Re: [Archport] Como se inscre um sitio arquelógico na carta concelhia...
Caro Antonio Monteiro e membros deste forum
Como já expliquei, não está em causa quem fez o trabalho, nem o local onde
os trabalhos decorreram (veja o título da mensagem).
Aos arqueólogos foi-lhes pedido que fizessem uma prospecção, pois tal era
exigido pela Câmara Municipal respectiva e fizeram-na. Não lhes foi pedido
um estudo, mas sim trabalhos de campo. Podiam, é verdade, ter acordado os
seus "violinos" com um historiador e um geólogo, especialistas na região.
Apresentariam um melhor relatório e com mais segurança dariam o parecer,
reduzindo os trabalhos de campo.
Não o fizeram pois não é habito. A minha questão é porque é que não existe
essa cultura na arqueologia portuguesa?
Até porque, honestamente o arqueólogos que trabalharam no sítio, fizeram
bem o seu trabalho, e não descobrindo nada de verdadeiramente "antigo",
fizeram um relatório que o diz por meias palavras e concluem pela
concordância em que os trabalhos propostos para o local se façam.
Não, o problema não está aí. O segundo problema está em que se tendo feito
uma prospecção arqueológica se considere automaticamente, na carta
concelhia, que o local tem potencialidades e consequentemente QUALQUER
trabalho a ser futuramente realizado pelos proprietários confinantes terá de
ser acompanhado por uma equipa de arqueólogos. Isto é: (i) garante emprego,
(ii) despesas para quem quer fazer qualquer coisa e (iii) desacredita a
arqueologia pois os vizinhos proprietários vendo que nada se encontrou,
perguntam-se porquê.
Isto já não é problema da equipa de arqueólogos ou do seu relatório, mas da
iniciativa dos serviços camarários, que coloca aquela bolinha na carta
arqueológica do concelho ,porque ouviu dizer que tinham aparecido 3
vestígios de fogueiras sem quaisquer materiais, e isso é "muito importante".
Nem chegam a ler o relatório, não é necessário, dizem. ..E quando o
relatório nada fala sobre as fogueiras, a bolinha na carta arqueológica
mantem-se. Pois poderão encontrar-se mais... E tal dará poder aos serviços
de arqueologia da Câmara respectiva pois que arranja trabalho para
arqueólogos, mas que será pago por outros
Donde, o cidadão paga através dos seus impostos, quem o sirva, i e os
técnicos da Cãmara, e são estes que fazem com que ele, cidadão venha a ter
fazer despesas inúteis
As questões são estas.
Também não percebo nada de montagem de redes eléctricas, mas posso retomar
o seu exemplo do engenheiro electrotécnico. Se tal se passasse nada mais
simples que fazer duas reclamações. Uma á Ordem dos Engenheiros e outra para
as entidades supervisoras da obra e de quem autorizou. O caso ficaria
resolvido.
Mas neste caso não vejo onde e a quem, poderão reclamar os proprietários dos
terrenos que se encontram debaixo da bolinha camarária.
Só se lançarem uma "indignação cívica", e tal de forma pública, contando na
imprensa e em foros
Cumprimentos
Ricardo Charters d'Azevedo
PS: não sou proprietário de nenhuns terrenos anexos á prospecção
arqueológica realizada, mas estou a pensar em ficar com alguns para manter
a chama da "indignação cívica"...
-----Original Message-----
From: Alexandre Monteiro [mailto:no.arame@gmail.com]
Sent: sexta-feira, 6 de Maio de 2011 01:13
To: Ricardo Charters d'Azevedo
Cc: archport@ci.uc.pt
Subject: Re: Como se inscre um sitio arquelógico na carta concelhia...
Caro Ricardo
Essas perguntas que faz só se podem responder lendo o relatório e sabendo de
que sítio se trata.
Mais uma vez, reitero: é minha opinião que um debate sobre aquilo que afirma
- como bem diz, "de ouvir dizer "- tem que se basear sempre no relatório e
no sítio.
Até que um e outro apareçam é como eu vir dizer a terreiro que um
determinado projecto de electrotecnia foi elaborado em péssimas condições,
que o engenheiro responsável pelo projecto só queria ganhar o seu, nada
tendo perguntado ao electricista da empresa, que até percebe a potes
daquilo? E, imagine-se que, para cúmulo da indignação, apesar da potência
instalada ter sido subavaliada e toda a instalação estar em flagrante
violação das RTIEBT, mesmo assim o projecto foi aprovado por quem de
direito?
Ora, baseando-se apenas naquilo que eu escrevi acima, acha ético e de bom
tom, eu (que nada percebo de electrotecnia) vir a público dizer que o
engenheiro é incompetente ou está de má fé? Não exigiria, para poder
fundamentar a sua opinião, ver primeiro o projecto e o que foi realmente
implantado no terreno?
Em 5 de maio de 2011 22:39, Ricardo Charters d'Azevedo
<ricardo.charters@gmail.com> escreveu:
> Caro Alexandre Monteiro,
>
> Não pretendo fazer um julgamento profissional de quem fez a pesquiza
> arqueológica. E não tenho o relatório. Só o vi e tomei notas quando o
> proprietário o leu para mim
>
> O meu objectivo é outro, como explico, nomeadamente, no título. È ter
> respostas a alguns fundamentalismos que prejudicam a profissão pois o
> cidadão não compreende:
>
> · Como se regista como arqueológico na carta concelhia um
> local somente porque se fez uma prospecção e não pelos resultados;
>
> · Porque se fazem prospecções arqueológicas sem previamente se
> estudar o local e/ou consultar um historiador
>
> · Porque quando se fazem prospecções, o arqueólogo tem sempre
> que mostrar que encontrou coisas importantes, nem que sejam locais
> onde se fez fogo (sem mais materiais), moedas e cerâmica,
> contemporâneas e pedras, que poderão vir a ser identificadas como
> ?raspas? de antigos artefactos que se não encontraram
>
> Cumprimentos
>
> RCA
>
>
>
> From: Alexandre Monteiro [mailto:no.arame@gmail.com]
> Sent: quinta-feira, 5 de Maio de 2011 23:11
> To: Ricardo Charters d'Azevedo; archport@ci.uc.pt
> Subject: REF: [Archport] Como se inscre um sitio arquelógico na carta
> concelhia...
>
>
>
> Se quiser uma discussão séria sobre este assunto, tem que identificar
> esse local ou fornecer-nos o relatório arqueologico produzido.
>
> É que, senão cai na mesma atitude de "achismo" de uns pescadores que
> eu conheci nos Açores, que diziam que os navios do século XVI que
> estávamos a escavar eram traineiras dos anos 70... do século XX.
>
> Enviado do meu HTC
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