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[Archport] Re: Acabemos com o circo


•   To: archport@lserv.ci.uc.pt
•   Subject: [Archport] Re: Acabemos com o circo
•   From: "rebeca.sousa sousa" <rebeca.sousa@gmail.com>
•   Date: Sat, 30 Sep 2006 19:21:40 +0100

Cara Luisa Cabello,
Ainda pensei se valeria a pena responder-lhe, mas perante tais palavras, achei que teria direito a uma última palavra!
Só lhe posso dizer  o seguinte: Risos! É o que provocam em mim as suas palavras. Aliás o teor  das suas mensagens provam mesmo a falta de argumentos para responder à altura! Continue a achar-se "Doutora", pois o seu perfil encaixa na perfeição nos pseudo-doutores que por aí andam!
E já agora quando publicarem o catálogo da nova colecção Outono/Inverno 2006 dos  trajes femininos para uso nos acompanhamentos arqueológicos, avisem! Até lá continuarei a ver o fashion tv!
Eu qualificar-me de quê? Nunca trabalhei para essa empresa, portanto a carapuça nunca me irá servir como serviu a si!
Já reparou que escreve e não diz nada?
Além disso não se esqueça que este mundo é muito pequeno, e quando menos se espera há sempre alguém que conhece outro alguém! Nem queira saber as coisas que sei! Mas como já disse, não vou descer o nível, pois caso o fizesse o seu ego já estaria em camadas estratigráficas do paleolítico inferior!
Ah, e para terminar, a Senhora está no céu (para quem é crente), eu para já continuo em Terra,  e espero que por muitos anos, para mal de algumas pessoas!
Não irei responder mais a palavras vindas de V.Exa., além de perda de tempo, ainda corro o risco de descer ao seu nível!
Muita saúde, felicidades, e bom trabalho.
 
Rebeca S.
 
 
 
 
 
 


 
On 9/30/06, archport-request@lserv.ci.uc.pt <archport-request@lserv.ci.uc.pt > wrote:
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Tópicos de Hoje:

  1. RE: Trabalho Digno (continuação) (Ricardo Abranches)
  2. Acabemos com o circo (LuisaPinedaCabello@sapo.pt )
  3. Conservar em Arqueologia 3 (José d'Encarnação)
  4. Destruição de vestígios em Tomar- Direito de resposta à ERA
     (ozecarus)


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Message: 1
Date: Fri, 29 Sep 2006 20:26:18 +0100
From: "Ricardo Abranches" <foto@abranches.com >
Subject: RE: [Archport] Trabalho Digno (continuação)
To: <Archport@lserv.ci.uc.pt >
Message-ID: <019301c6e3fd$25d5fdd0$0d00a8c0@rmaportatil>
Content-Type: text/plain; charset="iso-8859-1"

Eu sei que a vida de um assalariado não é fácil, eu fui assalariado durante
18 anos. E quando a empresa onde eu estava me incluiu no grupo dos
dispensados tive de procurar sustento noutro lado.
   Quando nos tomamos decisões temos de saber viver com as coisas boas e
com as coisas más. Eu faço uma analogia a outras áreas, por exemplo a
filosofia. Quem fizer um curso de filosofia deve saber que provavelmente a
única saída que terá é ir dar aulas ( o mesmo acontecia ao pessoal de
historia antes de foz-côa).Mas também deve saber que não vai arranjar vaga
nos próximos anos. Por isso ao tomar essa decisão estamos a aceitar as
coisas boas e as coisas mas.

   Agora o que nos distingue uns dos outros é que enquanto uns fazem um
enorme esforço para as suas queixas serem ouvidas, outros procuram outras
soluções. Eu dou-lhe um exemplo concreto de um seu colega ( espero que ele
me perdoe por faze-lo sem previamente lhe solicitar autorização) e pelos
vistos um bom arqueólogo. Achou que como estava não estava bem. Investiu
tempo e dinheiro e hoje esta a lançar uma empresa de topografia orientada
para trabalhos arqueológicos. Como este há outros exemplos, um grupo de
técnicos de arqueologia fundou a ArqueoBarrancos para fornecer técnicos as
empresas de arqueologia.

   Eu acho que as situações erradas que devem ser denunciadas mas essas
denuncias devem ser feitas da forma correcta e nos locais próprios.


Ainda a cerca do problema que deu origem a esta troca de mensagens, eu acho
muito bem que as pessoas se organizem para melhor defenderem aquilo que
acreditam serem os seus legítimos direitos. Só que a defesa dos seus
direitos não pode ser feita a custa dos direitos dos outros, como foi o caso
daquelas considerações feitas sobre algumas empresas. Aproveitem este meio
de comunicação rápido e fácil para em conjunto encontrarem formas de se auto
promoverem e melhorarem as vossas situações.


   Um abraço
Ricardo Abranches

ps: que eu saiba Dr. não faz parte do meu nome :-) .


_____

De: Carlos Filipe dos Santos Delgado [mailto:cdelgado.templo@netc.pt]
Enviada: sexta-feira, 29 de Setembro de 2006 18:49
Para: Archport@lserv.ci.uc.pt
Assunto: [Archport] Trabalho Digno (continuação)



Em resposta ao Sr. Dr. Ricardo Abranches, que li com muita atenção, devo
dizer que, efectivamente, a vida de uma empresa não é fácil. E não é preciso
ser-se empresário para concluir isso (não é preciso ter filhos para se ter
respeito pela vida humana intra ou extra uterina…). Nem quero, com isto,
criticar em demasia as empresas, até porque não conheço todas as realidades!



Contudo, devo acrescentar que a vida de um "assalariado" ou, segundo a Lei,
um trabalhador (muito pouco) independente não é um mar de rosas.



Ora vejamos:

Ao inscrever-se nas Finanças como Arqueólogo ou como outra profissão (ou
prestação de serviços, qual guarda-chuvas que alberga um pouco de tudo),
imediatamente terá de se inscrever na Segurança Social. Neste último
aspecto, o trabalhador terá uma "folga" do primeiro ano de actividade.

A partir daí, e sobretudo desde o final dessa benesse da Seg. Social, terá
de pagar, no mínimo, quase 150 Euros por mês de trabalho completo, no mínimo
dos escalões daquela Instituição! E como possivelmente deseja um dia
usufruir deste dinheiro pago, acaba por pagar esta "irrisória" soma todos os
meses, ganhe muito, pouco ou nada! Existe, claro está, a "simples" artimanha
(não se sabe ao certo se ao arrepio da lei) de em cada mês sem trabalho
irmos dar baixa da nossa actividade e, consequentemente, da nossa prestação
da Seg. Social.

Tudo muito bonito, não é verdade? Mas esquecemo-nos de um pormenor muito
relevante: digam-me quem são aqueles/as que têm a certeza absoluta de que
vão ter um trabalho imediatamente logo a um que esteja a terminar. Ou seja,
aqueles que têm a certeza de que não vão ter de suspender a sua actividade
no mês a seguir. O mais certo é passarem semanas ou meses entre trabalhos…
Dito isto, andam estas pessoas, qual "salta-pocinhas", a ir vezes sem conta
à repartição de Finanças mais próxima e à Segurança Social para tentar
regularizar a sua situação, sob o risco de contribuir para o engrossar da
lista dos devedores.



Mas não acaba aqui a história.

Como cidadãos honestos que todos devíamos ser, também temos de fazer os
devidos descontos para o IRS (retenção na fonte), que podem variar entre os
10 e os 15% sobre o "graúdo" salário de Técnico/Assistente ou de Arqueólogo!



E depois o Seguro de Trabalho, supostamente obrigatório numa profissão como
a nossa (mas que, todavia, está sempre muito bem fiscalizada do ponto de
vista da Higiene e Segurança no Trabalho, seja pelos fiscais de obras, seja
pelos Técnicos Superiores do IPA ou mesmo das Câmaras Municipais…).



E como a apregoada "mobilidade" é já uma realidade há muito tempo presente
na nossa área, temos de juntar a fatia (cada vez mais grossa) do combustível
da nossa viatura, tantas e tantas vezes utilizadas em função de trabalhos
que, em boa verdade, não nos foram adjudicados, mas sim a uma qualquer
empresa ou empresário em nome individual.



E porque será que temos de pagar no acto a gasolina, as refeições, as
mensalidades da casa ou do carro, os livros que tantas vezes utilizamos para
a nossa investigação (e dos relatórios), as compras para a despensa lá da
casa, os medicamentos para os filhos, etc. etc.? É realmente uma coisa que
me chateia! Será que nessas alturas podemos dizer ao velhote da bomba, à
menina da caixa ou ao gerente do Banco que nos hipotecou a casa que só
podemos pagar quando recebermos do trabalho X ou Y que já acabou há umas
semanas ou meses atrás? Presumo que não… pois, pelos vistos é a "mão
invisível" do mercado a funcionar.



Deixo, pois, este assunto à reflexão do Dr. Ricardo Abranches, e de todos os
Arqueólogos e profissionais ditos "liberais" (que não médicos ou advogados),
sejam eles empresários ou não.



Haja saúde!



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Message: 2
Date: Fri, 29 Sep 2006 23:21:52 +0100
From: LuisaPinedaCabello@sapo.pt
Subject: [Archport] Acabemos com o circo
To: archport@lserv.ci.uc.pt
Message-ID: <1159568512.2doi40mh80ao@mail.sapo.pt" target="_blank">1159568512.2doi40mh80ao@mail.sapo.pt>
Content-Type: text/plain; charset="ISO-8859-15"

Senhora Rebeca
É profundamente lamentável que tenha descido tão baixo. E ainda é mais
lamentável que não o tenha percebido!
As insinuações deploráveis que aqui deixou só serviram para uma coisa: para
- senhora Rebeca - se qualificar a si própria!

Luisa Cabello




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Message: 3
Date: Fri, 29 Sep 2006 23:25:26 +0100
From: José d'Encarnação < jde@fl.uc.pt>
Subject: [Archport] Conservar em Arqueologia 3
To: "archport" <Archport@lserv.ci.uc.pt >
Message-ID: <053101c6e417$143a8cc0$8cd389c1@residencia>
Content-Type: text/plain;       charset="iso-8859-1"

----- Original Message -----
From: "APA Contacto Geral" < geral@aparqueologos.org>
To: < geral@aparqueologos.pt >
Sent: Friday, September 29, 2006 8:08 PM
Subject: Conservar em Arqueologia 3


Workshop "Conservar em Arqueologia 3"

Está aberto até ao próximo dia 22 de Outubro o prazo de aceitação de
inscrições para o Workshop APA Conservar em Arqueologia 3, organizado
no Porto em colaboração com o Centro de Conservação e Restauro da
Universidade Portucalense Infante D. Henrique.

Programa e formulário de inscrição on-line em http://
www.aparqueologos.org

A Direcção da APA




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Message: 4
Date: Sat, 30 Sep 2006 01:26:14 +0100
From: "ozecarus" < ozecarus@sapo.pt>
Subject: [Archport] Destruição de vestígios em Tomar- Direito de
       resposta à ERA
To: <Archport@lserv.ci.uc.pt >
Message-ID: <011601c6e427$0a2ee220$2000000a@PERIFERICO >
Content-Type: text/plain; charset="iso-8859-1"

Caros archportianos (as)

Lamento ter de responder a uma empresa desta forma e por este canal tão prestigiado, mas é importante que todos os interessados tenham conhecimento do direito de resposta que me assiste.

Em relação ao Ponto 1, o signatário apenas teve conhecimento casual desta obra, no dia 26 de Setembro de 2006, desconhecendo que empresa ali estava, quem era o dono de obra e se tinha acompanhamento arqueológico.

É natural que tendo efectuado escavações arqueológicas de uma estrutura tão importante, ficasse preocupado que estivessem a abrir uma vala daquelas dimensões, a uns escassos 1, 5 metros de distância, sem quaisquer trabalhos prévios (sondagens ou escavação arqueológica). Por isso foi contactada a Extensão do IPA em Torres Novas, que disse desconhecer a obra, em que rua se estava a realizar e que só tinha recebido do IPA Central uma autorização genérica de uma obra na margem esquerda do Nabão, tendo sido o signatário a indicar-lhes o local preciso.

Ponto 2 - Não é política da OZECARUS emiscuir-se nos trabalhos que estão a ser realizados por outras empresas ou arqueólogos independentes.

Ao contrário do que afirmas, Valera, não era a mim que competia dirigir-me ao arqueólogo que estava a efectuar o acompanhamento. O que é natural que aconteça (e é o que acontece na maior parte das vezes) são os que vêm a seguir que pedem informações aos que fizeram trabalhos arqueológicos anteriormente no mesmo local.

E a OZECARUS sempre forneceu (e fornece) da melhor vontade os dados que lhe solicitam. Mas isso não aconteceu, pois não, Valera? Porque não lhes foram solicitados. E ambos sabemos porquê.

A afirmação de que o arqueólogo do acompanhamento nada encontrou, é da autoria do mesmo. Contactada a Extensão do IPA em Torres Novas, no dia 26-09-2006, esta contactou o dito arqueólogo que referiu nada ter encontrado.

Ponto 3 - Efectivamente, a vala já não estava a ser aberta junto às estruturas romanas. Já tinha passado por elas. Tu não estavas lá, porque eu ter-te-ia reconhecido de imediato. Mas garanto-te que a vala tinha uma profundidade de cerca de 3 m, tendo cortado as margas calcárias, onde assentam as estruturas romanas.

Sabias que por cima das margas calcárias existe uma ocupação pré-histórica? O IPA de Torres Novas sabia, mas como, aparentemente, não foi consultado pela Direcção não se pôde pronunciar sobre o Pedido de Autorização.

Ponto 4 - O que é falso é afirmares que " (...)Toda a escavação foi feita, portanto, em terras recentemente revolvidas, não existindo quaisquer vestígios arqueológicos. (...)".

O colector que está a ser substituído é de diâmetro muito inferior às manilhas que ali estão a colocar. Espreitei muita vez para dentro desse colector, sei a profundidade a que está colocado e sei a quantidade de água que corria dentro dele.

Ponto 5 - O IPA não acorreu de imediato, como disseste. E sabes porquê? Porque tinha o jipe na oficina e não se podiam deslocar. Efectivamente, foram contactados no dia 26, mas só no dia 27 à tarde é que se deslocaram ao local, como o confirmei com a Extensão no dia 27.

Ponto 6 - Afinal sempre haviam estruturas?

Ponto 7 - Os cortes que desenhámos, a 1,5 m da vala que estão a abrir, demonstrou a existência de duas calçadas (uma de seixos, de Época Moderna) e outra medieval que pavimentavam toda a rua. Não as encontraram? Junto às margas calcárias, um pavimento de seixo miudo, de Época Romana, que se projectava para a Rua do Centro Republicano. Não a encontraram? Sobre as margas calcárias existe ocupação pré-histórica. Não a encontraram?

Ponto 8 - É costume fazerem-se ameaças quando não se conseguem dobrar os adversários ou quando se quer silenciá-los. Infelizmente, estou muito habituado a esse tipo de ameaças. É um risco que se corre quando se procura defender o que é correcto.

Ponto 9 - A ERA encontra-se muito desactualizada no que respeita às relações profissionais do visado com a APA.

Conclusão:

Até agora respondi letra a letra à exposição da ERA, mas é importante tecer as algumas considerações finais sobre o sucedido, de modo a enquadrar melhor os infelizes acontecimentos.

No meio desta bagunça toda e do "disse que disse", a entidade que agiu mais correctamente nesta história toda foi o Dono de Obra. Com efeito, tenho acompanhado muitas obras em Tomar, e mesmo antes disso, já verificara que sempre se preocuparam em cumprir a lei, ou seja, sempre lançaram concursos para que as obras fossem arqueologicamente acompanhadas. Se alguma vez falharam (e no caso do Pavilhão Municipal de Tomar isso aconteceu e é do domínio público), deveu-se mais, diga-se, em abono da verdade, por falta de acompanhamento por parte do IPA do que por falha própria.

No caso da destruição dos vestígios arqueológicos da Rua do Centro Republicano, há aqui uma evidente falha de comunicação entre o IPA Central e a Extensão de Torres Novas, ao aprovarem um Plano de Trabalhos de um Pedido de Autorização para Trabalhos Arqueológicos sem contemplar as medidas de minimização adequadas que, no meu entender, deveriam ser, para respeitar o texto da lei que o IPA tão zelosamente faz cumprir, sondagens arqueológicas seguidas de escavação caso se justificasse.

No dia 26-09-2006 enviei de imediato ao IPA Central, documentação que demonstrava a perigosidade da realização dos trabalhos daquela forma. Pedi que parassem os trabalhos.
Pedi que me enviassen uma cópia do Pedido de Autorização. Ainda estou à espera.

Não quero fazer juízos apressados. Como cidadão e como arqueólogo tenho direito a ver  essa documentação e  de estar na posse de todos os elementos para poder avaliar o que aconteceu de uma forma justa e honesta.

Tentei respeitar a privacidade de quem estava a fazer o acompanhamento arqueológico. Mas não pensem que respeitar a privacidade é passar de largo e fingir que não aconteceu nada.

O que aconteceu é grave e repetiu-se precisamente no mesmo local onde há um ano atrás, uma boa parte da cidade romana de Seilium, desapareceu sem que houvesse possibilidade de efectuar o registo do que ali existia.

E o que ali existia, sabemos hoje que se tratava de um santuário dedicado às águas talvez consideradas pelo romanos, como medicinais. Ali rebentavam vários olhos de água, e um deles, pelo menos, foi canalizado, através de uma belíssima conduta romana para prováveis tanques onde os romanos se banhavam.

Em volta desenvolviam-se bairros romanos de que encontrámos várias estruturas. Encontrámo-los junto ao Estádio Municipal e na Rua do Centro Republicano, precisamente onde começaram a abrir esta vala.

Carlos Batata, arqueólogo
OZECARUS, Serviços Arqueológicos, Lda





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Fim da Digest Archport, volume 36, assunto 62
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