Agora que a tutela já levantou um processo crime contra o indivíduo em causa, está salva a honra do convento... Já podemos respirar de alívio e dizer que afinal vivemos num país "à séria" em que quem viola as leis de protecção do património sofre, e pela medida grande!... Agora a sério, para mim mais importante que saber se o amador em causa vai ser castigado ou não, é saber que medidas efectivas vão ser tomadas para minimizar os eventuais impactes provocados sobre o sitio. Já agora, depois de termos lapidado o "investigador" responsável por este trabalho, sem dúvida irregular, convinha saber se o sítio em causa já estava referenciado em alguma publicação, em algum SIG, em alguma carta arqueológica ou base de dados. Convinha também realçar o seguinte, a pessoa em causa violou a lei mas não demonstrou qualquer tipo de dolo, tendo inclusivamente pedido apoio através da comunicação social para continuar demonstrando até uma certa ingenuidade. A ver vamos se não vai suceder o seguinte: A tutela processa o homem e pára a escavação; A tutela não tem meios para intervencionar o sitio e nenhum promotor local vai demonstrar qualquer interesse em financiar esses trabalhos; A Câmara Municipal aparentemente não tem nada a dizer, e ainda mais provavelmente tendo em conta a sua localização não tem meios nem verba para financiar esses trabalhos; O sítio fica ao abandono e será paulatinamente pilhado de todos os objectos mais "bonitos" ou aparentemente mais valiosos; A tutela não tem meios para fiscalizar nem assegurar a protecção eficaz da integridade do sítio; Um destes dias num futuro mais ou menos distante, reunem-se vontades e verbas para intervencionar o sítio reveleando então uma realidade em que as estruturas, a estratigrafia, os contextos estão alterados e destruidos pela pilhagem do sítio, a unica pessoa que tem conhecimento do sítio foi processada e provavelmente não tem qualquer tipo de vontade de prestar nenhuma informação, morrendo com ela. Mas cumpriu-se a lei e processaram-se os prevaricadores!... Falta de facto um grande caminho, de divulgação, de promoção e de formação. Falta um grande caminho na pedagogia da protecção do património e na informação do público em geral de como se processa a salvaguarda do património. E finalmente, o principal prevaricador é o estado, quando força as conclusões das avaliações de impacto, quando permite a destruição de património para fins publicos ou privados; Quando não garante as condições para a execução de um trabalho de recolha e registo digno em virtude dos prazos que impõe; Quando as Câmaras Municipais são cumplices na destruição, quando empresas publicas como a EP(estradas de Portugal) são promotores e cumplices na destruição, quando os PIN´s (Projectos de Interesse Nacional) estão isentos de avaliação de impacto, quando as Redes de Alta Velocidade vêm traçados aprovados contra as conclusões dos EIA´s.... Mas temos sempre o sr. Mário para bode expiatório... Desculpem mas nessa armadilha eu não caio.
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