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Eu acho que a maioria dos profissionais - sobretudo os mais novos - merece o nosso respeito e a nossa confiança. Em meu entender são as chefias que têm toda a responsabilidade pelo estado das coisas. Antes de vir para os EUA trabalhei brevemente no Ministério do Mar e no Ministério da Cultura e fiquei com convencido que muitos dos directores gerais e presidentes e assessores e directores de departamento não tinham nem a estatura intelectual, nem a rectidão, nem a coragem necessárias para desempenharem um bom trabalho. Vindo da privada sempre me confundiu a cultura do respeitinho, os conselhos que me davam os funcionários mais antigos, quando eu criticava os "senhores directores" e os "senhores arquitectos" por, por exemplo, nunca meterem os pés no emprego antes do meio dia: "Cuidaaado! Cuidaaaado!" Como se eu já fosse a caminho das masmorras do IPPAR por me atrever a dar uma opinião, condenado sumariamente a passar o resto dos meus dias a pão e água. :-) Uma vez disseram-me que a inveja era a gasolina que fazia andar a função publica em Portugal. Todas as generalizações são injustas, mas é verdade que se tomavam frequentemente decisões informadas por motivos pessoais, às vezes contra o os interesses da instituição, às vezes contra os interesses do país, e às vezes contra os próprios interesses do decisor... E depois, as coisas horríveis que se diziam dos colegas e ficavam no ar, sem serem rebatidas, discutidas, investigadas!! Em Portugal (mais uma vez, acho eu, no espírito da Contra-Reforma) é mais importante quem diz as coisas do que o que se diz. Uma vez, numa reunião, eu contradisse um politico muito importante que estava a ser sanguíneo e miserável em relação a um pedido de um sindicato e ele no fim veio-me apertar a mão e disse-me muito sério: "Cuidaaado! Cuidaaaado!" E as apreciações subjectivas: "Na América é tudo mais fácil!" Foi a resposta que me deram quando eu lhes disse que tinha tido as melhores notas do meu curso. Outra eminência explicou-me que também tinha estudado "no estrangeiro", mas o doutoramento dele tinha sido "a sério", em França! Toda a gente fez que sim com a cabeça, e um ainda olhou para mim, com um ar acusador, como quem diz: O teu doutoramento "não é uma coisa séria". "Na América é tudo mais fácil". Eles só meteram um homem na Lua antes dos portugueses por pura sorte! :-) E ficou estabelecido para sempre que o meu doutoramento não é uma coisa. Volta e meia recebo um email de um amigo a dizer que ouviu falar de mim e que a opinião geral era que o meu doutoramento não era uma coisa séria. :-) Gostava de sublinhar isto: acho importante não esquecermos que a responsabilidade última é sempre das chefias. Uns porque não sabem mandar, outros porque não sabem organizar, outros porque não sabem inspirar, outros porque não se ralam. E é muito injusto culpar "a classe" ou "os técnicos". Filipe Castro
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