MUSEU DO SER-HUMANO
reunião preparativa do projecto, 4 maio 2023
coord. Pedro Manuel-Cardoso
Oficina do
Impronuncialismo, Campo Grande, Lisboa
4 maio 2023
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DE QUE TAMANHO DEVE SER O
MUSEU DO SER-HUMANO?
DEVERÁ SER SEDEADO APENAS NUM SÍTIO, OU PODERÁ SER DESCENTRALIZADO E REDUPLICADO EM VÁRIOS LUGARES?
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# De que tamanho podemos construir e exteriorizar um
Museu?
# Para o cérebro e para a cognição humana, no que respeita ao objetivo da percepção, da compreensão, e da codificação em memória (no ADN, ou num
chip), poder-se-á fazer um Museu na escala, quiçá, entre 1 nanómetro e 1
megametro, que o resultado para o discernimento cognitivo é o mesmo.
# Logo, a dimensão de um
Museu depende de uma decisão e de uma escolha adequadas ao contexto histórico (recursos, distância geográfica, condição de recepção da informação pelos destinatários, etc.) de cada fase da evolução humana.
# Um
Museu pode ser um edifício de 4000m2, ou de 100m2, ou estar num écran de um
smartphone. Pode ser apenas um; ou pode ser reduplicado e multiplicado até ao número que se quiser.
# No caso dessa descentralização e dessa reduplicação (e da possibilidade de várias autorias e interpretações em regiões e lugares diferentes, quiçá, por etnias,
culturas e ideologias diferentes) deverá possuir um Regulamento, por exemplo, semelhante ao regulamento dos ‘Centros de Ciência Viva’ em Portugal.
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Yoctómetro 10-24
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1.000.000.000.000.000.000.000.000
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Zeptómetro 10-21
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1.000.000.000.000.000.000.000
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Attómetro 10-18
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1.000.000.000.000.000.000
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Femtómetro 10-15
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1.000.000.000.000.000
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Picómetro 10-12
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1.000.000.000.000
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Nanómetro 10-9
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1.000.000.000
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Micrómetro 10-6
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1.000.000
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Milímetro 10-3
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1000
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Centímetro 10-2
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100
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Decímetro 10-1
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10
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Metro
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1
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Museu do Ser-Humano
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Decâmetro 10+1
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10
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Hectómetro 10+2
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100
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Quilómetro 10+3
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1000
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Megametro 10+6
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1.000.000
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Gigametro 10+9
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1.000.000.000
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Terametro 10+12
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1.000.000.000.000
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Petametro 10+15
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1.000.000.000.000.000
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Exametro 10+18
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1.000.000.000.000.000.000
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Zettametro 10+21
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1.000.000.000.000.000.000.000
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Yottametro 10+24
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1.000.000.000.000.000.000.000.000
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MAIS UMA RAZÃO PARA O MUSEU DO SER-HUMANO…
O Corpo em Mutação
“Quanto tempo falta para colocarem o corpo anatómico do dito Homo sapiens sapiens num museu, para ser visto pelos futuros visitantes como o suporte de um passado
pré-histórico? ... O corpo do Ser-humano provavelmente é um objeto físico, mas não é evidentemente o corpo do dito Homo sapiens sapiens. O Ser-humano não está nessa escala, nem está sequer concluído.
É uma coisa física que vai emergindo, e se vai alojando em todos os corpos e suportes que usa na Filogenia para vir a ser. Tal como uma semente ou um ovo que vai germinando. Fá-lo através de níveis de complexidade impulsionados por uma codificação (programa)
interna, independentemente do esforço adaptativo dos fenótipos. O Ser-humano é um projecto em execução, que se vai construindo através de todos os corpos/suportes necessários à sua fabricação, cada um dos quais julgando que o é, ou julgando que se trata de
um deus a priori. Porque pressentem que está em si esse desígnio, sem entenderem que são apenas uma parte desse trabalho.”
(Pedro Manuel-Cardoso, 3 dezembro 2016, “O Corpo em Mutação”, extracto da Conferência proferida a convite da
Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia – SPAE, na Fundação Eng. António de Almeida, Porto).
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MUSEU DO SER-HUMANO
primeira reunião preparativa do projecto
coord. Pedro Manuel-Cardoso
Oficina do
Impronuncialismo, Campo Grande, Lisboa
29 abril 2023
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O Museu do Ser-Humano terá por
Exposição Permanente o ‘modelo do comportamento humano’ (expresso em imagens, objetos, palavras e documentos) constituído pelas seguintes
cinco variáveis independentes, a que corresponderão
cinco espaços diferenciados intercomunicáveis que construirão o
percurso da Visita...
CORPO
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COGNIÇÃO
cérebro, inteligência artificial
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COMPORTAMENTO
indivíduo
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REGULAÇÃO SOCIAL
sociedade
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RELEVÂNCIA
memória, património
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Variável 1
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Variável 2
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Variável 3
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Variável 4
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Variável 5
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objeto
>
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perpetrar
interpretar
>
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variação
>
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adaptação
>
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selecção
>
|
>
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CORPO (Re-)
(infra-estrutura)
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COGNIÇÃO
(co-evolução IA)
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COMPORTA-MENTO
(acção)
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REGULAÇÃO SOCIAL
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RELEVÂN-CIA/
VALOR
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A «escolha da relevância» (património) interfere com a
Variável 1 ao incorporar o que ficou codificado em memória no Re-Início do novo ciclo comportamental.
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suporte e infraestrutura herdada, memória codificada
a priori
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atividade não-visível provocada pela gradual complexidade do cérebro
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atividades visíveis, acções, técnicas e práticas físicas exteriorizadas
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controlo, regulação e institucionalização do efeito coletivo e colaborativo dos comportamentos individuais
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escolha, hierarquização, e classificação daquilo que é relevante e vital (património),
e deve permanecer em memória
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“Mais de metade do corpo humano não é humano. As células consideradas humanas perfazem apenas 43% da contagem total, o resto são bactérias do microbioma”
(Ruth Ley, Max Planck Institute, 2018).
“Geneticamente somos mais micróbios do que humanos” (Rob Knight, Universidade da Califórnia/San Diego/EUA, 2018).
“Classification phylogénétique du vivant“, Guillaume Lecointre et Hervé Le Guyader, 2001, Éditions Belin, Paris (ISBN 2-7011-2137-X).
Tabela Cronoestratigráfica Internacional (International Chronostratigraphic Chart/
International Commission on Stratigraphy).
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“Homo habilis, há 2,4 milhões de anos, cérebro com 600 cm3 ... Cérebro dos atuais humanos, ditos h.sapiens sapiens (média) 1450 cm3”
...
“O que é sentido pelo corpo é transmitido ao cérebro. A resposta é coordenada pelo córtex e executada pelo corpo. Tudo acontece tão rapidamente que parece
ser instantâneo” (“Cérebro”, 2019, F.C.Gulbenkian, p.36).
Ensinar as máquinas a aprenderem a aprender (IA,
machine-learning). Robotizar o comportamento humano (2022, robótica, redes neurais).
Expandir-se e evoluir fora da Terra.
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“Comportamento (gestus) é um movimento (motus) com uma determinada forma (figuratio) que procura um efeito-resultado (agendi, acção) guiado por uma finalidade
ou valor-relevância (habendi, atitude)”. [Hugues de Saint-Victor (1117-1141) “De institutione novitiorum. De virtute orandi. De laude caritatis.
De arrha animae”]
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“Human Evolution: the rise of the innovative mind” … “It’s not how smart you are. It’s how well connected you are" (M.Thomas)…
“The ability to pass on knowledge from one individual another” … “Worked collaboratively” (H.Pringle, march2013,
Scientific American)
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“It was an enhancement of
working-memory capacity that powered the final evolution of modern mind.” (Wynn & Coolidge, 2010, “Working Memory: Beyond Language and Symbolism”,
Current Anthropology, vol. 51, Sup. 1, June 2010, p.S5).
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A codificação em memória da relevância (património) permite que possa ser incorporada em cada novo ciclo comportamental.
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A «escolha da relevância» (património) possibilita codificá-la em memória.
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O projecto educativo que o
Museu do Ser-Humano oferece aos Visitantes baseia-se no facto de qualquer conhecimento só se alcançar quando o receptor-observador consegue reproduzir na sua cognição um ‘novo objeto’ (por exemplo, um modelo, definição, texto, algoritmo,
imagem) equivalente ao ‘objeto’ que pretende conhecer-compreender.
Uma operação de equivalência e abdução que, em termos matemáticos (formais e lógicos), é semelhante aos contributos de Chaitin-Kolmogorov-Bennett-Zurek,
et alli: “O conteúdo de informação algorítmica de um objeto é o tamanho do menor programa (para um computador geral) suscetível de produzir o objeto.” (J.-P. Delahaye, 1999,
ISBN 2-9029-1894-1, Pour la Science, Belin, Paris). E que, no domínio da estética, Paul Valéry exprimiria, afirmando que “conhecer, é dizer por palavras nossas aquilo que queremos conhecer” (Paul
Valéry, “Discurso sobre a Estética, Poesia e Pensamento Abstracto”, ISBN: 972-699-477-2, col. ‘Passagens’, ed. Vega).
Deste modo, o objetivo do
projeto educativo e de conhecimento do Museu do Ser-Humano é desafiar os
Visitantes a exteriorizarem por palavras e imagens da sua autoria «o que é o ser-humano».
Pedro Manuel-Cardoso
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