Re: [Histport] A islamização em progresso

[jde <jde@fl.uc.pt>]

Agi com a mais completa inocência, convencido de que, pela fonte que mo enviará, se tratava de um estudo autêntico.

Peço, por isso, desculpa aos membros da lista e vou solicitar a sua erradicação do repositório. 

Agradecendo a Hugo Pereira a sua atenção.

José d'Encarnação 

Enviado do meu Galaxy

-------- Mensagem original --------

De : Hugo Pereira <hugojose.pereira@gmail.com>

Data: 11/01/24 20:52 (GMT+00:00)

Para: José D´Encarnação <jde@fl.uc.pt>

Cc: histport <histport@uc.pt>

Assunto: Re: [Histport] A islamização em progresso

Boa noite,

Devo confessar a minha estupefação com a partilha num fórum alegadamente académico de um texto completamente enviesado, eivado de factos falsos, mentiras e dados manipulados e manifestamente racista e xenófobo. 

Basta uma simples pesquisa no Google para chegar a este texto: https://medium.com/@humanityresists2020/debunking-some-islamophobic-nonsense-292906371400, no qual se refere, entre outras:

- não há nenhum estudo de Harvard; aliás o texto nem sequer indica um título, precisamente porque ele não existe.

- Nicoleta Incze nunca esteve em Harvard e faz parte de uma organização considerada islamofóbica.

- o texto é frequentemente encontrado e partilhado em fóruns islamofóbicos, de extrema-direita e nazis.

Acho vergonhoso a partilha deste texto neste fórum e entendo que os responsáveis por esta ideia deveriam pedir desculpa aos restantes membros, não só pelas razões apontadas anteriormente, mas por terem falhado na tarefa básica que qualquer historiador aprende no primeiro ano da licenciatura: verificar as fontes.

Saudações cordiais,

Hugo Pereira

On Thu, 11 Jan 2024 at 16:48, José D´Encarnação <jde@fl.uc.pt> wrote:

                Enviou Rainer Daehnhardt a informação em anexo, com o seguinte comentário

 

Caros interessados carentes de dados do passado, com eventual importância para compreender os tempos que se estão a criar!

(apenas reenvio como uma observação para que cada um reflicta e conclua à sua maneira: Chamo à atenção, que se viveu de modo relativamente pacifico nos séculos VIII até ao século XI).

A cultura mozárabe era primorosa. Cada cidade tinha o seu quarteirão muçulmano, hebraico e cristão, com água corrente e sistema de esgotos. Não envenenavam as fontes uns aos outros e viviam em paz.

A convivência pacífica era considerada uma espécie de camaradagem baseada na lógica da conveniência geral.

Os instrumentos matemáticos estavam no auge. Olhava-se para as estrelas e um grupo de primos mozárabes de Lisboa, querendo ver o mundo, foi à vela, para a Islândia e, no regresso, tocaram nos Açores.

Na vida doméstica introduziram-se toalhas de mesa e os agua-maniles, para lavar as mãos à mesa. Também introduziram o uso de roupa interior, algo completamente novo para muitos outros povos.

Mesmo assim:

Mais vale estar avisado para poder estar mentalmente preparado!

No fim será como Deus quiser! Até lá é só sofrer!

Rainer Daehnhardt

 

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Hugo Silveira Pereira

- Assistant researcher (CIUHCT - Interuniversity Center for the History of Sciences and Technology - NOVA School of Science and Technology)

- Honorary Fellow (Department of History - University of York)

- Editor Revista TST

- Latest publications: 

* "The Camera and the Railway: Framing the Portuguese Empire and Technological Landscapes in Angola and Mozambique, 1880s–1910s", Technology and Culture, 64:3 (2023), 737-759

* "Photography and transport history: a speculative approach to a theoretical framework", The Journal of Transport History, 43:2 (2022), 1-21

* "Herald of progress: Karl Emil Biel’s photographs of the technical modernisation of Portugal", Photographies, 15:1 (2022), 101-123