Caro António Valera: Compreendi perfeitamente que a tua intenção não seria culpabilizar uma revista cujo processo de produção conheces bem. Mas pareceu-me que a mensagem não seria totalmente clara para todos os leitores. Daí o esclarecimento, para evitar qualquer ambiguidade. Dito isto, volto à questão central que justificou a recente troca de mensagens nesta lista para clarificar que compreendo a utilidade da arbitragem prévia (até já reflectimos sobre a eventualidade de vir a aplicar esse mecanismo à Al-Madan Online), mas acho discutível a sua exclusividade como método de aferição qualitativa. Para além dos riscos de distorção e controlo que já foram expressos, volto a frisar a questão da pequena massa crítica da comunidade arqueológica portuguesa. Resolverá o problema ter mais publicações com arbitragem prévia se os avaliadores forem quase sempre os mesmos? Não será mais correcto batalhar por um sistema de credenciação e avaliação que não dependa exclusivamente disso? Que inclua também descritores de avaliação mais “democráticos” e abertos ao verdadeiro escrutínio científico? Jorge Raposo Revista Al-Madan -- Direcção Centro de Arqueologia de Almada Apartado EC 603 Pragal 2801-601 Almada Tel. / Fax: 212 766 975 Telm.: 96 735 48 18 E-mail: director.almadan@gmail.com Al-Madan http://www.almadan.publ.pt Informação geral sobre os volumes impressos e a revista digital Al-Madan Online http://issuu.com/almadan Revista digital em distribuição integral De: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] Em nome de José d'Encarnação De: António Carlos de Valera [mailto:acvalera25@gmail.com] "A passagem do AP a revista com arbitragem científica é uma boa notícia. Mas penso que não vai chegar. Será necessário que mais uma ou outra caminhe nesse sentido, ainda que não seja fácil, como se sabe. E digo isto por duas razões. A primeira tem a ver com a procura. A actual necessidade de “pontuar” fez com que a procura deste tipo de revistas tenha aumentado bruscamente, ao ponto de as mesmas já não terem capacidade de resposta em tempo útil. Exemplo meu: um artigo proposto aos TP feita em Maio de 2013 só teria publicação, se aceite, no segundo semestre de 2015. Até lá a revista já estava fechada. Ora dois anos de espera tornariam o texto desactualizado (pois abordava um assunto com desenvolvimentos em curso). O resultado foi procurar outra revista e encurtar a publicação num ano e meio. Mas para isso é necessário ter mais oferta onde publicar com arbitragem. A segunda tem a ver com as críticas que costumam ser feitas aos abusos deste sistema, os quais denunciei no livro Holocénico, O Blog há já alguns anos. Estas críticas podem ser sintetizadas no controlo que o sistema permite a alguns relativamente a outros. Retirar a chancela de qualidade a uns artigos que eventualmente a mereçam (com os actuais meios de comunicação já não é possível impedir que as ideias circulem e nisso as restantes revistas desempenham um papel central) e dá-la a outros que talvez a mereçam menos. Ou seja, a manipulação do sistema em benefício de certos poderes, com as consequências conhecidas em termos de acessos a financiamentos, carreiras e lugares. Ora a existência de um maior número de revistas com arbitragem combate este tipo de controlo, favorecendo um mais correcto funcionamento do sistema. É que o sistema existe para discriminar qualidade, para que seja o mérito o critério de acesso a financiamentos e a tudo o resto. O problema não está tanto na ferramenta (eventualmente poderia ser melhorada), mas mais no uso que dela se faz. A polícia existe para proteger o cidadão, mas pode ser utilizada para o oprimir. No final, é o velho problema, muito humano, de luta pelo poder e pelo controlo de posições de privilégio e que faz, quase que invariavelmente, que os sistemas de avaliação sejam mal utilizados (em Portugal nem vale a pena falar do assunto). E as revistas não arbitradas podem ter um papel importante no regular deste mesmo sistema, pois funcionam como válvula de escape e termo de comparação que pode ser muito comprometedor para as revistas com avaliação inter pares. Talvez também por isso (mas não só) eu goste e me tenha envolvido em projectos editoriais “idependentes”. Por isso, pretender ter arbitragem não significa não acarinhar o que não a tem. Muito pelo contrário." PS - Jorge Raposo, o meu texto é claro e não dá lugar a equívocos. A responsabilidade da marosca é de quem constroi os seus currículos com informações falsas, não de qualquer revista. Foi isso que denunciei. Quanto ao que penso de revistas sem arbitragem e do seu papel e qualidade, basta ver a minha colaboração com a Almadan e as que eu prórpio edito ou editei. |
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