Re: [Archport] Um texto sobre o património arqueológico subaquático
Tem razão, Leandro, você não disse que havia a inexistência de
outras instituições.
O que você disse foi:
">>Penso que a criação de uma "superestrutura" centralizada que fosse
> > responsável por todas as operações, fiscalizações, licenciamentos, estudos,
> > restauro, entre outras atribuições, levou a uma inevitável situação de
> > "monopólio" das actividades subaquáticas, e consequentemente a
> > "personificação" de uma instituição.
Mas, repare, também não foi isso que eu perguntei. Mas, vou reformular
a questão novamente: como é que justifica o facto haver entidades e
pessoas, que não o FA e a DANS a fazer arqueologia subaquática em
Portugal, se há, como você o diz tão claramente "uma inevitável
situação de "monopólio" das actividades subaquáticas"?
Ou então, explique o que é o seu conceito de monopólio com aspas.
A mim, parece-me que "a produção bibliográfica, condução de projectos,
entre outros, dentro e fora do CNANS/DANS" é díspar por dois motivos
principais:
- fazer arqueologia subaquática é muito caro; a Dans, não só tem (ou
tinha) os equipamentos como o pessoal especializado capaz de os
operar;
- fora da esfera da DANS, poucas pessoas ou entidades têm o material,
o know-how e a vontade e o querer para trabalhar em arqueologia
subaquática.
A não ser, claro, que se esteja a referir a uma situação em que
projectos devidamente financiados e cientificamente liderados e
substanciados tenham sido recusados pela DANS em nome desse tal
"monopólio". Se for esse o caso, poderia consubstanciar essas suas
afirmações, graves, com exemplos (nomes, datas, números)?
2009/1/19 Leandro Infantini <leandroinfantini@hotmail.com>:
>
> Alexandre
>
> Em primeiro lugar, não afirmei a inexistência de outras instituições. E a
> indicação de duas ou mais instituições não nega nenhuma das minhas
> afirmações.
>
> Em segundo lugar, creio ter referido a questão da "superestrutura" e da
> "personificação", que em minha opinião, é o problema.
>
> E ambos os casos podem ser percebidos ao se comparar a produção
> bibliográfica, condução de projectos, entre outros, dentro e fora do
> CNANS/DANS.
>
> Cumprimentos
> Leandro
>
>> Date: Fri, 16 Jan 2009 01:02:44 +0000
>> Subject: Re: [Archport] RE: Um texto sobre o património arqueológico
>> subaquático
>> From: no.arame@gmail.com
>> To: leandroinfantini@hotmail.com
>> CC: archport@ci.uc.pt
>>
>> Leando, duas questões:
>>
>> - primo, como enquadras, por exemplo o GEPS e o Núcleo de Arqueologia
>> Subaquática do Museu do Mar de Cascais no teu discurso?
>> (http://www.gepsnet.org/ e
>> http://www.cm-cascais.pt/museumar/arqsub.html)
>>
>> - secundo, tendo em conta os exemplos acima, podes clarificar quais é
>> que são as atribuições da DANS que impossibilitam neste momento, "o
>> desenvolvimento de centros alternativos de pesquisa sediados em
>> universidades, centro de pesquisas, associações locais, entre outros"?
>>
>> PS: como informação acessória, fica a saber que a Arqueonáutica está
>> em fase de reorganização neste preciso momento.
>>
>>
>> 2009/1/16 Leandro Infantini <leandroinfantini@hotmail.com>:
>> > Concordo em grande parte com o Dr. Filipe Castro, entre outros, em
>> > relação
>> > aos problemas da Arqueologia Subaquática em Portugal.
>> >
>> >
>> >
>> > Devo dizer que pelo menos esta discussão é extremamente positiva na
>> > medida
>> > em que permite um debate e um repensar acerca deste ramo científico.
>> > Creio
>> > que a falta de críticas, debates e eventos tenha sido um dos principais
>> > problemas.
>> >
>> >
>> >
>> > Penso que a criação de uma "superestrutura" centralizada que fosse
>> > responsável por todas as operações, fiscalizações, licenciamentos,
>> > estudos,
>> > restauro, entre outras atribuições, levou a uma inevitável situação de
>> > "monopólio" das actividades subaquáticas, e consequentemente a
>> > "personificação" de uma instituição.
>> >
>> >
>> >
>> > Desta forma, é visível que há uma certa idéia de que o director do CNANS
>> > é a
>> > Arqueologia Subaquática, e que sem ele, não haveria nada. Acredito ser
>> > este
>> > um dos equívocos que mantém o seu "status quo", e que legitima sua
>> > actuação.
>> > Ainda que se deva destacar seu mérito, não devemos relativizar as suas
>> > responsabilidades.
>> >
>> >
>> >
>> > O caso é que a institucionalização (CNANS/DANS), levada a cabo pelo
>> > Estado
>> > como consequência, principalmente, da questão do Côa, tomou para si a
>> > tutela
>> > de todas as operações e pesquisas no âmbito deste campo científico, e na
>> > ambição de abarcar a totalidade das actividades na área, acabou por
>> > gerar
>> > uma gradual asfixia e declínio do sector, levando a uma interrupção ou
>> > retardamento no processo de formação de uma comunidade científica e
>> > social.
>> >
>> >
>> >
>> > Dessa forma, o que houve no período institucional foi o desligamento
>> > gradual
>> > das bases sociais que a legitimavam, como por exemplo a associação
>> > Arqueonáutica, devido a transposição de alguns elementos para o corpo
>> > estatal, que agregou em torno de um "núcleo duro" os profissionais com
>> > experiência para a formação da instituição e que acabou por se fechar em
>> > si
>> > mesma, não permitindo o diálogo com os parceiros sociais e outras
>> > instituições.
>> >
>> >
>> >
>> > Neste caso, creio que a criação de uma associação, ou a "restituição" da
>> > Arqueonáutica seja uma das acções fulcrais para começar a criar uma nova
>> > "base social" afim de agregar os eventuais interessados neste campo. Tal
>> > grupo deve ter por meta a tornar a Arqueologia Subaquática uma
>> > "Arqueologia
>> > Pública", acessível, com responsabilidades sociais, entre outras acções.
>> >
>> >
>> >
>> > Além disso, é imperativo a revisão das atribuições do DANS de forma a
>> > possibilitar o desenvolvimento de centros alternativos de pesquisa
>> > sediados
>> > em universidades, centro de pesquisas, associações locais, entre outros.
>> >
>> >
>> >
>> > Penso que inicialmente, e como dito anteriormente pela Odisseia, é
>> > necessário criar pelo menos um congresso ou encontro a fim de debater a
>> > situação e para tentar reconstruir a Arqueologia Subaquática através de
>> > abordagens alternativas e novas formas acção.
>> >
>> >
>> >
>> > O debate no ArchPort pode ser positivo, mas um evento seria muito
>> > melhor…
>> >
>> >
>> >
>> > Com os melhores cumprimentos
>> >
>> > Leandro Infantini
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