Carissimos
Bastaram uns dias de campo e quando volto deparei-me com o Archport completamente incendiado.
São eles o MST, o Côa, uma biblioteca, umas vigilias de desalojados, uns romanos chacinadores, uns partidos oportunistas que só querem aproveitar a miséria humana, um tipo que encontrou ossos ontem e já sabe que eles são do dia 23 de Maio de 39.235 a.C (às 16h,29m.... enfim tristezas deste mundo arqueológico.
De facto, batemos no fundo como profissão e como ciência, mas pior de tudo ...não nos apercebemos desta situação e caímos no ridiculo. Assim tudo é possivel:teorias criacionistas de uns rabiscos que afinal são arte pós-moderna e teorias situacionistas de quem não soube e não sabe o que deve fazer com a arte de um Rio, um governo que desaloja um dos seus institutos, uma vigilia de desesperados que não sabem para onde carregar os caixotes, um bando de explorados e seus patrões mais preocupados com o pincel do que com a empresa, enfim.. este é o estado da arqueologia portuguesa...
Ainda bem que está assim... moribunda, porque é a única forma que os arqueólogos entendem... é lidar com a Morte.
Por isso aí estão os cursos das novas oportunidades... Reconversão de Arqueologo em Coveiros ou em Agente Funerário.
Já agora o Côa é mesmo o Rio da Morte e espero que enterre muitos dos que lá andaram.
Privatizamos o Rio, aquilo é um sucesso nas mãos do Belmiro e livramo-nos da escumalha situacionista, que viveu anos à custa do estado e dos subsidios.
Perdoem-me estas palavras causticas e sarcásticas... afinal somos todos muitos porreiros!
Para quê mudar quando tudo está bem? Para quê trabalharmos em prol de uma pseudo comunidade que não existe e não quer existir?
Já agora quando é a proxima manif de maltrapilhos? Bute lá beber umas bejecas?
Carpem Diem
Saudações miseráveis.
Gonçalo M. Bettencourt