazer do seguinte modo (ou de outro qualquer):
O Museu do Ser-Humano deixará de ser uma fantasia, à medida que o ser-humano for capaz de se definir a si-próprio muito melhor do que é capaz atualmente. Todas as respostas à pergunta ‘o que é o Ser-humano?’
(que é aquilo que justifica a existência do Museu do Ser-Humano) são os ‘objetos’ do seu acervo. Por exemplo, como vimos, estas três perguntas mais frequentes deram origem àqueles três ‘objetos’ que formalizei atrás. As sucessivas versões dos mesmos
objetos serão também ‘objetos’, que elucidarão o modo como o ser-humano foi tomando consciência de si-próprio ao longo do tempo. Pedro Manuel-Cardoso |
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