Ex.mo VMB
Lamento a forma como o meu colega Pedro Caleja respondeu as suas questões.
Felizmente ele vive intensamente o campo de arqueologia subaquática e sempre defende os seus projectos de uma forma apaixonada, as vezes com alguns excessos.
Quanto as suas questões, a venda de património resulta num retorno económico imediato (eu sei que estamos um bocadinho necessitados de dinheiro por causa do déficit)
Porém pergunto-lhe, se é a favor da venda de património como única solução viavél, porque não vendemos o Mosteiro dos Jerónimos para uma habitação particular? Aposto que o erário público teria um retorno económico imediato significativo e acabaríamos com esta confusão de Museus Arqueológicos e Museus de Marinha, vamos simplesmente esquecer o retorno económico que estes dois essenciais e valiosíssimos Museus trazem para o país (nem sequer calculo o seu valor cultural e de suporte à investigação portuguesa).
A venda dos navios para sucata daria algum dinheiro ao erário publico (o meu colega Caleja provavelmente saberá quanto).
Facto - O gasto com o afundamento de 4 navios será de 2.5 milhões de euros.
Facto - A pratica de mergulho amador treina, pelo menos 900.000 novos participantes anualmente desde 2001 (PADI stats 2008).
Facto - Cada mergulhador representa para o turismo um retorno de 1.81 por cada 1 gasto (Tanyeri-Abur e Jian 1998).
Pressuposto - Um mergulhador que visite o Algarve gastará em média 300 a 400? para visitar os 4 naufrágios (alojamento, alimentação e mergulho)
Resultado - Estamos a falar numa prática marítimo-turística com um potencial de retorno anual de 270 milhões de euros.
A presença de 4 navios "fresquinhos para mergulhar" para esta comunidade de mergulho trará quantos ao Algarve?
A média de vida de uma embarcação de metal afundada nestas condições é de 50 anos (potencial galvânico de 0.036). A introdução de zinco para EMF aumenta a esperança de vida, em teoria, 10 vezes mais. Mesmo que não se faça, a corrosão galvânica controlada do mesmo criará um recife artificial com uma esperança de vida de pelo menos de 314 anos (dados baseados em FaroA - estudado pelo melhor arqueólogo náutico deste país - Blot 2002)
50 anos * 300/400 * X mergulhadores * 0.2 (returno de imposto) qual acha que será o retorno financeiro desta iniciativa para o país? Mais se pensarmos que a conservação dos mesmos será a um centésimo do custo que mantê-los a flutuar.
Eu estou bastante interessado em saber as respostas a estas questões daqui a uns anos. Por enquanto deixo-lhe com esta consideração:
Facto - O recife artificial Mckenzie no Canada gerou um retorno económico de 1995 a 2000 U.S$ 3.5 milhoes (Milon et All 2000).
Facto - A visita a embarcações - recifes artificiais aumenta o interesse publico e o seu interesse pela arqueologia náutica.
Espero que estas informações sejam úteis. Deixo-o com os meus cumprimentos e oferta de ajudar-lhe com mais esclarecimentos que necessitar. Também podemos discutir, privadamente o valor económico destes recifes para as pescas com factos fundamentados, mas fora desta lista que chama-se archport e não pescaport.
Tiago Fraga, arqueólogo nautico
(nota para as más línguas, não tenho qualquer vinculo ao projecto de afundamento)
-------Mensagem original-------
Data: 24-05-2010 00:17:22
Assunto: [Archport] FW: Digest Archport, volume 80, assunto 78
A má educação não merece resposta. Como não merece atenção quem não admite opiniões divergentes.
Ficámos todos a saber com quem lidamos.
From: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] On Behalf Of Rui Sent: domingo, 23 de Maio de 2010 22:00 To: archport@ci.uc.pt; 'José d'Encarnação' Subject: Re: [Archport] Digest Archport, volume 80, assunto 78
Caro amigo Professor José D?Encarnação
Talvez fosse bom alertar para a forma como algumas pessoas se dirigem a outras. É uma questão de educação.
Abraço
De: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] Em nome de Pedro Caleja Enviada: domingo, 23 de Maio de 2010 18:49 Para: archport@ci.uc.pt Assunto: Re: [Archport] Digest Archport, volume 80, assunto 78
Aconselho-o a informar-se antes de mandar postas de pescada sobre o que não sabe.
1 º - O dinheiro é de financiamento privado e o Estado não gasta um tostão.
2º - Os navios renderam mais dinheiro ao serem afundados, trazendo turistas propositadamente para o Algarve do que sendo vendidos para sucata que era o fim que lhes estava destinado.
3º - A Marinha (Arsenal do Alfeite) ganhará mais dinheiro ao limpar os navios e vendendo a sucata que seja desmantelada de seguida do que se vendesse directamente a sucateiros.
4º - Apesar de existir um arqueólogo subaquático na equipa que esteve na origem e desenvolvimento deste projecto o objectivo não é do "criar" arqueologia.
5º - Tem a noção do que é exigido para manter um navio de guerra a flutuar e transformá-lo em museu? Junte-se com mais uns amigos e faça-o você. Há navios para todos. Já que é tão inteligente e os outros tão tontos concerteza terá imenso sucesso.
Vivam os Doutores cheios de sabedoria e donos das verdades. Esta é uma das razões porque este país não vais para a frente, qualquer m****as tem opinião, mesmo quando não sabe do que está a falar.
2010/5/23 <archport-request@ci.uc.pt>
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1. Re: Navios da Armada vão ao fundo e viram museu subaquático (V. Machado Borges) 2. Re: Navios da Armada vão ao fundo e viram museu subaquático (Rui)
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Message: 1 Date: Sun, 23 May 2010 02:48:18 +0100 From: "V. Machado Borges" <v.m.borges@netcabo.pt> Subject: Re: [Archport] Navios da Armada vão ao fundo e viram museu subaquático To: "archport" <archport@ci.uc.pt> Message-ID: <!&!AAAAAAAAAAAYAAAAAAAAANnVKLs3rb5OhxuoR6H7J1DCgAAAEAAAACG4Aon1kilGlpeC/ZfE5NUBAAAAAA==@netcabo.pt>
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ESTÁ TUDO DOIDO!
Na crise em que estamos, gastar dois milhões e meio de euros para afundar quatro navios (que bem podem ser vendidos) é de facto uma ideia original...
"É a primeira vez que se faz algo do género em todo o mundo, afundar vários navios que representem uma Armada...
Portugal, sempre à frente nas novidades, os outros todos são uns patetas, que quando querem preservar a história das marinhas conservam os navios a flutuar, ou até os fazem vir à superfície, como com o Vasa.
Mais uma ideia original portuguesa, que associada com o fim anunciado do Museu da Marinha e com a transferência do Museu de Arqueologia para a Cordoaria (que por acaso tem todas as condições para uma área museológica da marinha) pode ajudar-nos a ganhar o prémio do Guiness para as tonterias do património. Ou mesmo um IgNobel...
É a chamada pró-arqueologia, em que criamos hoje os sítios que exploraremos amanhã... Também a poderemos baptizar de ?arqueologia artificial? enterrando alguma cerâmica partida para a virem a descobrir daqui a umas centenas, quiçá milhares de anos...
Pró-Arqueólogo ? Cientista que produz artefactos que um dia serão de interesse arqueológico, enterrando-os ou submergindo-os, em locais previamente identificados de forma a virem a ser facilmente descobertos. Para poupar tempo e trabalho, as peças serão enterradas juntamente com uma descrição exaustiva e com as legendas que deverão ser colocadas nas respectivas vitrinas, quando forem propositadamente descobertas... (in : Dicionário das Parvoíces, Volume VII)
Só falta criar a pró-história, fazendo passar à história estas mentes que nos (des)governam
Só me lembro do laboratório dos ?Marretas? ?where the future is made today...?
VMB
PS Hoje não é Um de Abril pois não?
From: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] On Behalf Of Alexandre Monteiro Sent: domingo, 23 de Maio de 2010 0:15 To: archport Subject: [Archport] Navios da Armada vão ao fundo e viram museu subaquático
E, por falar em Marinha....
Portimão: Navios da Armada vão ao fundo e viram museu subaquático 22-05-2010 11:14:00
O afundamento de quatro antigos navios de guerra da Armada Portuguesa vai dar origem ao primeiro museu subaquático do país, ao largo da Praia da Rocha, em Portimão.
Entre os 12 e os 15 metros de profundidade, os navios - o oceanográfico "Almeida Carvalho", a Fragata "Hermenegildo Capelo", a Corveta "Oliveira do Carmo" e o navio-patrulha "Zambeze" - vão constituir "roteiros subaquáticos acessíveis a qualquer mergulhador", explicou à Lusa Manuel da Luz, presidente da Câmara de Portimão.
A ideia, segundo Manuel da Luz, é "limpar os navios de guerra de todos os materiais poluentes, rebocá-los até Portimão e afundá-los a cerca de duas milhas da costa, numa área já identificada e validada pelas autoridades ambientais".
O projeto de Museu Subaquático da Marinha de Guerra Portuguesa já mereceu a aprovação de diversas entidades com competências na matéria, nomeadamente do Ministério da Defesa, que emitiu neste mês despacho a ceder os quatro navios de guerra desativados, atualmente estacionados na Base Naval do Alfeite.
Manuel da Luz destaca o facto de, além de criar "um museu original", o projeto permitir "reforçar o ecossistema", pois "os navios afundados serão recifes artificiais numa zona sem qualquer riqueza, o que possibilita um aumento da biodiversidade das espécies".
A operação, que deverá custar 2,5 milhões de euros, vai durar cerca de dois anos e meio, prevendo-se que o primeiro navio - a Corveta "Oliveira do Carmo", com cerca 1400 toneladas, 85 metros de comprimento e 10 de boca, da classe "Baptista de Andrade" - seja afundado em novembro deste ano ou em abril de 2011.
"Tudo depende da disponibilidade do Arsenal do Alfeite para a empreitada de limpeza e adaptação do navio", fez notar Luís Sá Couto, proprietário da empresa de mergulho Subnauta, uma das parceiras da autarquia para a implementação da ideia.
Os restantes navios serão afundados à cadência de um por cada nove meses, se bem que o presidente da autarquia admite poder vir a adaptar o calendário às disponibilidades financeiras.
Luís Sá Couto refere, no entanto, que "mal seja imerso o primeiro navio e estejam criados o roteiro e a sinalética", será possível mergulhar neste museu debaixo de água, "mediante determinadas regras que serão definidas pela autarquia".
O Museu de Portimão, recentemente eleito o melhor do ano pelo Conselho da Europa, vai ficar por seu lado "responsável pela exposição em terra, retratando a história dos navios e dos seus patronos", realçou.
"É a primeira vez que se faz algo do género em todo o mundo, afundar vários navios que representem uma Armada e com isso contar a sua história debaixo de água", completou Luís Sá Couto, fazendo referência à existência de apenas "casos isolados" de afundamento de navios em países como a Inglaterra, o Canadá, os Estados Unidos da América, a Nova Zelândia e a Austrália.
Em Portugal, o primeiro afundamento aconteceu em 1995, quando foi imergido um antigo arrastão de ferro ao largo de Faro para servir de recife artificial.
Em 2000, foi a vez da Porto Santo Line afundar a 700 metros da costa da ilha de Porto Santo, na Madeira, o cargueiro português "Madeirense", criando assim uma nova atração turística no arquipélago.
Fonte: <http://www.observatoriodoalgarve.com/cna/noticias_ver.asp?noticia=36833> http://www.observato...p?noticia=36833
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Message: 2 Date: Sun, 23 May 2010 10:46:00 +0100 From: "Rui" <rcostapinto@netcabo.pt> Subject: Re: [Archport] Navios da Armada vão ao fundo e viram museu subaquático To: <v.m.borges@netcabo.pt>, "'archport'" <archport@ci.uc.pt> Message-ID: <005301cafa5c$c06748d0$4135da70$@pt> Content-Type: text/plain; charset="iso-8859-1"
Se colocarem alguns políticos a bordo não me oponho J
De: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] Em nome de V. Machado Borges Enviada: domingo, 23 de Maio de 2010 02:48 Para: archport Assunto: Re: [Archport] Navios da Armada vão ao fundo e viram museu subaquático
ESTÁ TUDO DOIDO!
Na crise em que estamos, gastar dois milhões e meio de euros para afundar quatro navios (que bem podem ser vendidos) é de facto uma ideia original...
"É a primeira vez que se faz algo do género em todo o mundo, afundar vários navios que representem uma Armada...
Portugal, sempre à frente nas novidades, os outros todos são uns patetas, que quando querem preservar a história das marinhas conservam os navios a flutuar, ou até os fazem vir à superfície, como com o Vasa.
Mais uma ideia original portuguesa, que associada com o fim anunciado do Museu da Marinha e com a transferência do Museu de Arqueologia para a Cordoaria (que por acaso tem todas as condições para uma área museológica da marinha) pode ajudar-nos a ganhar o prémio do Guiness para as tonterias do património. Ou mesmo um IgNobel...
É a chamada pró-arqueologia, em que criamos hoje os sítios que exploraremos amanhã... Também a poderemos baptizar de ?arqueologia artificial? enterrando alguma cerâmica partida para a virem a descobrir daqui a umas centenas, quiçá milhares de anos...
Pró-Arqueólogo ? Cientista que produz artefactos que um dia serão de interesse arqueológico, enterrando-os ou submergindo-os, em locais previamente identificados de forma a virem a ser facilmente descobertos. Para poupar tempo e trabalho, as peças serão enterradas juntamente com uma descrição exaustiva e com as legendas que deverão ser colocadas nas respectivas vitrinas, quando forem propositadamente descobertas... (in : Dicionário das Parvoíces, Volume VII)
Só falta criar a pró-história, fazendo passar à história estas mentes que nos (des)governam
Só me lembro do laboratório dos ?Marretas? ?where the future is made today...?
VMB
PS Hoje não é Um de Abril pois não?
From: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] On Behalf Of Alexandre Monteiro Sent: domingo, 23 de Maio de 2010 0:15 To: archport Subject: [Archport] Navios da Armada vão ao fundo e viram museu subaquático
E, por falar em Marinha....
Portimão: Navios da Armada vão ao fundo e viram museu subaquático 22-05-2010 11:14:00
O afundamento de quatro antigos navios de guerra da Armada Portuguesa vai dar origem ao primeiro museu subaquático do país, ao largo da Praia da Rocha, em Portimão.
Entre os 12 e os 15 metros de profundidade, os navios - o oceanográfico "Almeida Carvalho", a Fragata "Hermenegildo Capelo", a Corveta "Oliveira do Carmo" e o navio-patrulha "Zambeze" - vão constituir "roteiros subaquáticos acessíveis a qualquer mergulhador", explicou à Lusa Manuel da Luz, presidente da Câmara de Portimão.
A ideia, segundo Manuel da Luz, é "limpar os navios de guerra de todos os materiais poluentes, rebocá-los até Portimão e afundá-los a cerca de duas milhas da costa, numa área já identificada e validada pelas autoridades ambientais".
O projeto de Museu Subaquático da Marinha de Guerra Portuguesa já mereceu a aprovação de diversas entidades com competências na matéria, nomeadamente do Ministério da Defesa, que emitiu neste mês despacho a ceder os quatro navios de guerra desativados, atualmente estacionados na Base Naval do Alfeite.
Manuel da Luz destaca o facto de, além de criar "um museu original", o projeto permitir "reforçar o ecossistema", pois "os navios afundados serão recifes artificiais numa zona sem qualquer riqueza, o que possibilita um aumento da biodiversidade das espécies".
A operação, que deverá custar 2,5 milhões de euros, vai durar cerca de dois anos e meio, prevendo-se que o primeiro navio - a Corveta "Oliveira do Carmo", com cerca 1400 toneladas, 85 metros de comprimento e 10 de boca, da classe "Baptista de Andrade" - seja afundado em novembro deste ano ou em abril de 2011.
"Tudo depende da disponibilidade do Arsenal do Alfeite para a empreitada de limpeza e adaptação do navio", fez notar Luís Sá Couto, proprietário da empresa de mergulho Subnauta, uma das parceiras da autarquia para a implementação da ideia.
Os restantes navios serão afundados à cadência de um por cada nove meses, se bem que o presidente da autarquia admite poder vir a adaptar o calendário às disponibilidades financeiras.
Luís Sá Couto refere, no entanto, que "mal seja imerso o primeiro navio e estejam criados o roteiro e a sinalética", será possível mergulhar neste museu debaixo de água, "mediante determinadas regras que serão definidas pela autarquia".
O Museu de Portimão, recentemente eleito o melhor do ano pelo Conselho da Europa, vai ficar por seu lado "responsável pela exposição em terra, retratando a história dos navios e dos seus patronos", realçou.
"É a primeira vez que se faz algo do género em todo o mundo, afundar vários navios que representem uma Armada e com isso contar a sua história debaixo de água", completou Luís Sá Couto, fazendo referência à existência de apenas "casos isolados" de afundamento de navios em países como a Inglaterra, o Canadá, os Estados Unidos da América, a Nova Zelândia e a Austrália.
Em Portugal, o primeiro afundamento aconteceu em 1995, quando foi imergido um antigo arrastão de ferro ao largo de Faro para servir de recife artificial.
Em 2000, foi a vez da Porto Santo Line afundar a 700 metros da costa da ilha de Porto Santo, na Madeira, o cargueiro português "Madeirense", criando assim uma nova atração turística no arquipélago.
Fonte: <http://www.observatoriodoalgarve.com/cna/noticias_ver.asp?noticia=36833> http://www.observato...p?noticia=36833
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Fim da Digest Archport, volume 80, assunto 78 *********************************************
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