Só agora, depois de lidos os comentários dos amigos Alicia Canto e Manuel
Martin-Bueno, que saúdo, me apercebo do conteúdo do comentário do também
amigo José d? Encarnação. Junto-me a todos, na amargura e até indignação
que exprimem.
Choca-me profundamente a ingratidão em geral. Choca-me sobremaneira
quando provem de quem não pode invocar a ignorância e deveria estar na
linha da frente do respeito devido a quem antes de nós nos permite ser o
que somos ou temos a pretensão de ser.
Muitas vezes já me revoltei, por vezes comigo próprio e com a minha
ignorância, por não dar a devida atenção, ou simplesmente não tratar com a
deferência devida, aqueles que hoje nos aparecem simplesmente como velhos,
sem que saibamos ou, pior ainda, sem que queiramos lembrar a grandeza que
possuíram quando, em bastos casos, tiveram o mundo a seus pés.
A Universidade, velha senhora, é useira e vezeira neste tipo de
comportamentos que estão longe de limitar-se à questão da caixa de correio
electrónico (embora esta seja sintomática e altamente simbólica). Como o
Exército, constitui força fática altamente hierarquizada. Mas
diferentemente do Exército falta-lhe a solidariedade que leva a chamar o
parceiro por camarada, por força das vivências comuns em cenários
críticos. Vive somente de estrelas colocadas em galões, merecidos uns
imerecidos outros. Pior, pior mesmo, só as academias, antros de ?macacos
empalhados? como lhes chamava o saudoso Octávio da Veiga Ferreira, onde o
imerecimento sobreleva de longe o merecimento e tudo se conduz entre
salões à espera que o primeiro morra e o seguinte lhe tome a cadeira? de
número.
O mal é, todavia, mais vasto. Recordo o caso de um museu em que, mal um
dos seus principais vultos se reformou, logo lhe foi retirado o gabinete,
situado aliás em autêntico vão de escada.
Claro que cada caso é um caso e não se pode tratar igual o que é
diferente. Percebe-se que em certas situações seja necessário assumir
rupturas com o passado. E aqueles que se reformam ou simplemente deixam de
exercer funções de chefia têm também as suas obrigações. Tão má como a
ingratidão de quem sucede é a arrogância de quem sai e pretende continuar
a pairar sobre os mais novos, fazendo de alma penada.
Tenho a enorme felicidade de viver situação de uma exemplaridade
extraordinária onde quem me sucede na Casa que sirvo desde há quase quatro
décadas, para além humanamente bem formado (o quer já não é pouco nos dias
que correm), possui e promove a visão estratégica de que a grandeza de uma
instituição está na soma dos seus diferentes tempos, o passado, o presente
e o futuro.
Afinal tudo se resume a boa educação, humanismo, civilidade e... sentido
teleológico do tempo e da história.
Luís Raposo
Quoting José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>:
Permita-se-me que remeta de novo para a crónica publicada
ontem e que disponibilizei em
http://notascomentarios.blogspot.pt/2016/01/os-aposentados-sao-para-deitar-fora.html , porque são já 23 as reacções ali publicadas, oriundas dos mais diversos quadrantes e que reflectem o estado de espírito em que
estamos.
O comentário do Prof. Manuel Martin-Bueno é, porém, muito
longo (para as regras dos blogues) e, como tive necessidade de o
dividir em partes, achei por bem partilhá-lo aqui por inteiro,
agradecendo-lhe, naturalmente, a atenção que me dedicou.
Votos de um fim-de-semana sereno e cheio de tempo!
J. d?E.
-------------------------
DE:Manuel Martin-Bueno [mailto:mmartin@unizar.es]
ENVIADA EM: sábado, 16 de Janeiro de 2016 11:19
PARA: jde@fl.uc.pt
ASSUNTO: Asunto Burdeos III
CONVERSACIONES XXIX: Obsolescencia programada
MANUEL MARTIN-BUENO[1]·SÁBADO, 16 DE ENERO DE 2016[2]
De nuevo hace tiempo que una voz en mi pabellón auricular me
susurraba de manera melódica pero insistente que tenía que volver a
tomar contacto con el teclado del portátil para tratar algún asunto
que cause novedad en el personal o simplemente que me lo cause a mi
o me escandalice como en este caso.[2]
Anoche la situación se produjo en forma de mensaje publicado en un
medio de comunicación luso (de Lusitania, el actual Portugal) que
redactaba con su verbo enérgico y diestro en lo gramatical y
sintáctico como siempre, nuestro colega y ante todo amigo el Prof.
José D?Encarnaçao, profesor ?reformado? de la Universidad de
Coimbra a la que entregó muchos y los mejores años de su vida en
una tarea la de profesor universitario e investigador destacado que
produce muchas satisfacciones y de vez en cuando algunos sonados
episodios menos agradables que preferimos dejar al lado, pero que
son difíciles de olvidar.[2]
El colega José escribe lo siguiente, que luego comentaré, sobre una
situación que se acaba de producir en la Universidad Michel de
Montaigne, Burdeos III, de la Francia de la Liberté, Egalité y
Fraternité, el Pais de las luces, el que siempre está (o estaba
ahí) junto a los valores mas esenciales como la enseñanza (laica
por supuesto), la investigación, el reconocimiento a sus mejores
hombres y mujeres, en suma un país con cualidades humanistas
acrisoladas, o al menos eso pensábamos.[2]
Transcribo el texto del colega y luego añadiré mis comentarios,
porque la caja del ascensor sirve para que no se escapen las
reflexiones y los pensamientos que luego trasladamos a la pantalla
del ordenador y de ahí, como hoja volandera a merced del viento,
que la llevará a donde sea que haya alguien que lo quiera leer:[2]
?Os aposentados são para deitar fora?[2]
«L?université de Bordeaux 3 ayant décidé de supprimer les adresses
courrier des retraités, je vous prie de correspondre désormais avec
moi à l?adresse suivante [?]». Senti, confesso, um nó na garganta,
quando, às primeiras horas da manhã do Dia de Reis, o correio me
trouxe essa novidade: a Universidade de Bordéus III decidira
retirar aos seus aposentados a possibilidade de terem um endereço
electrónico através do servidor universitário! E fez-me lembrar
logo aquela história que já contei, mas que vale a pena recordar de
vez em quando, e que se passou com a Universidade de Porto. Uma
semana depois de um docente se ter aposentado, eu precisei de o
contactar por uma questão de serviço que ficara pendente e pedi o
contacto. Já não o tinham: «Esse senhor já foi abatido!». Não,
ainda não havia nas televisões as notícias do Estado Islâmico. E
fiquei chocado: «Abatido?». Como se abate um velho móvel ao rol do
equipamento, porque? foi para o lixo?!... Como se imagina, qualquer
que tenha sido a razão pela qual os mui inteligentes cérebros da
Universidade de Bordéus III tomaram essa decisão, entra pelos olhos
adentro de qualquer outra inteligência de que essa é uma atitude
suicida (cá estamos de novo com os parâmetros da actualidade!...).
É que, nos tempos que correm, um aposentado, designadamente se da
docência universitária, continua a produzir ciência, a escrever
artigos, a fazer conferências, a integrar júris? E, normalmente,
apresenta-se como aposentado ou jubilado da universidade onde fez a
sua carreira. Isso acontece, aliás, com o professor que me enviou a
informação; e com a quase totalidade daqueles que eu conheço e que
se encontram na mesma situação que eu. E pergunto: que vontade vai
ter doravante o meu colega, esses meus colegas, de, no mui louvável
trabalho que continuam a desenvolver em prol das Artes, das
Ciências e das Letras, que vontade vão ter de assinalar o seu
vínculo a uma instituição que os rejeitou? Lamento profundamente
que uma universidade, que, em teoria, deveria proclamar o
Humanismo, o respeito pelas pessoas, se comporte desta forma.
Replicar-se-me-á: «Não percebo o teu agastamento! É apenas uma
mudança de endereço!». Parece, mas não é: é APENASuma lamentável
mudança de? mentalidade! /José d?Encarnação/ Publicado em
/Renascimento/ (Mangualde)/,/ nº 677, 15-01-2016, p. 12. ?.[2]
El texto no tiene desperdicio, tiene esa dosis de amargura,
sorpresa e indignación que resume en tres palabras los sentimientos
que le produjo, como a mi cuando recibí idéntico mensaje, esa
sensación de abandono por parte de SU INSTITUCION por excelencia,
la Universidad de Burdeos III, a la que había dedicado toda su vida
como profesor e investigador, sin importar periodos de vacaciones,
domingos y fiestas de guardar, horarios infinitos si las
necesidades departamentales lo requerían y un sinfín mas de
obligaciones naturales o voluntariamente adquiridas por la mayor
parte de los profesores universitarios que eligen la senda de la
investigación y la docencia por encima de otras posibilidades de
disfrutar de la vida, fuera del propio horario de trabajo que para
nosotros simplemente no existe porque es de dedicación exclusiva e
ilimitada.[2]
La Universidad Michel de Montaigne, institución muy prestigiosa sin
ningún género de dudas, la conozco bien, muy bien desde hace
decenios en que comencé a trabajar con ellos en proyectos diversos
en los que todavía continuamos mientras el cuerpo aguante y
mientras las circunstancias administrativas (pero no olvidemos
nunca que detrás hay personas que ejecutan y deciden las normas a
aplicar), consideren que podemos ser útiles en esa colaboración o
nosotros mismos nos sintamos con fuerza.[2]
Esa Universidad francesa ha decidido, y no es ejemplo único por
desgracia, que los profesores que han cumplido con su edad
reglamentaria y se han jubilado en lo administrativo porque en lo
científico en la investigación y también en la docencia
extraordinaria, generalmente sin recibir nada a cambio, que tampoco
se pide y no se hace nunca, dejan desde este comienzo de años 2016
de tener correo electrónico institucional.[2]
Mi colega portugués decidió verificar si la medida ya era efectiva
e hizo la consulta y para su sorpresa y enojo recibió, como él
mismo relata la contestación en forma de frase lapidaria que le
dieron hace años en la de Porto ante un caso similar: ?Ese profesor
ya fue abatido?. Tal y como suena es terrible y aunque la
traducción al portugués nos de esa respuesta tremenda que suena a
talibanismo radical de la peor estofa, la realidad es esa. Todos
sabemos que unas cuentas mas de correo electrónico para una
universidad no son nada, son gratis porque gozan de contratos de
suministro cerrados y por lo tanto el ahorro será inexistente, pero
lo peor no es ser tratado como el perro o el gato que
accidentalmente se atropella en la carretera y queda en la cuneta,
sino como aquellos de tiempos de perturbaciones indignas que
quedaban en la cuneta deliberadamente y sin mayor consideración. Si
ya se, soy un poco tremendista, pero mi enojo y mas todavía, mi
cabreo, es grande, quiero manifestarlo y ya tenemos edad para decir
lo que consideremos oportuno sin muchos miramientos.[2]
En las respuestas que muchos colegas han manifestado en forma de
comentarios al colega José D?E. tenemos la de otros franceses de
diversas universidades, que han sufrido o van a sufrir la misma
situación, algunos españoles cuyas instituciones se han apuntado al
mismo carro. Respuestas contrarias como un colega italiano en la
que nos comunica que la Universidad de Milan no lo hace (de
momento) y algún alemán en el mismo sentido. La cosa de momento
anda por ahí.[2]
Hace poco tiempo, unas semanas, una de mis impresoras del ordenador
dejó de funcionar de la noche a la mañana sin aviso previo. Lo
mismo ocurre con los electrodomésticos producidos en los últimos
años. Consultado el técnico me respondió, ?si la impresora funciona
perfectamente, no tiene ninguna avería, pero es lo que se denomina
Obsolescencia Programada?, ahí es nada. La inmisericorde sociedad
de consumo, la globalización, el capitalismo que no conoce lo que
son los valores humanos, ha decidido por nosotros cuando deben de
dejar de funcionar las cosas para que sean sustituidas por otras
nuevas (no mejores) y seguir la ruega que engorde a ese mismo
capital.[2]
En el caso que nos ocupa no son máquinas, son seres humanos,
docentes e investigadores de probada profesionalidad y entrega, que
pueden seguir siendo muy útiles a sus instituciones con sus
investigaciones, con sus publicaciones, con sus enseñanzas y
consejos, pero, ha habido personas (¿?) que han decidido que deben
privarles de esas migajas de ayuda a su tarea en forma de cuenta de
correo electrónico institucional. Inconcebible pero cierto. Lo
terrible del caso es que tal vez haya habido algún funcionario que
haya calculado eso del ¿ahorro? de esta manera arbitraria, pero no
hay que olvidar que la medida, como otras se habrá tenido que
aprobar en algún Consejo de Gobierno de la Universidad Michel de
Montaigne, Burdeos III, que está constituido mayoritariamente por
profesores de esa Institución, es decir por compañeros de aquellos
a los que ahora se les deja injustamente en la cuneta. ?Arrieritos
somos? que reza el refrán popular español.[2]
Visto lo cual: ¿Todavía hay quien duda que estamos perdiendo a
ritmo acelerado los Valores Humanos?. Yo no. Salud amigos
lectores.[2]
Manuel Martín-Bueno. Catedrático de la Universidad de Zaragoza,
todavía con correo institucional:[2]mmartin@unizar.es. Pero ¿Por
cuanto tiempo?.
--
Prof. Manuel Martin-Bueno
Catedrático de Arqueología, E. y N.
Dpto. CCAA, Universidad de Zaragoza
c. Pedro Cerbuna 12
50009 ZARAGOZA
I.P. Grupo de Investigación Consolidado URBS
Miembro del I.U.C.A.
Director del Museo de Calatayud
mmartin@unizar.es
martinbuenomanuel@gmail.com
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