Caras e Caros colegas, O conhecimento científico nunca foi tão acessível, mas o distanciamento entre a ciência e a sociedade está a crescer. Em tempos de grandes e rápidos avanços tecnológicos e desafios globais, a confiança da sociedade europeia na ciência permanece elevada, mas a desinformação e o desinteresse estão a aumentar, colocando riscos significativos para a tomada de decisões informadas e para o bem-estar das comunidades. O mais recente Eurobarómetro sobre Ciência e Tecnologia traça um retrato menos positivo para Portugal que mostra algumas tendências inversas em relação a outros países europeus. Apesar da maioria dos portugueses reconhecerem que a ciência é positiva para a sociedade e manterem uma alta confiança nesta, muitos têm dificuldade em distinguir factos científicos de informação e teorias falsas e isto também se verifica em áreas como a Pré-História e a Evolução Humana. A desinformação, as teorias da conspiração e o desinteresse crescente pela ciência competem com o conhecimento científico sobre as nossas origens e o nosso lugar no mundo, já que entre os inquiridos: · 18% dos portugueses acreditam que os humanos não evoluíram de uma espécie anterior—mais do que o dobro dos 8% registados em 2021. · Apenas 56% sabem que os humanos não coexistiram com os dinossauros, enquanto 26% acreditam que sim e 18% não sabem responder. Para além destas conceções erradas o relatório apresenta Portugal como um país com baixo envolvimento dos públicos com a ciência: · 59% nunca ou quase nunca assistem a documentários, leem artigos ou ouvem podcasts de ciência. · 65% nunca ou quase nunca conversam sobre ciência com familiares ou amigos. · 80% nunca ou quase nunca visitam museus de ciência e tecnologia. · 87% nunca contactaram políticos ou entidades públicas sobre questões relacionadas com a ciência. Acresce e parece justificar estes dados a falta de interesse, com cerca de metade dos portugueses inquiridos a referirem o desinteresse como a principal barreira para interagir com a ciência. Além disso, a televisão e as redes sociais/blogues são as principais fontes de informação sobre ciência para os portugueses, o que suscita preocupações sobre o impacto da desinformação digital que tem sido apontada como um dos principais riscos para as sociedades nos próximos anos. E no caso específico da Pré-História e Evolução Humana isto é visível na ampla difusão da Pseudoarqueologia nos meios digitais. Estes dados merecem uma reflexão conjunta em torno de questões como: · Que estratégias devemos adotar para inverter estas tendências que se agravaram desde 2021? · Estamos a comunicar e a envolver-nos com o público nos formatos e espaços certos? · Como podemos combater a desinformação e as teorias da conspiração sem as reforçar? · Como podemos melhorar a relação do público com a ciência? · Que papel devem desempenhar os investigadores as escolas, museus, centros de investigação e a comunicação social na divulgação da Pré-História e Evolução Humana? · Como podemos despertar um maior interesse do público pela Pré-História e Evolução Humana e a ciência em geral? · Estamos a usar as narrativas e técnicas de storytelling certas para tornar a Pré-História e Evolução Humana mais envolventes? · Que impacto têm as barreiras linguísticas, o jargão académico e a falta de acessibilidade na desconexão entre cientistas e o público? · O que precisa de ser mudado ou atualizado nos currículos escolares do ensino básico e secundário sobre ciência, particularmente sobre Pré-História e Evolução Humana? Esta Mesa Redonda, organizado pelo Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano (ICArEHB), conta com a participação de: Ana Catarina Sousa – Vice-Presidente do Conselho Diretivo do Património Cultural, I.P. Joana Lobo Antunes – Comunicadora de Ciência e Diretora de Comunicação, Imagem e Marketing do Instituto Superior Técnico. Elisabete Rodrigues – Jornalista e Diretora do Sul Informação. Ricardo Godinho – Investigador do ICArEHB, Universidade do Algarve. Hélder Pereira – Professor da Escola Secundária de Loulé A moderação da conversa estará a cargo de Sara Cura, Comunicadora de Ciência e investigadora do ICArEHB. Se queremos contribuir para uma sociedade que valoriza a ciência e o conhecimento científico, especialmente nas áreas da Pré-História e Evolução Humana, temos de refletir sobre como comunicamos e nos envolvemos com o público. Fontes: Eurobarometer European citizens’ knowledge and attitudes towards science and technology Jornal Público (https://www.publico.pt/2025/02/04/ciencia/noticia/portugal-valoriza-ciencia-cre-conspiracoes-2121336) |
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