[Archport] Trabalho digno. Finalmente rebentou a bronca!...
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To:
archport@list-serv.ci.uc.pt
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Subject:
[Archport] Trabalho digno. Finalmente rebentou a bronca!...
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From:
"Andre gregorio" <andregregorio@hotmail.com>
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Date:
Wed, 27 Sep 2006 20:54:13 +0000
Para não correr o risco de me tomarem por um "cobarde anónimo", apresento-me
desde já. Chamo-me André Gregório, sou arqueólogo, trabalho
profissionalmente em arqueologia à 5 anos, sempre no contexto da arqueologia
comercial.
Gostaria de deixar algumas questões para a reflexão da comunidade
arqueológica, para que se possa fazer uma discussão sobre a nossa profissão,
a nossa realidade profisional e social.
Assim, quando comecei a trabalhar, em 2001, comecei por ganhar 9 mil escudos
por dia como técnico assistente de arqueólogo. Era fora da minha área de
residência e por isso tive alojamento e refeições pagas. Todo o material de
escavação foi providenciado pela empresa contratante. O equipamento de
segurança (capacete, botas, luvas e impermeáveis) foi também fornecido pela
empresa.
Hoje para a mesma tarefa já é difícil arranjar quem pague estes valores...
Em 2003 fui responsável por um acompanhamento de obra. Recebia 1500 euros
por mês.
Este mês, foi-me proposto um trabalho como arqueólogo responsável por um
acompanhamento. O vencimento proposto foi de 1000 euros por mês. Informei-me
com alguns colegas que estão a trabalhar e apercebi-me que este valor está a
ser praticado por bastantes empresas.
Em três anos significa uma redução de mais de 30% nos salários propostos.
Este caso pessoal serve para alertar as pessoas para a clara degradação da
situação sócio-profissional dos profissionais da arqueologia. Quem escolheu,
como eu, a arqueologia como profissão e como modo de vida, não o fez
certamente para enriquecer.
Mas também não fiz voto de pobreza!...
É uma profissão tão digna, respeitável e merecedora de justo pagamento como
qualquer outra!...
Houve quem dissesse neste fórum que dava a cara (mas não deu o nome) e
que"quem está mal que se mude". Eu digo, QUEM NÃO SE SENTE NÃO É FILHO DE
BOA GENTE.
Defendo a criação de uma nova entidade de natureza sindical que se preocupe
em defender a dignidade profissional e social dos profissionais da
arqueologia.
Garantir direitos, boas condições de trabalho, acabar com a precariedade dos
vínculos apenas poderá aumentar a qualidade do produto oferecido pelas
empresas.
Sobretudo quando a arqueologia tem dado tanto dinheiro a ganhar.
Para concluir,gostaria de me dirigir pessoalmente à colega Maria Araújo.
O facto de estar casada com um advogado não a faz estar lá muito bem
informada. Sabia que as regras do apoio judiciário mudaram e tornaram-no
praticamente inacessível a quem não fôr indigente?
E é conhecedora do novo código das custas judiciais? Sabe quanto custa meter
uma acção judicial?
Em caso de conflito laboral entre um trabalhador independente e a entidade
contratante,as custas judiciais são insuportáveis para quem receba os
vencimentos médios que se pagam na arqueologia comercial.
Não, os tribunais não são acessíveis à generalidade dos trabalhadores
independentes.
Finalmente, gostaria de ouvir a Sra. Célia Aniceto pronunciar-se
pessoalmente em relação à polémica em que é visada. Porque ler mensagens
sucessivas de assalariadas dessa empresa defendendo a entidade patronal é,no
mínimo, estranho, uma vez que nenhuma delas foi visada pela crítica.
Respeitosamente,
André Gregório
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