A visão de um Arqueólogo não é bem a dum historiador e
permita-me lembrar-lhe algumas referências de gente que estudou e estuda há bem
mais do que 15 anos que aqui tive oportunidade de deixar sob a forma de citação Com os
meus melhores cumprimentos Rui
Miguel da Costa Pinto http://gagocoutinho.wordpress.com De: Paulo Monteiro
[mailto:pmonteiro@ntasa.pt] Caro
Machado Borges Estou
perfeitamente a par da relação do Pigafetta, tal como estou a par de (quase) todas
as outras crónicas, anais, narrativas, décadas, lendas e demais narrativas
relativas aos Descobrimentos. Há 15 anos que não leio outra coisa. Mais,
já andei por quase todos os arquivos e levantei e transcrevi incontáveis
manuscritos inéditos relativos aos mesmos. Não sei se isso faz de mim melhor ou
pior opinador quanto à personalidade de um português que morreu ao serviço de
Castela (e quantos castelhanos não vieram para Portugal e deram bons e leais
servidores da coroa portuguesa? Assim, de repente, lembro-me de Alfonso, filho
bastardo de Enrique II de Castela, conde de Noroña, que deu origem, por
varonia, às casas dos Marqueses de Vila Real, Angeja e Fronteira, entre outras,
e vários fronteiros do Norte de África, alguns capitães de naus das Índias,
vice-governadores delas, etc.). Mas, é claro, não poderia concordar mais
consigo: opiniões são opiniões e valem o que valem. Agora,
não posso deixar de opiniar que também acho que, em vez de andarmos a que
carpir pela gesta marítima de antanho, haveria que – por exemplo – catalogar,
indexar, transcrever, publicar e traduzir (para inglês, francês e espanhol)
toda a documentação que existe nos mais variados arquivos nacionais. Aquilo que
se passa no Arquivo Histórico Ultramarino, por exemplo, é vergonhoso: não
fossem os brasileiros a fazer os índices das caixas do Reino, através do
projecto Resgate, e os macaenses os relativos à caixa de Macau, o AHU estaria
ainda no mesmo caos que estava. Pior, cada vez que se pede um documento vem-nos
às mãos o original, esboroando-se a cada manuseamento, mais e mais – aliás, as
caixas estão todas cheias de fragmentos de papel (salva-se neste panorama
nacional a Universidade dos Açores que tem vindo a transcrever, indexar e
publicar os conteúdos de todas as caixas do fundo Açores, na sua segunda série
do Arquivo dos Açores. E já agora, recentrando esta discussão
na arqueologia e fugindo ao “fora-de-tópico”, haveria que saber encontrar a
vontade política e científica para nos dedicarmos à prospecção e escavação de
sítios de naufrágios portugueses – até porque fica claro que o problema da
existência de bens subaquáticos de do período dos Descobrimentos nas nossas
águas ultrapassa o âmbito dos interesses específicos do país, para se projectar
em dois planos de muito mais vastas dimensões: - em primeiro lugar, numa escala
mundial, com esses bens a integrar-se num património comum a toda a Humanidade
por serem detentores de um valor universal excepcional, cujo estudo e
salvaguarda se tem que garantir de modo eficaz. - em segundo lugar, já numa escala
nacional, porque esses bens, exactamente por serem os únicos vestígios
materiais remanescentes de navios portugueses da época dos Descobrimentos, têm
obviamente um interesse relevante para a permanência da identidade da cultura
portuguesa através do tempo, integrando de forma indiscutível o património
cultural do nosso País – afinal sabe-se hoje mais sobre os barcos gregos ou
romanos da Antiguidade Clássica (porque foram localizados e porque foram
escavados cientificamente, basta ver o excelente trabalho feito pelo Xavier
Nieto na Catalunha) do que sobre os galeões ou caravelas portugueses de há 400
anos atrás. Finalizo, aproveitando a praia-mar de
citações: “nós nunca nos realizamos; somos dois abismos - um poço fitando o céu” From: V.
Machado Borges [mailto:v.m.borges@netcabo.pt] A sua opinião sobre o valor de Fernão de Magalhães, ou da viagem
que empreendeu, nada tem que ver com a catalogação deste importante livro
digitalizado. Goste dele ou não, o facto é que está, apesar da sua opinião,
indissoluvelmente ligado à história de Portugal.. Este é um facto objectivo, e
não uma opinião. Por isso mesmo, deveria ter uma entrada que o permitisse
encontrar na base de dados, até por ser referido desde logo no prólogo, por um
dos seus companheiros de viagem. Também em todo o livro Portugal e os
portugueses são (naturalmente) referidos vezes sem conta o que justificaria a
referência. Mas nós gostamos muito de desvalorizar o nosso passado, e a
nossa capacidade, passada ou presente... O facto é que na base de dados não há
nenhuma colaboração portuguesa. Isso é que nos deveria preocupar, e não a sua
opinião sobre o valor de Fernão de Magalhães, ou sobre a importância que para a
época teve a viagem de circum-navegação, até no sentido do que hoje chamamos
“globalização”, que não era o tema da conversa. Naturalmente que discordo em absoluto da sua opinião, mas isso
também não interessa para o caso. Já agora seria útil ler o livro, bem interessante, escrito por
um italiano que pagou para ir na viagem, e é um testemunho credível, apesar de
alguma dificuldade pela baixa definição. Mas há outras versões na Net. Segundo
Pigafetta, Magalhães terá morrido valorosamente em combate, (...”Se não fora
aquele pobre capitão nenhum de nós se salvava nem o barco, porque enquanto ele
combatia, os outros salvaram-se no batel “...) e afirmar “ morreu na praia”
ou “os conhecimentos que adquiriu não foram os suficientes para escapar
a uma mão cheia de asiáticos” mostra uma total
incompreensão da coragem, da audácia e dos conhecimentos de quem se enfia nuns
barquitos e se aventura por mares desconhecidos e povos perigosos, com 256
marinheiros, que foram morrendo pelo caminho, tendo regressado somente 18,
entre os quais o autor do livro. E dos cinco navios que partiram, só um
completou a viagem. Diria mesmo que mostra uma falta de respeito por toda uma
história de assumir riscos e avançar para o desconhecido, por todos os que
morreram nessa gesta “dando novos mundos ao mundo” coragem que, de outra forma
aliás hoje continua na diáspora. Só a descoberta e travessia em 1520 do
estreito que hoje tem o seu nome, tendo sido o primeiro Europeu a fazer essa
travessia e a atravessar o Pacífico, mereceria mais consideração. Quanto ao
regresso, fez-se por um mundo já conhecido através dos portugueses... Voltando a citar Pessoa: ... De quem é a dança que a noite aterra? São os Titans, os filhos da Terra, Que dançam da morte do marinheiro Que quiz cingir o materno vulto - Cingil-o, dos homens, o primeiro -, Na praia ao longe por fim sepulto. Dançam, nem sabem que a alma ousada Do morto ainda comanda a armada, Pulso sem corpo ao leme a guiar As naus no resto do fim do espaço; Que até ausente soube cercar A terra inteira com seu abraço. Violou a Terra. Mas elles não o sabem, e dançam na solidão; ... Infelizmente Pessoa tem razão quando dizia: Senhor, a noite veio e a alma é vil. Tanta foi a tormenta e a vontade! Restam-nos hoje, no silencio hostil, O mar universal e a saudade. ... Quanto ao site, é uma louvável iniciativa, apesar de por
enquanto ser muito pobre, como podemos ver. Será bom que se faça algo para o
desenvolver, e a participação portuguesa será indispensável, tanto mais que
temos contribuído significativamente, à medida das nossas capacidades
financeiras, para a digitalização de obras importantes. Assim haja apoio do
estado às iniciativas pontuais já que não há uma estratégia clara e
significativa de política cultural. Não é preciso sermos técnicos BAD, para
sabermos das dificuldades com que as instituições se debatem. From:
archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] On Behalf Of Paulo
Monteiro Aparentemente,
os conhecimentos que adquiriu não foram os suficientes para escapar a uma mão
cheia de asiáticos nem foram necessários para que o resto da frota voltasse a
Espanha... De: Rui Diz o meucaro amigo Tenente Valentim e muito bem “Logo
em 1505 parte para a Índia numa armada comandada por D. Francisco de Almeida.
Nos mares do Índico permanecerá oito anos. Acompanha Diogo Lopes Sequeira a
Malaca em 1509, naufragando no regresso; participa na conquista de Goa ao lado
de Afonso de Albuquerque no ano de 1510; no ano seguinte faz parte do
contingente, também liderado por Afonso de Albuquerque, que toma a estratégica
cidade de Malaca. Entretanto, ainda no Oriente, estabelece uma relação muito
próxima com Francisco Serrão, que veio a ser o feitor das ricas ilhas das
Molucas. Através desta amizade e, posteriormente, duma troca epistolar regular
tem acesso a informações preciosas, de âmbito cartográfico e geográfico, acerca
da localização daquelas ilhas, onde abundavam as especiarias. De volta a Lisboa,
em 1513, incorpora nesse mesmo ano as forças que sob o comando de D.
Jaime, Duque de Bragança, tomam a praça marroquina de Azamor. Responsável pelos
despojos da conquista, é acusado da forma pouco clara como repartiu as "presas".” Portando
os conhecimentos e a experiência adquiridos nada valem??? De:
archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] Em nome de Paulo
Monteiro Magalhães
até poderia ser português mas não vejo grandes razões para incensar alguém que,
mais do que morrer na praia, morreu a meio da viagem. De:
archport-bounces@ci.uc.pt Belo presente de Ano Novo!. Obrigado! A propósito, desejo a tod@s um óptimo ano. O acesso a bibliotecas digitais online, abertas e gratuitas é
uma enorme conquista cultural da humanidade. Permite-nos ter acesso directo,
imediato, das nossas casas, a tesouros culturais, e só desejo que as
bibliotecas e centros de documentação nacionais, apesar de terem de lutar
contra a conjuntura actual desfavorável, colaborem sem reservas nesta
“publicação” mundial e marquem a nossa presença. Infelizmente, se entrarem por “Espanha” encontrarão o “Diário da
Viagem de Magalhães” (referido aliás na mensagem) que está classificado como
“Espanha” “Itália” “Mundo” Filipinas” ... e não tem uma entrada por “Portugal”.
Mas se abrirem (com o excelente visualizador) na pág. 13 linha 3 e na pág. 14
linha 11 lerão claramente (apesar das imagens terem baixa resolução – outros
docs têm resolução bem maior) nessas duas primeiras páginas de texto a
indicação da nacionalidade portuguesa de Fernão de Magalhães... Das 50 entradas com referência a Portugal, nenhuma tem origem na
colaboração nacional – nenhuma biblioteca referida é portuguesa... Felizmente
há Brasil, para defender e divulgar a língua e a cultura lusas! Há 13 entradas pelo menu, mas 50 pela “pesquisa”, pela palavra
Portugal. Há muitos outros documentos portugueses, mas referenciados por
Angola, Moçambique, etc. a grande maioria da Biblioteca Nacional do Brasil.
Estive lá este ano, bem como no Gabinete Português de Leitura, e a preservação
e defesa da língua portuguesa é de facto hoje essencialmente feita pelos países
de expressão lusa, principalmente o Brasil, mas Timor, tão longe, também
nos dá uma lição de portugalidade... Senhor, a noite veio e a alma é vil. Tanta foi a tormenta e a vontade! Restam-nos hoje, no silencio hostil, O mar universal e a saudade. Mas a chama, que a vida em nós creou, Se ainda ha vida ainda não é finda. O frio morto em cinzas a occultou: A mão do vento póde erguel-a ainda. Dá o sopro, a aragem – ou desgraça ou ancia-, Com que a chamma do exforço se remoça, E outra vez conquistemos a Distancia – Do mar ou outra, mas que seja nossa! Abraços, VMB PS –
da edição “clonada” da Mensagem, recentemente lançada pela Guimarães Editora e
exclusiva da FNAC, e que é preciosa. From:
archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] On Behalf Of José
d'Encarnação Olá,
Amiga(o)!
Divulgo tal como recebi, porque se me afigura de todo o interesse.
Perdoe-me se não tento uma formatação adequada; mas creio que está
compreensível.
J. d'E.
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