Sinopse
«Num aviso assinado pelo secretário de estado, Sebastião José de Carvalho e
Melo, datado de 3 de novembro de 1755, dirigido ao marquês de Marialva, D.
Diogo de Noronha, estribeiro-mor do reino, ordenava-se que providenciasse a
colocação de militares ao longo do porto de Lisboa, pois sabia-se da investida
junto à Torre de Belém de uma lancha argelina e temia-se que constituísse um
meio para recolha de informações sobre o estado da cidade e capacidade de
defesa.
Num tempo em que urgia resolver os problemas causados pela destruição
provocada pelo terramoto, este documento é fundamental para a perceção do
perigo que a cidade de Lisboa corria na iminência de possíveis ataques de
piratas e corsários. A costa marítima portuguesa, tanto continental como
insular, foi frequentemente atacada ao longo da época moderna, com consequente
saque e apreensão de indivíduos como cativos. Estes indivíduos eram levados
para cidades do Norte de África, onde aguardavam um possível resgate por
dinheiro ou pela troca com cativos muçulmanos. Em Portugal a organização dos
resgates dependia em termos civis da Mesa de Consciência e Ordens, e no campo
religioso, dos padres da Ordem da Santíssima Trindade, congregação presente em
Portugal desde o século XIII e instituída com o fim específico de libertar
cristãos cativos.
Nesta conferência pretendemos, a partir das medidas implementadas nos dias
seguintes ao Terramoto de 1755 para proteger Lisboa dos corsários magrebinos, abordar
os constantes ataques às zonas costeiras nacionais com consequente
aprisionamento de pessoas e mencionar as medidas empreendidas monarcas
portugueses para fazer face à necessidade de libertar os cativos.».
«Edite Martins Alberto
é doutorada em História Moderna (Universidade do Minho) e mestre em História
dos Descobrimentos e História Moderna de Portugal (NOVA FCSH). Investigadora
integrada do CHAM - Centro de Humanidades, unidade de investigação da NOVA FCSH
e da Universidade dos Açores desde 2012. Atualmente, coordena como
investigadora principal do projeto MOVING CITY - Cities made for war: a
European army in late Sixteenth-Century Morocco (EXPL/HAR-HIS/1521/2021),
financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Exerce funções como
técnica superior no Departamento de Património Cultural da Câmara Municipal de
Lisboa onde foi uma das coordenadoras do projeto Hospital Real de
Todos-os.Santos: A cidade e a saúde pública na Idade Moderna (NOVA FCSH,
CML) e, onde, nos últimos anos, tem desenvolvido estudos sobre políticas de
saúde e prevenção dos surtos pestíferos na história de Lisboa. Tem experiência
como investigadora em património cultural, divulgação cultural e na história de
Lisboa e de Portugal, com diversas publicações e apresentações em conferências
científicas nacionais e internacionais.».