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[Archport] RE: Digest Archport, volume 36, assunto 63


•   To: archport@lserv.ci.uc.pt, EAzevedo@phc.pt
•   Subject: [Archport] RE: Digest Archport, volume 36, assunto 63
•   From: "Joana Piorro" <joanapiorro@hotmail.com>
•   Date: Sun, 01 Oct 2006 20:55:39 +0100

Boa noite, caros Archportinianos,

Chamo-me Joana Piorro, não sou arqueóloga nem estudante de arqueologia.
Tenho trabalhado com crianças e entrei este ano para a Escola Superior Maria Ulrich, para realizar a licêciatura de Educadora de Infâcia, e mais tarde quando for possível o mestrado em Educação pela Arte.
Após a minha apresentação, venho vos dizer que faço parte da lista da Archport, por gostar muito de Arqueologia e de tudo o que está relacionado com esta área, não concorri para este curso, porque sei que a dificuldade de trabalho é muito maior do que na área da educação.
Venho também dizer-vos que estou de acordo com todos vós arqueólogos e estudantes de arqueologia, no sentido de se organizarem e formarem um sindicato de arqueologia, visto que não existe. Já reparei que para muitos, a Archport é um meio de comunicação, não só para este assunto que tanto vos preocupa e com toda a razão, como outro tipo de notícias, de inventos arqueológicos.
Mas quanto a este problema, que estou inteiramente de acordo com todos vós, que é realmente um problema nacional, cultural, politico, social e económico, visto que o país está em crise em todos os campos, assim é a cultura, a educação, a saúde que pagam injustamente todas esses problemas. Para além de formarem o sindicato, que vos será muito útil e muito importante, utilizando, por exemplo este meio de comunicação, façam-no também duma forma ordeira, sem se ofenderem, sem se maguarem psicológicamente, visto que muito de vós já têm tantos problemas nas vossas próprias vidas. Por isso vos proponho vamos continuar a pensar, escrevendo, trocando ideias sobre o assunto, utilizando as vias correctas, da boa educação, da boa disposição.
Assim vos desejo uma continuação dum bom trabalho e AVANTE COM A LUTA, pois a vida não pára.
Saudações fraternas para todos vós.


Joana Isabel Piorro

From: archport-request@lserv.ci.uc.pt
Reply-To: archport@lserv.ci.uc.pt
To: archport@lserv.ci.uc.pt
Subject: Digest Archport, volume 36, assunto 63
Date: Sat, 30 Sep 2006 12:00:06 +0100

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Tópicos de Hoje:

   1. Trabalho Digno (Andre gregorio)


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Message: 1
Date: Sat, 30 Sep 2006 02:04:39 +0000
From: "Andre gregorio" <andregregorio@hotmail.com>
Subject: [Archport] Trabalho Digno
To: archport@lserv.ci.uc.pt
Message-ID: <BAY113-F103749E3FDDE25D1B15FB8BF190@phx.gbl>
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Em bom tempo surgiu uma polémica que pôs finalmente a comunidade a discutir
algo, cuja necessidade de discussão se tornou evidente pela quantidade de
mensagens enviadas abordando este tema: o estatuto sócio-profissional dos
profissionais de arqueologia e a melhor forma de o promover e dignificando
ao mesmo tempo a actividade.

Gostaria em primeiro lugar de apelar aos membros registados do Archport que
não se limitem a ler as opiniões dos outros, mas que façam ouvir a sua voz
(neste caso ler as suas palavras).

Só assim será possível alargar ao máximo o âmbito desta discussão, tornando
assim possível avaliar a sensibilidade da comunidade dos profissionais do
meio no que diz respeito a esta questão.

É importante que as pessoas se pronunciem, discutam e porventura possam
chegar a alguma conclusão.

Em seguida gostaria de deixar algumas considerações em relação a algumas
questões levantadas por vários membros do archport que merecem ser debatidas
e esclarecidas.


Em primeiro lugar, e concordando totalmente com a opinião expressa pelo
Carlos Delgado, tomar a responsabilidade e assumir o risco de abrir uma
empresa de arqueologia implica bem mais que assumir o status de empresário.
Implica também uma resposabilidade social acrescida devido ao papel
económico e social que a entidade que cria passa a desempenhar.
Todas as dificuldades porque passa uma empresa de arqueologia, referidas
pelo Ricardo Abranches, ao nível das obrigações fiscais, salariais ou até da
própria cobrança de facturas são comuns a quase todas as empresas não
financeiras deste país.
Mas não são muito diferentes das dificuldades porque passam a maioria dos
profissionais da arqueologia. Também já tive que entregar dinheiro de IVA às
finanças por ter passado recibos sem ter recebido.
Também tenho uma despesa fixa de segurança social que, ao contrário das
empresas incide sobre um valor absoluto e não sobre uma percentagem do
rendimento, o que significa que tenho que pagar quer receba quer não.
O que faz toda a diferença é que para uma empresa estes são riscos que têm
muitas vezes recompensa. Existe lucro e existe criação e apropriação de mais
valia.
Mas para o profissional independente (que ajudou a criar essa mais valia) o
risco chama-se precariedade, incerteza, impossibilidade de criar cenários
que ultrapassem o curto-médio prazo.


É preciso que as pessoas não se esqueçam que as margens criadas que permitem
a obtenção de lucro decorrem da diferença entre o que uma empresa ganha e
aquilo que gasta, sendo que o factor de produção mais sacrificado para criar
essas margens é o factor trabalho.


É a partir dos vencimentos dos profissionais que as empresas de arqueologia
fazem o seu lucro.
Quanto mais baixos os vencimentos, maior o lucro.

Já para o profissional independente, a recibos verdes, não há por onde criar
margens, não há factor que se possa baixar para criar mais-valia, existe uma
impossibilidade prática de obter lucro.
A não ser que deixe de pagar renda ou prestação de casa, que deixe de pagar
as contas, que deixe de pagar ao infantário (sim, há quem, como eu, tenha
filhos!...), ao pediatra, não compre livros e aperte bem o cinto, quase ao
jeito de banda gástrica, para poupar na comida.


Por outro lado alega-se que a situação a que se chegou decorre de um natural
desenlace provocado pela evolução do mercado e pelo aumento exponencial de
empresas de arqueologia, com o efeito mais visível a ser a descida a pique
dos preços apresentados por estas.


No entanto, esta situação também se deve à irresponsabilidade das empresas
de arqueologia em geral, que são incapazes de comunicar, de se entender, de
estabelecer estratégias que permitam a promoção e dignificação da sua
própria actividade junto dos grupos sociais, institucionais e económicos que
lidam directa ou indirectamente com o património arqueológico.


A maledicência e o denegrimento continuam, à boa maneira da comunidade
arqueológica no seu pior, a dominar as relações entre as empresas.

A recente polémica relacionada com a alegada destruição de vestígios
arqueológicos em Tomar põe a nú a natureza da relação inter-empresarial no
meio da arqueologia comercial.

Não existe uma estratégia de promoção e valorização de produto pelo meio
empresarial no seu conjunto, assim como ainda não vi nenhuma vontade de
regulamentar a actividade, nem de criar instrumentos de regulação do mercado
que evitem a sua implosão por excesso de concorrência.


Estes factos assim sucintamente expostos, servem também para responder ao
Alexandre Monteiro, explicando porque é que eu pessoalmente nunca encarei
sériamente a possibilidade de criar uma empresa, assim como considero que o
excesso de empresas prejudica o mercado, assim como põe em causa a qualidade
dos serviços prestados.


Assim, se as empresas não se entendem, entendamo-nos nós, os profissionais
da arqueologia.

Estruturar a carreira, estabelecer graus de progressão e critérios claros
para essa progressão, estabelecer valores salariais minimos para cada grau,
estabelecer regras para o relacionamento social entre empresas e
profissionais, combater os vínculos precários, criar uma entidade
representativa dos profissionais, de natureza sindical ou
sócio-profissional, são factores que ajudarão a acabar com a lei da selva
que se vive neste momento no mercado laboral da arqueologia comercial.

Além de assegurar a dignidade profissional e social dos profissionais da
Arqueologia acabarão por criar condicionantes que em última análise
permitirão que o mercado se desenvolva de uma forma sustentada e com base
numa concorrência bastante mais saudável e que privilegie como factores
concorrenciais a qualidade, o rigor científico, as boas práticas e a
aplicação e desenvolvimento de novas metodologias ao nível do trabalho
científico e da publicação e apresentação dos seus resultados.

Espero que haja mais colegas que partilhem da minha opinião quanto ao
caminho a seguir, espero que haja mais colegas a intervir neste fórum, a
propor alternativas, a dar as suas opiniões e sobretudo a elevar o nível de
uma discussão que tendo surgido de forma transviada é fundamental para o
futuro da arqueologia enquanto actividade profissional digna, prestigiante e
fundamental para a salvaguarda e estudo do Património Cultural do nosso
País.




Com os melhores cumprimentos,

André Gregório

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Fim da Digest Archport, volume 36, assunto 63 *********************************************

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