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Re: [Archport] Vestígios romanos

To :   Joana Valdez <joanavaldez@gmail.com>
Subject :   Re: [Archport] Vestígios romanos
From :   Andre gregorio <andregregorio@hotmail.com>
Date :   Mon, 24 Mar 2008 19:12:47 +0000

 
Agora que a tutela já levantou um processo crime contra o indivíduo em causa, está salva a honra do convento...
 
Já podemos respirar de alívio e dizer que afinal vivemos num país "à séria" em que quem viola as leis de protecção do património sofre, e pela medida  grande!...
 
Agora a sério, para mim mais importante que saber se o amador em causa vai ser castigado ou não, é saber que medidas efectivas vão ser tomadas para minimizar os eventuais impactes provocados sobre o sitio.
 
Já agora, depois de termos lapidado o "investigador" responsável por este trabalho, sem dúvida irregular, convinha saber se o sítio em causa já estava referenciado em alguma publicação, em algum SIG, em alguma carta arqueológica ou base de dados. Convinha também realçar o seguinte, a pessoa em causa violou a lei mas não demonstrou qualquer tipo de dolo, tendo inclusivamente pedido apoio através da comunicação social para continuar demonstrando até uma certa ingenuidade.
 
A ver vamos se não vai suceder o seguinte:
 
A tutela processa o homem e pára a escavação;
 
A tutela não tem meios para intervencionar o sitio e nenhum promotor local vai demonstrar qualquer interesse em financiar esses trabalhos;
 
A Câmara Municipal aparentemente não tem nada a dizer, e ainda mais provavelmente tendo em conta a sua localização não tem meios nem verba para financiar esses trabalhos;
 
O sítio fica ao abandono e será paulatinamente pilhado de todos os objectos mais "bonitos" ou aparentemente mais valiosos;
 
A tutela não tem meios para fiscalizar nem assegurar a protecção eficaz da integridade do sítio;
 
Um destes dias num futuro mais ou menos distante, reunem-se vontades e verbas para intervencionar o sítio reveleando então uma realidade em que as estruturas, a estratigrafia, os contextos estão alterados e destruidos pela pilhagem do sítio, a unica pessoa que tem conhecimento do sítio foi processada e provavelmente não tem qualquer tipo de vontade de prestar nenhuma informação, morrendo com ela.
 
Mas cumpriu-se a lei e processaram-se os prevaricadores!...
 
Falta de facto um grande caminho, de divulgação, de promoção e de formação. Falta um grande caminho na pedagogia da protecção do património e na informação do público em geral de como se processa a salvaguarda do património.
 
E finalmente, o principal prevaricador é o estado, quando força as conclusões das avaliações de impacto, quando permite a destruição de património para fins publicos ou privados;
 
Quando não garante as condições para a execução de um trabalho de recolha e registo digno em virtude dos prazos que impõe;
 
 Quando as Câmaras Municipais são cumplices na destruição, quando empresas publicas como a EP(estradas de Portugal) são promotores e cumplices na destruição, quando os PIN´s (Projectos de Interesse Nacional) estão isentos de avaliação de impacto, quando as Redes de Alta Velocidade vêm traçados aprovados contra as conclusões dos EIA´s....
 
Mas temos sempre o sr. Mário para bode expiatório...
 
Desculpem mas nessa armadilha eu não caio.

Date: Mon, 24 Mar 2008 16:46:40 +0000
From: joanavaldez@gmail.com
To: joaofonte@gmail.com
CC: archport@lserv.ci.uc.pt; jorge.raposo@cm-seixal.pt
Subject: Re: [Archport] Vestígios romanos

Sem saber quais eram as intenções do Sr. Mário, convém é explicar às pessoas que a protecção do Património não é um crime, mas que deve seguir certos parâmetros e ser feita por pessoas especializadas.
Se calhar o senhor não estava a ser mal intencionado e até tentou "proteger" os vestígios da melhor maneira que sabia.... embora seja reprovável, do nosso ponto de vista, porque sabemos como funciona e deve ser o procedimento.

Na verdade, provavelmente o erro também parte de nós arqueólogos, que somos de facto uma comunidade fechada em si mesma, atingindo de forma muito limitada o resto do "público".
Guardamos tudo para nós. Quantas pessoas saberão, nomeadamente em meios afastados social e geograficamente, que quando aparece alguma coisa "antiga" (que para eles provavelmente é valiosa), se devem contactar os institutos da tutela? Saberão todos os cidadãos como aceder às legislações em vigor?

Não significando que qualquer um pode escavar, ou "brincar de arqueólogos", que naturalmente também não concordo. Mas a informação deve circular...

Cumprimentos,
Joana Valdez




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